CAP 12

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Acordei com o celular tocando, atendo sem ver quem era, os calmantes que tomei ontem não me deixam abrir os olhos.

-Bom dia dorminhoca.

-Oi Julia.

-Luiz conseguiu uma vaga para mim no hospital. -disse muito feliz.

-Que bom.-disse querendo encerrar a conversa.

-Posso passar  um tempo aí com você em seu apartamento? -ela disse sem jeito.

-Claro Júlia, você pode ficar aqui comigo.

-Que bom! -ela estava radiante

-Quando você vem?

-Amanhã.

-Quando você chegar conversamos.

-Aconteceu alguma coisa?

-Sim, aconteceu e você é a única pessoa que confio para contar. Se eu não me abrir com alguém vou morrer.

Posso parecer louca, mas na verdade estou desorientada.

Me levantei e comecei a arrumação da casa. Pensei em passar um tempo fora mas o problema iria comigo. Não iria adiantar nada.

Preciso conversar com ele Pedro não foi justo eu o tratar daquela maneira.
Não temos culpa.

-Alô.

-Pedro, sou eu. Preciso conversar com você.

-Sim, também acho que tenha algo para me dizer. -ele aparentava estar muito triste.

Marcamos de almoçar. Eu estou me preparando psicologicamente para poder contar tudo a ele.

Entrei no carro, respirei fundo 3 vezes e quando ia virar a chave para partir meu celular novamente tocou. Era Pedro, espero que ele não desmarque o encontro, pois não sei se terei essa coragem novamente.

-Oi Pedro.

-Laura, meu pai esta aqui no hospital com fortes dores no peito. -totalmente desesperado ele disse.

-Estou indo ai com você agora mesmo!

Minha consciência pesou, eu fui tão dura com Getúlio. Talvez ele esteja dizendo a verdade, talvez ele não tem culpa alguma.

Entrei correndo nos corredores, logo avistei Pedro sentado com a cabeça baixa na sala de espera.

-Laura -ele se levantou e me abraçou.

-Como ele está?

-Foi um infarto, outro infarto, Laura. Acho que vão ter que operar.

-Eu vou fazer a cirirgia. Eu vou salvar a vida do seu pai.

Naquele momento Pedro segurou firme minhas mãos juntas e suplicou para eu salvar a vida de Getúlio.

Luiz saiu de sua sala para acalmar Pedro enquanto eu corria para o centro cirúrgico.

Cheguei e Getúlio ainda estava acordado. Assim que me viu deu um sorriso.

-Como o senhor está? -continuei amarrando a touca verde.

-Estou com um pouco de dor.

-Aguente, o anestesista já esta vindo. -disse colocando o par de luvas.

-Você nunca vai me perdoar, né? -disse com a voz fraca.

-Eu ja te perdoei. Agora fique calmo. -disse passando a mão em seu ombro.

-Eu quero que seja sincera. Eu preciso que seja. -ele desabou a chorar.

Eu inconsequentemete comecei chorar também. Ele segurou minha mão e começou a dizer:

- Eu te amo, não foi minha culpa.

-Eu sei. Não se preocupe. Eu te perdoo .

-Filha, continue seu relacionamento com Pedro. Não conte nada a ninguém e continue.

-Não, eu não posso!

-Faça isso. Ele te ama, ele precisa de você. -Ele disse com uma  das mão massageando seu peito.

-Isso é uma loucura. -eu disse confusa.

-Me da um abraço.

Me aproximei dele e o abracei. Foi um abraço de pai, um abraço de amor.
Naquele momento eu verdadeiramente o perdoei. Eu perdoei meu pai.

-Meu pai, aguente firme, aguente firme.

O anestesista chegou pedindo perdão pela demora, dizendo ter dado um pequeno erro na liberação da anestesia.

E começamos o procedimento. Puncionamos uma veia e colocamos o soro. Colamos alguns adesivos na região do torax para avaliar os batimentos cardíacos. Em um dos dedos da mãos colocamos um dedal para medir oxigênio. Em um dos braços colocaremos o aparelho de pressão arterial, para medir continuamente durante a cirurgia.
Agora é a parte mais crítica, colocamos o soro para ele dormir, assim que dormiu foi inserido um tubo de silicone por sua boca passando pela garganta. Por esse tubo é conectado um aparelho de anestesia. Esse aparelho vai manter o paciente respirando normalmente durante a cirurgia e enviará, através do tubo na garganta, gases anestésicos que manterão o paciente dormindo e sem consciência durante a cirurgia.

Eu estava com medo, medo de perder meu pai. Eu sinto carinho por ele. Quero que ele participe da minha vida.

Derrepente começa a surgir uma instabilidade que não era para estar acontecendo.

Comecei a me preocupar pedi para os ajudantes ali presentes fazerem o seu melhor.

-Equipe, não podemos perder esse homem! -eu disse firme
-Dr. Laura a pessão esta subindo.
-Coloque o remédio no soro!!!
-Dra. Os batimentos estão baixando.
-Pegue o desfibrilador! AGORA!! -gritei.
-Vamos perde-lo, Laura.

-Carregue o desfibrilador em 200 -gritei
-Nada, Doutora! -ela gritou

-Carrega  em 30o o medo tomou conta de mim.
-Nada! Estamos perdendo o paciente.

Comecei a ressuscitação com minhas mãos descontroladamente sem parar...
-Reage Getúlio,Reage -comecei a chorar

-Chega, Doutora. Não há mais nada que possamos fazer. -um enfermeiro me abraçou por trás.

Cai de joelhos ao chão não acreditando no que aconteceu. Meu pai morreu em minhas mãos. Não pode ser.

Voltei-me para Getúlio ja sem vida, me aproximei e disse ao seu ouvido.

-Eu te amo pai, eu te perdôo.

Sai inconsolável daquel sala, fui em direção a Pedro. Quando ele me viu se levantou mas quando percebeu minha expressão colocou as mãos na cabeça e começou a gritar.

Meu SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora