Capítulo 2

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São Paulo, 17 de abril de 2001

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São Paulo, 17 de abril de 2001

Carlos Costa chegou em casa cansado depois de um longo dia coordenando uma reforma. A obra estava duas semanas atrasada e a família que o havia contratado estava impaciente, o que significava que, para não correr o risco de ficar sem trabalho, precisava passar a maior parte do tempo fiscalizando os pedreiros para que não se distraíssem do serviço por um segundo, o que era exaustivo e não o fazia particularmente popular.

Abriu a porta de frente da casa e foi recepcionado pelo aroma de sopa de legumes vindo da cozinha; seu estômago rugiu, exigindo uma porção. Entrou na cozinha e encontrou a esposa operando o fogão.

Aproximando-se pelas suas costas, ele envolveu sua cintura e deu um beijo delicado na pele de seu pescoço, inspirando profundamente a fragrância doce e familiar do seu perfume. Cida deixou o peso do corpo cair levemente sobre o do marido e, com um sorriso, virou-se para recebê-lo com um beijo nos lábios.

— Olá – ela murmurou.

— Olá – ele respondeu, sorrindo.

Aparecida era sua esposa há dezesseis anos e, na prática, era completamente diferente do marido. Para começo de conversa, a mulher adorava ler e era professora da rede pública, enquanto ele preferia assistir um jogo de futebol e se dedicou à área de construção.

Embora não recebessem salários milionários, seus ofícios lhes garantiam uma vida melhor para seus filhos do que as que tinham tido, e isso bastava. Todas as fichas de Carlos estavam apostadas em Cauã e Bruna; estava economizando há anos para conseguir pagar uma boa faculdade para ambos.

— Cauã apareceu com uns roxos no braço de novo, sabia? – Cida disse, desvencilhando-se do marido para mexer o conteúdo da panela; ele conhecia bem aquele tom de voz, usado pela esposa quando queria falar de um assunto importante como se fosse um tópico banal – Acho que estão pegando no pé dele na escola.

— Ah, é? – Carlos perguntou, coçando a nuca. – Você falou com ele?

— Tentei – ela encolheu os ombros, ainda de costas para o marido – Mas você sabe como ele é... Eu acho que você precisava conversar com ele.

— Eu não sei, Cida... – Ele murmurou, sentindo a garganta seca. – Você sabe que conversar é mais a sua área do que a minha.

— Carlos – ela o interrompeu, seu tom de voz sério, e virou-se de frente para o marido – Eu estou preocupada com o nosso filho. Você não está?

— É claro que estou! – Ele exclamou.

E era verdade. Carlos sempre se preocupou com Cauã. Sabia que ele era... diferente dos outros garotos. Sempre tinha sido. E também sabia quão cruéis adolescentes poderiam ser. Ele mesmo fizera coisas das quais não se orgulhava quando tinha a idade do filho com os garotos que eram como ele.

Refém do Silêncio - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora