A história de Flora

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Flora entrou correndo na biblioteca da casa de seu avô a procura de algo para ler quando viu o armário que sempre ficava trancado a chave totalmente aberto e com tudo revirado. Alguém muito distraído acabou por deixar uma pequena bagunça e ela não perdeu tempo. Movida pela curiosidade, não conteve seus passos.

Pegou um livro de capa preta e cujo título era seu próprio nome e sequer ponderou o que estava fazendo. Abriu o livro e foi abraçada pela escuridão.

Flora gritou, tentou correr, caiu e gritou novamente, mas só ouviu o eco da própria voz até que uma pequena luz apareceu ao longe, que aumentava à medida que ela se aproximava lentamente tateando o chão. Começou a vislumbrar o que a rodeava e percebeu que não estava em um cômodo da casa, nem em algum lugar comum. Estava dentro um sonho ruim.

Olhou para os lados e viu muitas palavras e letras flutuando ainda úmidas de tinta como gotas de orvalho. O chão repleto de letras caídas, quebradas, meio apagadas como se fossem pedregulhos espalhados pelo caminho arranhavam sua pele. Inacreditável.

O que antes lhe pareceu palavras sem ordem alguma começou a fazer sentido, Flora se aproximou de uma frase e a leu em voz alta:

"Existem livros que não podem ser abertos e histórias que não devem ser contadas."

As letras começaram uma dança hipnótica e rapidamente Flora foi enclausurada pelas próprias palavras em um aperto esmagador.

Estava presa em sua história.

Berenice e outros contosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora