A porta foi aberta, um homem com uma enorme tatuagem de peixe que se iniciava na altura de suas sobrancelhas e puxava até seu pescoço onde a roupa preta começava a esconder. Seus olhos caramelos claros estava em minha direção, mas ele mudou o foco para Aleksi.

— Drovisck me mandou ficar por aqui, pode ir. — Aleksi curvou os lábios e mexeu as sobrancelhas.

— Nikolai me mandou ficar por aqui, não irei sair. — a troca de olhar entre eles era tão pesada que eu me senti incomodada.

— Tudo bem, pode ficar se quiser. — ele suspirou dando de ombros, o sotaque russo tão pesado que soava sujo em sua língua. Ele veio em minha direção, me empurrou bruscamente na cadeira a fim de prender meus pulsos com as tiras de couro, eu reclamei apavorada com a situação e antes que ele prende-se o outro pulso Aleksi puxou seu ombro.

— O que está fazendo? — o homem o peitou, eu me encolhi na cadeira.

— Você é surdo? Estou cumprindo ordens do pakhan. — sempre era estranho vê-los discutindo porque ninguém gritava, soava muito mais ameaçador assim.

— Nikolai mandou eu protegê-la, e você sabe que ele não é somente meu Brigadier como também sou seu biky. Não teste minha fidelidade, eu não vou pensar duas vezes em te matar se encostar um dedo nela. — o moreno disse devagar, o outro riu.

— Vai passar por cima da ordem de Drovisck? — ele franziu o cenho. Olhou em minha direção e suspirou voltando sua atenção para o homem.

— Vou confirmar isso. — ele murmurou e o homem cruzou os braços apenas assistindo Aleksi tirar o celular do bolso, em um piscar de olhos ele simplesmente acertou o homem com a mão fechada e antes que o mesmo revidasse ele o atingiu com a mão reta seu pescoço, em segundos ele caiu no chão desacordado. Eu cobri minha boca assustada com a situação, Aleksi respirou fundo e enfiou o celular no bolso.

— Aleksi?! — exclamei apavorada, ele me encarou, mas não disse nada. Com a mão livre eu desfiz a tira que prendia meu pulso e levantei impaciente. O biky de Nikolai o ergueu apenas para jogá-lo na cadeira em que eu estava antes — Ele está vivo? — questionei o observando amarrá-lo na cadeira.

— Uhum. — murmurou erguendo o tronco e passando por mim — Fique aqui, vou confirmar o que ele disse. — explicou me deixando sozinha naquela sala, olhei ao redor me abraçando incomodada com o ambiente, talvez tenha algo haver com o homem desacordado.

Esse dia precisava acabar logo ou eu enlouqueceria.

Eu não sabia que horas eram, mas sabia que já havia se passado muito tempo desde que Aleksi me deixou sozinha aqui dentro. A porta estava trancada, o homem desacordado se manteve assim e eu tinha a impressão de que havia escurecido lá fora, mas não posso confirmar isso já que aqui não há janelas. Me sentei ao lado da mesa de ferramentas e apoiei minha cabeça em meus joelhos.

Tive a impressão que cochilei, ouvi o ranger da porta e ergui a cabeça. Meu corpo inteiro se arrepiou, Nikolai estava parado bem ali na porta vestindo a mesma blusa clara, mas agora manchada. Os cabelos presos, um fio pendia até a altura do queixo, os olhos azuis me procuraram por toda a sala até pararem em mim.

— Niko! — murmurei atravessando a sala com tanta pressa que cheguei a tropeçar em meus pés, mas o abracei com cada pedaço do meu corpo. Senti seus braços me envolverem também e seus lábios tocarem o topo da minha cabeça.

— Onde está o Aleksi? — questionou baixo, monótono. Me afastei para ver melhor seu rosto, ele estava... Diferente.

— Ele saiu faz um tempo e não voltou. — ele olhou por cima do meu ombro e eu soube exatamente onde estava seu foco — Logo depois desse cara entrar e tentar me amarrar na cadeira, Aleksi o deixou desacordado e saiu. O que houve com você? Isso é sangue? Não achei que fosse voltar hoje. — ele voltou a me encarar, as manchas de sangue secas em sua blusa estavam me deixando apavorada. Ele deveria estar com Andrei, deveriam conversar, mas era impossível eles se encontrarem em outro país em tão curto tempo... De quem era esse sangue? Ele molhou os lábios.

• NIKOLAI • 1º Livro da série de "Os Filhos de Bratva"Where stories live. Discover now