Fim da Calmaria... ?

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Se passaram 4 anos após Shouta mudar de casa, ao contrário do que todos pensavam, principalmente para ele, demorou um pouco até conseguir se acostumar com a casa nova. Os Hikari vivem em uma mansão ali perto, mas um pouco isolado das outras casas, há um enorme bosque com um rio do qual Meyko ama ir, entretanto, como não tem muros, pode ter uma pequena possibilidade de ter animais um pouco mais agressivos, por isso é proibido andar por lá a noite. O quarto de Shouta é bem maior do que o mesmo esperava, quase do mesmo tamanho que sua antiga casa, continha em grande parte do local, tons de azul claro e branco, uma cama enorme, bem confortável e uma recém-adicionada minibiblioteca, um espaço em seu quarto que tem uma poltrona, uma mesinha com uma iluminaria e um monte de livros diferentes, nenhum de fantasia, ao contrário de Meyko. Sua rotina era até calma, acordava e já via seu café da manhã, posto em cima da mesa de centro do quarto em frente a televisão, da qual ele raramente ligava, ia para a escola junto de Meyko e quando voltavam ficavam na sala, Shouta lia um livro, enquanto Meyko que assistia o noticiário esperando que seus pais apareçam ou observa outros heróis, ela precisava, afinal ela sabe repetir toda individualidade que vê, não todas de uma vez, há uma pausa de 2 minutos entre cada poder usado ou acaba se sentindo sobrecarrega e desmaia, a maioria é guardado na memória, se praticado,logo ela pode usar em outras ocasiões também. Nos finais de semana Meyko vai brincar no bosque e Shouta acaba indo junto, a maior parte do tempo eles discutem, pois Meyko usa sua individualidade de forma imprudente e acaba que ele tem que usar a sua individualidade também para apagar o dela, minutos depois Shouta começa a reclamar por seus olhos que começam a incomodar, então após a exaustiva discussão ele sempre tira um cochilo, na grama mais perto do rio, enquanto Meyko ficava ao redor brincando com qualquer coisa que vê e se mexe.

Em uma manhã, Meyko acorda de madrugada, suando frio e com respiração forte, eram 4 da manhã e percebeu que não iria conseguir voltar a dormir tão cedo. O quarto de Shouta era ao lado, ela ficou um bom tempo se perguntando se iria lá, tinha medo que ele fosse responder de forma mal humorada ao acordá-lo, mas no fim acabou criando coragem e foi até lá, um pouco relutante, mas foi, bateu em sua porta e nenhum sinal, ela espera um pouco, e acaba por abrir a porta por si mesma.

-... S-Shouta-kun? – ela adentra ao quarto com passos leves, falando bem baixinho e o vê dormindo todo encolhido nas cobertas, mesmo sendo verão – Sho...- antes de pronunciar seu nome novamente, ela é interrompida pela por uma voz abafada e rouca do garoto mau humorado.

- o que é? – ele abaixa um pouco as cobertas para vê-la

- é que eu tive um pesadelo – ela fala bem baixinho para não encomodá-lo mais ainda, com receio, nem olha para ele direito.

- e daí? Volte a dormir – ele vira as costas e torna a colocar o cobertor por cima da cabeça

- ok, desculpe incomodar – sua voz vacila um pouco como se estivesse chorando, ela da meia volta, quando chega à porta ouve o som de passos atrás dela.

- para você aceitar um "não" meu de primeira deve ser bem sério – Agora com a voz normal, ele anda até um abajur, coçando um dos olhos. Meyko fica surpresa e rapidamente o abraça escondendo o rosto em seu ombro, caindo no choro imediatamente. Shouta sabe que é muito raro ela ficar assim, então presumiu que era algo grave, nem quis aprofundar mais no assunto    – olha, só hoje, eu deixo você dormir comigo ok? – ele da uns tapinhas em suas costas sem saber o que fazer direito nessas situações. Ela não o responde, só se afasta um pouco para limpar as lágrimas e balança a cabeça concordando. Os dois deitam pertinho e de frente um do outro, Shouta, relutante faz carinho nos cabelos de Meyko até ela fechar os olhos e então voltar a dormir. Quando ele enfim fecha os olhos ela pergunta:

- você vai ficar comigo para sempre? – ela abre seus grandes olhos de novo e o encara, como se essa fosse a pergunta mais importante do mundo.

Ele suspira, pensa em responder de forma logica, que ele não poderia afirmar isso, pois não tem controle do futuro, mas ele sabia que o que ela precisava não era disso, ele abre os olhos e a encara de volta, respondendo de forma singela – vou.

Meyko enfim sorri e o abraça novamente, se aconchegando em seu peito. Naquele momento, vendo o sorriso dela, fez Shouta sentir seu coração palpitar mais forte - tudo bem, eu vou te proteger – ele sussurra, enquanto a abraçava de volta, alguns minutos depois ele cai no sono também.

Ao acordar, Meyko repara que acabou dormindo abraçada ao Shouta e rapidamente se afasta morrendo de vergonha, sua ação acaba fazendo ele acordar também, que teve a mesma reação. Ambos vão se afastando com cara de assustado até caírem da cama.

- Droga, será que ela se lembra das coisas que eu disse? – ele se pergunta mentalmente, enquanto levanta olhando ela normalmente agora.

- eu dormi abraçada com o Shouta-kun e ele não está reclamando? Digo, sempre que eu o toco ele fica rabugento... O que houve? – ela também se enchia de perguntas enquanto ainda estava no chão, com os olhos arregalados, o acompanhando se aproximar.

- bom, já deve ser tarde – ele corta o silêncio massivo entre os dois e estende a mão para ela se levantar, ela demora um pouco para processar tal comportamento cavalheiro dele, mas acaba colocando sua mão sobre a dele, então ele a puxa para levantá-la, porém a força foi mal calculada,logo acabou não só a levantando, ela perde o equilíbrio e cai nos braços dele, deixando seus rostos tão próximos a ponto de sentir a respiração um do outro.

- eu vou descendo na frente – foi a vez dela cortar o clima entre os dois, estava assustada, pois ao menos ela sabia o que aquilo tudo significava, ele não, apesar de ser bem perceptivo, ele nunca teve experiência com esse tipo de coisa, já Meyko conhecia dos livros, os livros que ele odiava.

Atualmente já batia 6h da tarde e Shouta não desceu para comer, preocupada, ela foi até seu quarto novamente que estava com a porta aberta, exatamente do mesmo jeito de antes. Algo em sua mente dizia para não ir, mas a curiosidade foi maior, então ela adentrou o quarto bem furtiva e viu ele em sua poltrona lendo um livro sobre coração, mais especificamente no capítulo sobre problemas cardíacos. Ao ver isso, ela não aguenta e solta uma gargalhada muito alta, Shouta, claro, levou um susto enorme.

- o que é dessa vez?! – ele berra – pare de entrar de fininho no meu quarto, se esqueceu da educação? – ele continua a olhar para ela, indignado, enquanto ela procura concentrar na crise de riso.

- desculpe Shouta-kun, é que... – ela toma ar, pois está com dificuldade de falar depois de rir tanto.

- é o que? – o tom de voz de Shouta era de alguém que não estáva nem um pouco contente.

- esses livros não vão tirar a sua real duvida – ela aponta para todos os livros da estante dele, ainda dando umas leves gargalhadas enquanto fala.

- olha, eu acho que você realmente enlouqueceu, vá tomar alguma água e... Relaxe ok? – ele toma ar para se acalmar e tenta parecer mais calmo, e assim vai empurrando Meyko para fora de seu quarto.

- os livros do meu quarto também são interessantes – Meyko fala mais alto com esperanças de chamar a atenção, ela quer tentar o convencer a ele ler um de seus livros de romance, para ele entender realmente a situação que ela acredita estar acontecendo com ele, mas obviamente a única coisa que ela consegue é ver a porta sendo fechada a sua frente.

Após essa derrota, frustrada, ela faz uma listinha com o título "sintomas do amor" e testar isso em Shouta para fazer ele entender seus sentimentos. Para uma criança de 10 anos que tinha uma coleção de livros de romance e fantasia no quarto isso era algo muito emocionante, o que ela não pensou foi nas consequências depois disso. 

Blue MoonWhere stories live. Discover now