Capítulo Quatro: Mortos e Gelados

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◆ Recadinho: A história é de romance, pode não ficar muito claro agora, mas é. E também, a história é e continuará um pouco pesada e violenta, e acho que vai ficar ainda mais um pouco pesada. Mil desculpas se você for sensível com esse tema, mas é quase impossível falar de Jeff The Killer e não ser pesado. ❤️

◆ É isto. Se estiver gostando não se esqueça de deixar sua estrelinha ★ Mil beijos e até o próximo capítulo!

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Desde o dia em que Jeff chegou machucado em casa, tudo tem ido de mal á pior.

Não faço a menor idéia de que dia é hoje, de que horas são. Mas acho que quase duas semanas se passaram desde então.

Duas semanas sem sair desse quarto para quase nada. Nem mesmo para comer. Ele me deixa sair daqui por alguns minutos diariamente para tomar um banho e coisas do tipo. Fora isso, tenho que viver em sua função. Se eu saio fora desses minutos diários, é para fazer a seu favor.

Para assisti-lo. Ou, ajudá-lo.

Estou tentando não perder a cabeça aqui. É uma linha tênue e frágil que me separa da insanidade. Meus pesadelos ficam cada noite piores.

O dia inteiro eu me sento nesse sofá e deixo as cenas rolarem pela minha cabeça, como um filme. É a minha única distração. Minha mente explora áreas que nunca ousara explorar.

Sangue, gritos, tortura. Essa é a minha realidade agora.

E não é apenas culpa do Jeff.

Minhas memórias ficam cada vez menos embaçadas, mas não consigo me lembrar por completo. É como um fantasma que me assombra.

Isso não tem nada a ver com ele.

Fito a lareira, perdida entre os meus pensamentos.

"Você não se lembra?"

Ele realmente quis dizer algo com isso? Ou estava apenas brincando com o meu psicológico?

Jeff nunca encostou um dedo em mim novamente, mesmo me ameaçando. Óbvio que um assassino ameaça as suas vítimas. Mas isso é diferente. Ele brinca com a minha mente a todo tempo.

Eu não tenho contato com a humanidade. Fico trancafiada em um quarto vazio. Quando saio, Jeff me dá ordens, mas nunca olha diretamente para mim. Até mesmo as suas provocações pararam.

Ele quer que eu sucumba á loucura. É a única explicação plausível.

Sim, Jeff é estupidamente cruel. Está me matando aos poucos.

Lutar contra ele não é uma opção. Ele sabe exatamente o que está fazendo e sabe que uma hora eu irei cansar.

E eu já estou cansando.

Até mesmo está sendo ainda mais cruel com as suas vítimas. Se certifica de que eu esteja assistindo cada detalhe. Tem dias que me acorda ao meio da madrugada e me arrasta por aquela floresta, onde assassina a próxima vítima. As vezes voltamos somente ao amanhecer. Faz a tortura durar horas. A minha tortura psicológica, também.

— Eu...te odeio. — murmuro, deitando-me no sofá e colocando um dos medicamentos em minha língua.

Preocupei-me de que o mesmo teria trocado minhas medicações por algo tóxico. Todavia, prefiro morrer do que continuar aqui.

Fecho os olhos, sentindo-me sonolenta devido o efeito das pílulas.

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Acordo ao sentir algo me sacudir. Obviamente, é Jeff. Bocejo preguiçosamente, esfregando os olhos cansados.

Geralmente ele vem ao meio do dia, mas dessa vez foi diferente. Já estava esperando que não viesse.

Diferente do comum, ele não está com suas roupas características — confortáveis, ou, em muitas das vezes, ensanguentadas. Está "arrumado", se assim posso dizer. Veste uma jaqueta de couro e botas diferentes.

Por algum estranho motivo, isso me deixa desconfortável.

Ele faz um sinal para que eu me levante. Obedeço.

Também não está agressivo? Uau. Um grande avanço para o mesmo, que me acorda aos gritos ou a me puxar violentamente para o local em que sou solicitada.

Caminho atrás de Jeff pelo corredor, ele nos dirige até a cozinha.

O assassino se senta em uma das cadeiras de madeira e pede para que eu faça o mesmo. Sento ao lado oposto do seu. Seu olhar está estranhamente desconfortável. Em dias, é a primeira vez que ele faz contato visual comigo.

A iluminação fraca combina perfeitamente com o seu rosto sem expressões.

Brinca com sua faca, girando sua ponta na superfície de madeira. Desvia o olhar para um canto qualquer da cozinha ao perceber que o estou olhando de volta.

Jeff está sem jeito?

Essa sim é uma grande novidade.

Quase não percebo que ele bate os dedos sobre um jornal. Bom, isso seria comum, mas estamos longe de tudo. Isso é raro.

Vendo que percebi, volta seu olhar para mim. Segura a faca com as duas mãos e apoia seu queixo no cabo metálico da mesma.

Ele parece estar mais calmo agora, mas seu semblante está diferente do comum. Está sério. Não está jogando comigo.

Vulnerável e transparente como nunca esteve.

Bom, ele está se parecendo mais...humano.

Me retira dos meus pensamentos ao dizer:

  — Fiz uma visita á nossa cidade natal hoje.
 

Jeff está claramente me enrolando. Isso está óbvio. Mas, ao menos agora sei que não estamos na mesma cidade. E isso explica suas roupas, também. Ele é de Denver, uma figura bastante conhecia por lá. Não me surpreendo quando se refere á cidade como nossa.

Seu tom é como o de quem está para revelar algo —  mas é um tom amargo. Começo a me preocupar.

Bato os dedos ritmicamente sobre a madeira tentando aliviar a tensão. Assinto com a cabeça para ele continuar.

  — Acha que estou sendo cruel? Bom, eu não estou. Só não sei como te dizer isso. — sua pergunta soa maldosa, mesmo estando claro que não é a intenção. Tomba a cabeça para o lado, respirando profundamente.

Ele sabe que não vou responder a sua pergunta. Um nó se forma na minha garganta devido a preocupação.

Mesmo assim, espera uma resposta. Novamente assinto. Abaixo meu olhar para a mesa.

Ele me trouxe aqui para me humilhar, para brincar com a minha cabeça? Suas intenções são confusas.

  — De qualquer jeito, não tem uma boa maneira de se dar esse tipo de notícia. — ele parece se perder entre o próprio monólogo.

  — Do que você está falando? — minha voz sai fraca. Ainda não me acostumei em me dirigir para ele.

Começo a me tornar impaciente, deixando isso óbvio em meu olhar.

Jeff abaixa sua cabeça, hesitante. Fecha os olhos algumas vezes antes de me olhar novamente. Então, se levanta e escora o corpo em uma das paredes. Cruza os braços em frente ao peito.

  — Você matou os seus pais, Emilly.

A Nova Proxy | Jeff The Killer {EM REVISÃO}Where stories live. Discover now