CAP 11

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Sai daquele lugar sem conseguir pensar em nada.
Pedro é o amor da minha vida, como pode ser meu irmão?
Não, isso só pode ser uma grande mentira. Getúlio é louco!

Meu celular toca, é minha mãe.
Não estou com cabeça para conversar, mas decido atender.

-Oi mãe.

-Oi filha tudo bem?

-Tudo sim. E as coisas como estão?

-Tudo bem, seu pai esta assistindo jogo, e pra ser sincera me deu um aperto no coração, então resolvi te ligar pra saber se você estava bem.

-Mãe, estou bem... Quero passar o final de semana ai com vocês.

-Que notícia boa! Venha minha filha, já estou ansiosa para sua vinda.

Uma vez minha mãe me disse que quando me adotou trouxe comigo o papel do primeiro registro feito pelos meus pais biológico. Eu nunca quis ver, mas agora eu preciso ver! Preciso saber qual é o nome que me deram quando nasci.

Eu não acrediro em uma só palavra que Getúlio disse. Nem uma se quer.

Pedro quis me acompanhar a casa de meus pais. Confesso que nossa relação estremeceu um pouco depois de eu ouvir todas aquelas besteiras. Mas fiz de tudo para ele não perceber.

Meus pais o receberam de braços abertos. Logo depois do almoço de sábado, fingi uma indisposição e subi para descansar um pouco.

-Mãe, posso descansar em seu quarto? Não estou muito bem, pode ser cansaço da viagem.

-Claro que pode, minha filha.

Entrei no quarto e tranquei a porta. Agora eu precisava achar a caixa onde meus pais guardavam os documentos.

Quando estava quase desistindo da procura, avistei uma caixa antiga de madeira guardada no fundo de uma gaveta.
Só podia ser!

Abri e lá continha documentos antigos e fotos antigas.

No fundo da caixa havia um papel velho e uma pulseirinha com o nome do orfanato em que fui adotada, provavelmente essa pulseirinha era para ajudar na identificação das crianças.

Peguei aquele papel velho e abri. E sim! Era o meu documento!
Meu coração disparou, não conseguia controlar minhas mãos, estavam tremendo muito.
Abri sem demora e lá continha o nome de:

Maria Gabriella Freitas

Não pode ser!
Coloquei as mãos no rosto desacreditando no que eu estava lendo.
Freitas? Ah meu Deus! Freitas é o sobrenome de Pedro.
Agora está tudo perdido mesmo.
Nesse jogo da vida eu fui pega de surpresa. E isso é triste.

Desci as escadas querendo ir embora, minha mãe insistiu loucamente para ficarmos. Mas eu não a ouvi.

Pedro se despediu sem entender nada,e fomos.

No longo caminho de volta para casa eu fui em completo silêncio, sem falar se quer uma palavra.

-O que houve Laura?

-Nada. Só quero minha casa.

-Alguma coisa aconteceu e você não quer me contar.

Eu não respondi e seguimos calados.

Ao chegarmos em meu apartamento ja era madrugada, então  deixei que Pedro ficasse, mas logo que ele pegou no sono eu parti para o sofá.

Eu ainda não tinha me dado por vencida, iria com toda a certeza fazer um teste de DNA.

Não dormi se quer um minuto. Levantei assim que o dia clareou, me arrumei tentando fazer o mínimo de barulho e parti para a porta do restaurante dos pais de Pedro. Estava torcendo para que Getúlio chegasse sozinho sem sua "querida" esposa. E assim aconteceu, às 6:38 Getúlio parou seu carro em frente ao seu estabelecimento.

Meu sentimento era de raiva. Ele não tinha o direito de acabar assim com a minha vida.

Me aproximei pelas suas costas e sem hesitar falei em auto e bom tom.

-Eu quero um exame de DNA. Quero fazer hoje! -gritei

-Tudo bem. Faremos. -ele responeu calmo.

-Você não tinha o direito de acabar com minha vida!

-Eu não acabei com sua vida! Eu te achei, você está aqui perto de mim, essa é a melhor sensação que existe. -seus olhos brilhavam.

-Vá hoje mesmo ao hispital, eu preciso dessa resposta. -disse com desprezo.

Virei as costas sem me despedir. Ainda havia uma chance de tudo não passar de uma bobagem.

No final do dia ele deu sinal de vida no hospital. Pedi para Claudia, a enfermeira que coleta o sangue, fazer esse favor para mim.

Com a coleta em mãos, saí, deixando Getúlio sozinho em minha sala. Nem se quer olhei para ele, o desprezo era grande. Mesmo que ele fosse meu pai, porque não impediu aquela louca de me abandonar, apesar que eu nem me imagino filha dessas pessoas.

O resultado sairia no dia seguinte.
Foram as 24 horas mais longas de minha vida.

Com o papel ja em minhas mãos eu pedia para que Deus não deixasse aquele pesadelo se concretizar em minha vida.

Cheguei em Minha casa mais cedo que o normal,  não queria que Pedro estivesse ali.

Resolvi tomar um longo banho antes de abrir o papel. Meu medo estava grande, são tantas evidências, que esse exame dar negativo seria um milagre.

Me enrolei no roupão, e com o secador em frente ao espelho comecei a secar  meu cabelo.

Olhando meu reflexo ao espelho comecei a perceber semelhanças entre mim e pedro. A cor do cabelo, dos ohos o sorriso.

Comecei a chorar, minha vontade era de nem abrir aquele papel, pois eu ja sábia o que estaria escrito lá.

Me sentei na cama, respirei fundo e abri. E SIM! Eu era filha de Getúlio e irmã do amor da minha vida.

Ouvi barulho na porta. Pedro entrou, eu amassei o papel e coloquei dentro do bolso do roupão.

-Oi amor, chegou mais cedo. -ele disse tentando me beijar.

-Pedro, pegue todos os seus pertences e vá embora. -disse aos prantos.

-O que houve, Laura? -Ele tentou me abraçar.

-Nada! Só quero que saia daqui ainda hoje. -Levantei me esquivando de seu abraço.

-Eu não te fiz nada, se alguém te falou algo sobre mim, algo que eu tenha feito pra magoar você, eu não fiz! -disse pegando sua mala.

-Va embora.

-Laura me deixa ficar, você esta muito nervosa. Me deixa ficar por favor.

-Acabou Pedro. Saia daqui.

Imediatamente ele começou a jogar suas roupas na mala e seus pertences pessoais. Não era muita coisa, mas cada dia que passava ele trazia algo diferente, e eu amava, amava ver as coisas dele junto às minhas. Eu o amo.

Eu sei que não é certo eu o abandonar sem ao menos explicar, mas não quero que ele saiba.

Assim que ele saiu eu desabei.

Meu SegredoWhere stories live. Discover now