Capítulo Único

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Somente Sherlock estava no laboratório, dado que os outros alunos estavam enchendo seus estômagos no refeitório da universidade e quando Victor entrou por aquela porta a sala, antes vazia, parecia desaparecer ao redor do garoto ruivo, de ombros largos e pele pálida que vestia um suéter verde-escuro.

***

Se alguém tivesse dito a Sherlock que sexo com quem se ama era daquele jeito ele jamais teria cometido o erro de entregar seu corpo a Sebastian Wilkes em sua adolescência.

Victor era fogo e ele gelo. Os corpos se entrelaçavam de maneira tão perfeita que parecia que tudo ali havia sido planejado e ensaiado. Era Sherlock quem chamava por Victor agora. Seus dedos habilidosos esfregando sua próstata com perfeição e o fazendo gemer. A pele clara das costas do ruivo encontrava-se tão vermelha quanto seu próprio cabelo nas regiões em que Sherlock fincava as unhas em tentativas falhas de controlar seu corpo e mente.

"Victor..." Sherlock gemeu, fitando os olhos esverdeados de Trevor e beijando seus lábios com delicadeza "eu amo você.".

"Eu também amo você, Sherlock." Respondeu, acariciando a face rosada de Holmes e alinhando seu membro na entrada do garoto "Muito.".

***

Sherlock não sabe muito bem como tudo aquilo começou. Talvez tenha sido depois que o pai homofóbico de Victor descobriu sobre o relacionamento dos dois. Ou talvez aquilo só tenha sido uma desculpa para que ambos fizessem o que já tinham curiosidade de fazer anteriormente.

O corpo de Holmes encontrava-se parado, entretanto sua mente viajava entre cenas de crime que haviam sido reportadas na televisão e entre moléculas impossíveis de se enxergar a olho nu. Ele podia ver tudo agora. Tudo era lindo, caótico e pacífico, colorido e monocromático.

***

"Por que não deixou Victor em paz?!" Gritou a mãe do garoto com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. Sherlock não falou nada. Ele sabia que de certa forma a culpa era dele "Você matou o meu filho! O matou e não é capaz de demonstrar o mínimo de compaixão! Você é um bastardo sem coração, Sherlock Holmes!".

Sherlock ouviu em silêncio novamente, absorvendo toda a culpa que ele certamente merecia antes de olhar mais uma vez para o corpo sem vida de Victor Trevor dentro do caixão de madeira escura.

Mais uma rachadura se formava dentro de si. E essa era grande demais para sequer poder haver mais uma sem que seu interior se quebrasse por completo.

Sherlock respirou fundo e a lembrança do corpo inânime de Victor deitado ao seu lado e engasgado com sua própria língua veio em sua cabeça. Não era para aquilo ter acontecido. Eles usavam com cautela. Uma solução de 7%. Uma convulsão causada por overdose havia tirado a vida de Victor e enquanto tudo isso estava acontecendo Sherlock se encontrava inerte em sua mente e completamente desatento ao seu namorado morrendo ao seu lado, na cama em que os dois dividiam há mais de um ano.

A culpa era dele e a dor intensa demais para aguentar sóbrio.

Sherlock apertou seu casaco em seu corpo e deixou o cemitério com uma dor no peito a qual nunca havia sentido antes.

***

Detetive consultor. O único do mundo. Sherlock estava fazendo um bom trabalho auxiliando a polícia quando precisavam dele – o que era sempre –, entretanto um péssimo trabalho quando se tratava de sua sobriedade.

Mycroft, seu irmão mais velho, tentava o manter na linha, mas ele não gostava de ser controlado. Era ridículo. Então, nos dias em que Lestrade não tinha casos bizarros para ele resolver e nenhum de seus experimentos precisava de atenção, Sherlock se via numa guerra interna.

HEARTLESS | Johnlock FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora