thirty three

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Heloísa Gama POV

Acordei numa cama de hospital com um acesso em meu braço, estava tomando alguma medicação, deveria ser algo para melhorar meu estado depois de tanto beber. Eu ainda estava tonta e me vieram flashes do que tinha acontecido anteriormente. Olhei para o relógio na parede e lá marcava 2:45 A.M. ainda. Pelo que me lembro iríamos viajar às 8h para Sochi. Olhei para os meus braços e vi vários hematomas, marcas de mais um trauma para a minha vida. Fechei os olhos novamente e as lágrimas vieram logo em seguida.

Gabriel estava ao meu lado dormindo e eu me lembro de alguém me tirando daquele banheiro, deve ter sido ele. Ele acordou quando percebeu que eu estava chorando.

— Helo — Gabriel disse pegando minha mão — Eu sinto muito, fui o mais rápido que consegui mas não foi suficiente, aquele cretino trancou a porta e prendeu alguma coisa nela para que não pudessem abrir. — Ele disse dando um beijo em minha mão e percebi que ele estava chorando.

— Gabriel, para de se culpar, se eu não estivesse bêbada isso não teria acontecido.

— Você estar embriagada não dá o direito de ninguém fazer isso com você, a culpa nunca foi e nunca será sua. — Ele disse e me abraçou, Gabriel sabia muito bem o que falar e quando falar.

Philippe entrou na sala com uma cara de desespero, quando ele me viu ele deixou uma lágrima cair. Gabriel saiu dizendo que nos deixaria a sós. Ele se aproximou e se sentou na cadeira que Gabriel estava.

— Helo, me perdoa, eu não deveria ter te deixado sozinha — ele abaixou a cabeça — Eu pensei que você estava indo por sua vontade.

— Philippe, aquele era meu ex, o Caio. Eu fui achando que era você, quando o vi tentei fugir, gritei muito, mas não foi suficiente, ele fez de novo.

Os olhos de Philippe se arregalaram e ele apertou minha mão.

— Ele já fez isso antes? — Eu assenti e apertei os olhos, era muito difícil admitir aquilo. Meu pesadelo da minha adolescência havia voltado.

— Eu não terminei com ele porque ele me traiu, terminei com ele porque ele abusou de mim. Na verdade uma traição não doeria como isso doeu. Eu escolheria ser traída mil vezes do que passar o que passei com ele. Eu menti minha vida toda sobre o porquê de terminar. Escondi de todos esse abuso sexual, por medo, ele me ameaçava Philippe. Eu ainda era virgem e não queria transar com ele, mas ele ficava pressionando, até que um dia ele amarrou minhas mãos e colocou uma fita na minha boca. Foi o pior dia da minha vida.

Philippe não parava de chorar e eu estava tremendo muito, minha vida toda eu tive medo de Caio. Eu achei que estava segura na Rússia. Mas esse pesadelo me perseguiria de hoje em diante por todas as ruas daquele lugar.

— Eu ... — Philippe ia me dizer algo mas não conseguia — Heloísa, ele vai pagar por tudo o que fez.

Philippe me deu um beijo na testa e saiu do quarto. Na TV do quarto estava passando uma reportagem em inglês, estava mostrando o pub onde estávamos.

"jovem é preso em boate e é acusado de estupro de uma funcionária da cbf"

Uma sensação de alívio tomou conta de mim. Parece que haviam tirado o mundo inteiro de minhas costas, e mais uma vez desabei a chorar.

Tomei alta e fui para o hotel. Em poucas horas iria viajar.

daylight • p.coutinhoWhere stories live. Discover now