A Miragem

88 14 6
                                    

Estou sentado com Ana
No shopping, na área de alimentação
Eu, dizendo palavras bonitas
Ela, olhando o cardápio.

Ana me pergunta se vou pedir alguma coisa
Eu digo a Ana que comida podia esperar
O que não pode esperar é o afeto
Amor é caso sério.

Ana sorri, mas com os olhos no cardápio
E eu com os olhos nela
De repente, trago os olhos para a minha volta
Casais sorrindo, filhos brincando, pessoas comprando.

Digo a Ana que este é o futuro que queria para nós
Ana diz o mesmo
Me propõe um beijo
E transbordo de alegria.

Ana segura as minhas mãos
As suas são macias, delicadas
As minhas estão quentes
Assim como meu coração.

Mas logo as mãos dela somem
Os braços dela somem
O corpo dela some
Ana some.

Aí acordo do sonho acordado
Que durou uns cinco minutos
E Ana não estava mesmo lá
Ana não existia.

Ana era uma imaginação
Uma miragem sem nome
Que dei o nome de Ana
Para poder sentir um pouco desse jeito sutil de alegria.

Ana não existia
Mas a miragem permanecia viva
Em certos momentos eu dava nomes diferentes
Para manter o sonho de que tudo aquilo eu ainda viveria.

Poemas de AprendizWhere stories live. Discover now