A Indústria dos Sentimentos

7 1 0
                                    


Observo o amor cantado

Por anos e mais alguns meses

Por dias e outras tantas horas

Propagada em CD, internet, rádio.



As notas musicais correm pelas casas e ruas

Pelos ouvidos e bocas

Pelos corações e mentes

Ecoando nas praças e nas festas.



O amor cantado faz legiões de pessoas

Realizadas ou feridas

Cuja maioria

É esta última; desiluda.



Faço um último esforço

Afim de entender

Se o povo realmente já sentiu

Todo esse amor cantado.



- Trabalhadores, acaso já viram esse amor cantado?

Os trabalhadores respondem sim.

- Estudantes, acaso já viram este tal amor?

Os estudantes respondem sim.



Mas cada "sim" é tão incerto

Como um "não" certeiro

Incerto, vago, raso

Suspeito caso de tão curioso

De difícil entendimento.



Como há tanto amor

E simultaneamente tantas lágrimas?

Como há tanta doação

E também tanto conflito?



As respostas são incertas

Assim como nosso tempo.



Em exame constante

Percebe-se na indústria uma tendência maçante

De falar de prazer, suspiros, beijos e momentos

Desprovido de objetivos, de futuro e de amanhã.



Mas a indústria dos sentimentos persiste

Com seu exército fonográfico

Que mais se preocupa em entreter do que

Ensinar. Forte, robusta, fomentada

De ouvidos, sorrisos e lágrimas.

Poemas de AprendizWhere stories live. Discover now