Examinando o infinito

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Em um dia calmo,

Tão tranquilo quanto o tempo,

Fiz um exame em mim mesmo

Afim de entender o que essa alma

Tão agitada e aflita

Pensa e contempla.


Separei os instrumentos:

Numa extremidade, uma saudade

Ao meio, um desejo

Na outra ponta, outra vontade

De realizar algum ato nobre

Sem vaidade.



Não era nenhum herói

Agora eu era apenas o paciente de mim

Prestes a começar o exame

Sem plateia ou assistente.



O exame seguiu tranquilo e singular

E sem mesmo demorar

Olhei calmo os resultados de cada análise

O sujeito responsável pela saudade

E os motivos dos desejos.



Fiquei feliz e ao mesmo tempo perplexo

Como coisas pequenas me agitavam

Tirando a conclusão que isto seria o resultado

De uma alma aflita e agitada.



Constatei que

Nada sou. E hoje, sou ainda menos

Na verdade, nada somos

E nunca seremos.



Terminado o exame, contemplo

Como meus sentimentos agitados são

Rasos. E, também,

Infinitos. Ao mesmo tempo,

Raros. E, simultaneamente,

Profundos.



Meu exame mostrou que o coração

Estava entre duas extremidades

Com mais de dois extremos

Cheio de sentimentalismo ilimitado

Ora, tão profundo como um riacho

Ora, tão pequeno quanto um oceano.



Sou, eu mesmo, ao mesmo tempo,

Vários sentimentos

Em várias formas

Sob um mesmo propósito:

Ser nada e contínuo

Ser breve e infinito.

Poemas de AprendizWhere stories live. Discover now