• NIKOLAI • 1º Livro da série de "Os Filhos de Bratva"

Dois extremos.

— Você vai se atrasar. — ergui uma das sobrancelhas e ele riu.

— Sabe que não me importo, não é?

— Nikolai. — chamei sua atenção e ele revirou os olhos.

— Não quer mesmo ir? — questionou e eu neguei com a cabeça.

— Estou com muita cólica. — menti e ele assentiu.

— Certo, — beijou o topo de minha cabeça. — Qualquer coisa me ligue. — ele fez seu caminho até a porta e eu o segui. Branka estava no meio do corredor, usava um vestido verde água curto e os cabelos presos em um rabo de cavalo. Os saltos seguiam me incomodando, mas eu não podia questionar, todos estavam aplaudindo a força daquela garota que enfrentava tudo que lhe aparecia pela frente.

Ninguém percebia que aquilo não era normal. Os saltos, a maquiagem, os sorrisos pesados, e a linguagem tão suja quanto a de Nikolai. Não era ela, era um personagem que ela criou de defesa, e mesmo quando os psicólogos diziam isso, todos continuavam a aplaudir e eu somente me preocupava... Era coágulos de seu trauma, eu não sabia como eu poderia ajudar.

— Não vai, Sky? — ela desviou o olhar de seu celular para mim, eu neguei com a cabeça.

— Não estou muito bem. Se divirtam! — beijei Nikolai e acenei para Branka que o seguiu. — Você não vai, Petya? — questionei torcendo para que fosse, eu queria ficar sozinha, ela negou com a cabeça. Suspirei e franzi os lábios. — Certo, se precisar estarei no meu quarto. — antes que eu passasse por ela, seus dedos envolveram meu braço. Eu iria questionar, mas ela ergueu um dedo no ar me pedindo silêncio, e assim que a porta do andar de baixo foi aberta e fechada, ela soltou meu braço.

— Podemos conversar? — eu ainda confusa assenti.

— Claro.

— Por que não foi hoje? — questionou indo em direção ao seu quarto e eu a acompanhei.

— Porque eu estou com cólica. — engoli a seco e ela riu fraco empurrando a porta.

— Sei. — me deu passagem para entrar.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei sem coragem para entrar em seu quarto, ela cruzou os braços e se poiou no batente.

— Eu tenho um palpite diferente do seu. — ela moveu os ombros, eu fiquei quieta sem saber o que dizer, então ela continuou. — Talvez tenha alguma coisa haver com o vestido que você tentou vestir no bainheiro do corredor para Nikolai não saber que não serviu. — eu respirei fundo não querendo mentir para Petya.

— Sim. Eu engordei muito nos últimos tempos. — passei por ela e sentei em sua cama — Alguns meses atrás eu coube naquele vestido, e hoje ele simplesmente não passava em meu quadril! Eu me senti feia. Não quero acompanhar o Niko por enquanto, sabe? Pelo menos não até eu perder esse maldito peso. — cruzei os braços e ela franziu o cenho, em seguida riu e fechou a porta.

— Sky, você não engordou. Continua linda! — acrescentou se sentando minha frente, eu não entendia a razão de todo seu gesto, mas não questionei também.

— O vestido comprova o contrário, Petya. — ergui minhas sobrancelhas com um sorriso pequeno. Sófia tinha razão, para acompanhar Nikolai eu precisava estar impecável. Cortar os doces, voltar a me exercitar ou algo desse tipo, Petya ficar mentindo para mim não era uma boa ideia. Ela negou com a cabeça sorrindo.

— O vestido comprova que os seus quadris alargaram e que o seu busco aumentou. — eu fiquei quieta porque Nikolai não parava de falar o quanto meus seios estavam maiores, mas eu não iria dizer isso para sua mãe.