01- Festa "Junina"

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Pra entender tudo que virá a partir daqui, é necessário ler a parte um desta história, ciente de que ela não é algo previsível, não porque a autora seja uma pessoa ruim que gosta de foder seus personagens, mas porque essa é uma história baseada em fatos reais... ou seja... quem se fodeu primeiro aqui fui eu... enfim.  

Férias... nossa, que alegria... só que não... na semana seguinte a peça de segundo período voltei ao teatro, na verdade fui até o prédio onde os donos moravam porque estava tendo uma festa junina, daquelas que só acontecem em julho e que nunca consigo entender o porquê ocorre fora do mês certo... enfim... lá me senti um pouco deslocada porque não conhecia praticamente ninguém.

Cíntia e Gustavo estavam vendendo coisas pra arrecadar fundos pra formatura que se aproximava, de qualquer forma eu não tinha muito assunto com eles, minha sorte foi reencontrar Fernanda, uma estrangeira com quem estudei no primeiro período na parte da manhã, com quem não tive muita proximidade na época, mas naquela noite era o que tinha... parece feio falar assim, mas sejamos sinceros, por melhor que tentemos ser, não conseguimos fazer isso o tempo todo.

Na época em que entrei pro profissionalizante eu não fiz muitos amigos, ao menos não sabia que os tinha porque a pessoa por quem tinha consideração acabou abandonando o curso, os demais eram normais, assim como Nanda (Fernanda) e Diogo eram... sim, mais um Diogo no mesmo círculo social, mas depois falarei melhor a seu respeito.

Ainda sobre a festa junina, não deixou de ser interessante rever Nanda, afinal ela ao menos era a única com quem eu tinha um pouco mais de assunto naquele lugar já que passamos boa parte do segundo período separadas, mas não que a festa estivesse ruim, é que só fui lá por duas razões, precisava me distrair e pensava em ajudar os demais que estavam vendendo coisas por causa de suas formaturas, levando em consideração que um dia seria a minha vez e gostaria que fizessem o mesmo por mim... mesmo que muitos não fizessem.

Lá eu reencontrei um rapaz o qual só sabia de sua existência porque o mesmo vinha paquerando Sophia, ela havia me mostrado uma conversa ou outra pelo whatsapp... ele era um rapaz alto, negro e muito bonito chamado Lucas, que também estava envolvido com as vendas, pois fazia parte da mesma turma de Cíntia... no fim todos acabam sendo um elo e de grão em grão você vai conhecendo outras pessoas de outras turmas e horários.

A festa acabou cedo, mas não a diversão, resolveram estender a noite em algum bar por aquele bairro e me convidaram a acompanhá-los... não que eu quisesse, mas como disse, eu precisava me distrair e socializar, então resolvi que não faria mal interagir e conhecer novas pessoas, devido a isso aceitei o convite e com eles fui.

Lucas se sentou perto de mim, assim como Nanda também ao longo de uma formação retangular das mesas... riamos, bebíamos, tiramos fotos e confesso que postei uma na intenção de aliviar meu ego ferido, pois queria que Alice visse e pensasse que eu estava bem, que estava seguindo minha vida muito bem sem ela.

É confuso, não sei o porquê fazemos isso, não sei o porquê fazemos coisas bestas na intenção, ou na esperança, de que outras pessoas vejam e se sintam incomodadas... nada muda... nada nunca muda, o final é sempre o mesmo, acho tão mais bonito quando as pessoas chegam e falam o que realmente pensam e sentem, embora que existem coisas que nem a sinceridade muda, já que nem sempre depende só de nós, às vezes depende de outra pessoa.

Eu não sabia o que Alice fazia ou deixava de fazer, ela namorava, me fazia mal ver suas fotos, mesmo as que estivesse sozinha e lhe disse isso uma vez em minha casa numa das vezes que lá dormiu, acho que no dia da prova de história, horas antes de saírmos pro curso, quando começou a me mostrar suas fotos referindo-se a cor de cabelo, pois pensava em mudar, ou algo assim, e lhe contei que não via seu perfil, que não tinha esse costume.

– Você é uma péssima stalker. – Me zoou na ocasião.

Pois é, guardem essa informação... guardem essa frase... em capítulos que estão por vir lembrar disto fará alguma diferença... eu não a stalkeava, não me fazia bem vê-la nem sozinha, quanto mais acompanhada, eu a amava e já estava me dando conta disso, já havia tentado me afastar, mas o vício era grande e ela sabia disso, porque não escondia boa parte do que pensava e sentia... talvez esse fosse meu erro... ela sempre soube, mas não foi em mim que acreditou no final.

Depois de alguns copos de cerveja logo fiquei bêbada porque sou dessas, graças a Deus não sou resistente e realmente gosto de não ser, porque detesto o gosto do álcool, detesto mesmo, e assim pago sempre pouco, mas detesto tanto que naquela noite bebi, mas houve um momento que meu paladar implorava por algo mais saboroso e com isso pedi uma coca zero... zero pela neurose em me manter magra, acabei criando gosto por ela já que perdi vinte quilos bebendo refri zero como se fosse água.

– Ué, mas já? – Cíntia me zoou por causa da coca.

– Não é uma questão de "já"... – Eu ri brincando. – É que eu detesto o gosto da cerveja, não entendo como vocês conseguem beber esse negócio. – Riu.

Naquela noite rimos... zoamos... brincamos... falamos muita merda e sacanagem, mas também foi a noite que, senão me engano, foi a segunda vez que dormi na casa de Cíntia, mesmo Lucas me oferecendo carona e dizendo que morava próximo a mim.

Não sou besta, não nasci ontem e entendo muito bem dos olhares de um homem e não, eu não estava afim, por mais que ele fosse realmente interessante e bonito, não me sentia aberta a conhecer ou ficar com alguém, principalmente sendo virgem e ele um homem grande. Lembro que fiz questão de dizer em sua frente que sou bissexual e senti em sua reação que aquela informação não foi bem recebida, não de uma forma preconceituosa eu acho, posso estar errada, mas foi como se lhe jogasse um balde de água fria... sei lá.

Aquela noite foi da mesma forma que na da outra vez, deitei no meu canto, no chão, Cíntia deitou em sua cama de solteiro, isso já sendo quase pela manhã e apenas uma coisa foi marcante entre tudo o que aconteceu... Nanda me mandou uma mensagem, não tenho certeza do momento, se à noite ou no dia seguinte, dizendo:

– Ana, posso te perguntar uma coisa?

– Claro. – Respondi tranquilamente.

– Ta acontecendo algo entre você e o Lucas?

– Não, por quê? – Ri me lembrando da forma que o mesmo estava me tratando e da forma que estava me olhando.

– Porque ele estava nitidamente dando em cima de você e eu só queria saber porque a gente ficou há um tempo atrás, mas não conta pra ninguém não, era só curiosidade minha mesmo.

– Sem problema, pode perguntar o que você quiser e fica tranquila que não conto pra ninguém não. – Respondi sem me prender muito ao contexto.

Eu ainda não sabia a grande importância que Nanda teria em minha vida, minha estrangeira favorita como costumo brincar, mas partir dali nossa relação começou a fluir, após meses distante e sem interação... graças a Deus por isso... por falar em Deus, naquela semana fui à Igreja, também depois de meses... enfim.

Obs: Comente e curta. Bju.

LGBT - Aos Meus Olhos - 2016 Parte 2Where stories live. Discover now