Capítulo 6

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São Paulo, 19 de abril de 2016

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São Paulo, 19 de abril de 2016

Fernando estava observando a lousa repleta de anotações sem entender nada. Sentia como se seu cérebro fosse um monte de gelatina. Como era possível que Cálculo fosse uma matéria tão impossível de ser compreendida?

Às vezes, ele queria ter escutado o pai e cursado Direito. Certamente não teria que se preocupar com uma dependência em Cálculo.

Na verdade, o que mais lhe preocupava era que sua bolsa fosse comprometida. Por causa de suas habilidades como jogador de futebol, tinha conseguido uma bolsa integral na Universidade São Pedro, mas bastaria uma reprovação para perder o benefício.

E Fernando detestaria sobrecarregar o pai com as mensalidades do curso de Engenharia, que eram bastante elevadas. O salário de investigador da polícia não permitia muitos luxos na vida dos dois e ele não queria ser responsável pelo corte de despesas.

Talvez essa fosse a parcela oriental da sua ascendência. O rapaz sentia uma pressão velada desde criança para que tivesse um desempenho excepcional na vida acadêmica. Fato era que, só de cogitar perder sua bolsa de estudos, ele já perdia o sono e sentia a ansiedade atacar, então sabia que precisava resolver isso o quanto antes.

Assim, ao final da aula, aproximou-se da mesa do professor Moraes.

— Professor, com licença – pediu, com educação – Acho que preciso de ajuda.

— Com relação a quê? – O professor questionou, interessado.

— Estou com muita dificuldade na sua matéria e estou preocupado com a minha bolsa – explicou, abaixando o tom de voz, porque não gostava de se expor – O que o senhor me sugere?

— Bom... – o homem grisalho assumiu uma expressão pensativa, mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, uma voz masculina e jovial se fez ouvir.

— Professor, eu trouxe aqueles exercícios que me pediu! – Um rapaz de pele morena e cabelos cheios e castanhos surgiu, entrando na sala de aula sem maiores cerimônias.

— Ah! Cauã! – O professor exclamou, satisfeito com a visão do aluno mais velho – Você não poderia ter aparecido em melhor momento! Cauã, este é Fernando. Ele está com dificuldades em Cálculo. Por que não o ajuda? – Voltando-se para Fernando, que observava tudo com os olhos arregalados, forneceu uma breve introdução – Esse é Cauã, um dos meus melhores alunos e, não por acaso, monitor de Cálculo. Tenho certeza de que ele é a solução de todos os seus problemas.

Fernando olhou desconfiado para o rapaz que lhe ofereceu um sorriso simpático em resposta.


— Claro – Cauã concordou, estendendo-lhe a mão em um cumprimento gentil – Será um prazer ajudá-lo. Por que não anota o número do meu celular e a gente combina tudo por mensagem?

Refém do Silêncio - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora