06. Em busca de respostas

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Existe uma linha tênue entre o amor e o ódio
E eu não me importo
Deixe-me apenas dizer que eu gosto disso...
The Diary Of Jane | Breaking Benjamin

MAXINE WOODS

Travys Kasak estava na porta da minha casa.

Ainda era madrugada quando meus pés descalços desceram até o primeiro andar. Meu corpo, coberto apenas com um blusão que mal alcançava minhas pernas nuas, tremia em um misto de frio e nervosismo. A sombra que entrava por baixo da porta se movia calmamente, como se ele se balançasse de forma suave de um lado para o outro. Dei um passo hesitante, respirei fundo e então atravessei a sala em meio à escuridão, com pressa, ansiosa e desesperada para finalmente olhar em seus olhos.

Toquei a maçaneta silenciosamente e girei. Travys Kasak estava de pé dentro de suas roupas escuras e úmidas pelo sereno da noite. Tinha ferinos olhos castanhos, cabelos molhados de suor e um sorriso demoníaco nos lábios roxos que fez meu pulso acelerar. Ele deu um passo à frente, e involuntariamente eu me afastei. Não conseguia comandar minhas pernas. Não conseguia mais me mover. O medo daquele homem me atingiu junto com a terrível sensação de pânico.

— Oi, boneca. Soube que estava tentando me achar — proferiu, em um timbre rouco e falhado, como alguém que fumou toda a vida. Deu mais um passo, erguendo o braço esquerdo e tocando meu rosto com a ponta dos dedos gelados. Meu corpo travou. Minha mão ainda segurava a maçaneta com força. Movi meus olhos lentamente em direção à cozinha da minha casa. Poucos passos. Poucos passos para chegar até ela, poucos passos para chegar até uma faca, um garfo ou qualquer coisa afiada que pudesse me proteger. Eu deveria ter chamado a polícia, deveria ter pensado nisso antes de abrir a porta, eu deveria ter ligado para alguém, eu deveria... — Mas eu achei você primeiro.

Quando meus olhos voltaram a Kasak, havia algo entre nós. Uma Glock G25 preta, com um K prateado gravado no pequeno espaço abaixo do cano. Minha garganta queimou e um arrepio violento subiu por minha espinha quando ele se aproximou mais um pouco, encostando e pressionando a arma entre o espaço dos meus olhos.

Você vai perder. — A voz de Chace saiu pelos lábios de Kasak, e então ele puxou o gatilho.

Meu coração saltou dentro do peito.

— Max?

As mãos de Beatrice estavam em meus ombros. Ergui a cabeça rapidamente e percebi que estava debruçada, torta e dolorida, sobre a mesa da última fileira da sala de aula que se esvaziava aos poucos. Ela me encarava, confusa, enquanto eu tocava o local onde Kasak havia pressionado a arma em meu sonho. Minha cabeça doía. Se com todos os problemas dos últimos dias eu já não conseguia dormir direito, depois que Jonathan me informou que compraria as passagens para Phaune em breve porque já havia acertado com os novos compradores da casa, dormir tornou-se um ato muito perturbador.

— Você estava tremendo — avisou enquanto eu passava as mãos pelos cabelos, tentando parecer o menos acabada possível.

— Pesadelo — expliquei. — Achou alguma coisa? — Apontei para o celular em suas mãos.

Ela negou.

— Mas eu acho esse nome tão familiar. Se eu pudesse encontrar uma foto dele...

— Já tentou perguntar ao Tobias se ele o conhece? — questionei enquanto saíamos da sala.

— Eu não vou perguntar nada ao Tobias. Por que você não vai lá implorar ao Chace para terminar de contar a história? Dar a porcaria de um nome não adianta muita coisa. — Eu a encarei por alguns segundos antes de piscar lentamente. Ela suspirou, balançando a cabeça negativamente. — Desculpa, Max. Mas não dá. Você sabe.

NEBULOSOS [completo na AMAZON]Where stories live. Discover now