Rito 1 - Capítulo 1

Começar do início
                                    

Decidi andar até outro bar, porém parecia não haver nenhum por perto. Percebi que estava perto do centro da cidade e então caminhei até encontrar algum lugar que eu sabia que poderia encontrar muita bebida. Havia uma boate que tinha iniciado as atividades em poucos minutos, a noite estava começando. A boate era grande e haviam poucas pessoas dentro. Sentei-me próximo ao balcão e pedi uma bebida, nem sei direito qual. Avisei ao garçom que iria ao banheiro e já voltava, deixei meu cartão com ele para que pudesse descontar as bebidas no final da noite, ele parecia estar meio desconfiado. No banheiro analisei meu rosto no espelho. Minha barba malfeita, meus cabelos castanhos estavam tão curtos que apenas passando a mão eles se ajeitaram no lugar, meus olhos negros emanavam cansaço, e minha pele branca parecia mais pálida ainda. Lavei o rosto, voltei para a mesa, e iniciei minha noite de derrota.

Pouco tempo depois a boate encheu e o garçom estava tão ocupado que sempre demorava a trazer a próxima bebida. Passei a noite observando as pessoas naquele lugar. Achava tudo e todos os seres mais desprezíveis, e me considerava o pior deles. O garçom passava de um lado para o outro atrás do balcão, preparando diversas bebidas, as pessoas vinham, pediam e levavam de volta para a pista de dança. Para dizer ao garçom o que queriam era preciso gritar, e eu tentava chamar sua atenção para pedir que me trouxesse logo uma garrafa de qualquer bebida mais forte. Senti meu telefone vibrar, o número era desconhecido.

—Alô?

—Oi, é o Dante? Dante Travis? – Dizia uma voz feminina ao outro lado da ligação.

—Pois não? – Eu já estava sem paciência, pois mal conseguia escutar o que a moça dizia, tive que aumentar o volume da ligação ao máximo e mesmo assim ouvia com dificuldade.

—Meu filho, ele... Não tem sido ele mesmo ultimamente... Já apelei pra diversos meios de fazê-lo voltar ao normal, mas... mas de nada adianta! Preciso do auxílio de seus serviços... – Cada pausa que essa senhora fazia, fazia a culpa doer ainda mais. Eu queria recusar, queria mesmo, mas todas as vezes que recebia esse tipo de ligação eu sabia que estava sendo o último recurso. Eu estava sendo o apelo de desespero dessas pessoas.

—Mande-me as informações e endereço nesse número e entrarei em contato! – Então desliguei imediatamente e queria desesperadamente um gole de algo!

O garçom apareceu em minha frente com um copo e me entregou, mesmo sem eu ter feito o pedido.

—Esse é cortesia! – Gritou o garçom apontando para o final do balcão.

Dei um gole, essa era bem forte, gostei! Olhei para onde o garçom tinha apontado para saber quem havia me comprado essa bebida. Eu achava essa boate bem acima do meu alcance, jamais fui frequentador de locais como esse, em que apenas pessoas "da alta" estavam, porém, ao olhar, lá estavam, aqueles olhos claros me encaravam, os lábios grossos abriram em um sorriso branco, uma pessoa arrumada e atraente. Talvez essa seja a distração que eu precise...

***

Acordei e minha cabeça pulsava, seu braço estava por cima de meu peito, sua pele negra era apreciativa, retirei o braço vagarosamente e me levantei, pude ver em seu peito uma tatuagem do símbolo das relíquias da morte, de Harry Potter, pude ver em seu pé, que estava descoberto, uma tatuagem de raízes de alguma planta. Queria saber melhor quem era essa pessoa, mas eu não podia me apegar, vi que sobre a mesa em uma pasta cheia de documentos, tinha um papel escrito: Rosas. Tomei um banho rápido e saí daquela suíte de um hotel do centro da cidade. Memorizei o número do quarto: 1220. Era a cobertura. Desci e tomei o café da manhã do restaurante do hotel. Lembrei-me da mensagem que eu deveria ter recebido. Peguei o celular rapidamente e li:

| Meu filho se chama Pedro. Tem 28 anos. Passou mal numa reunião do trabalho e desde então tem apresentado sinais de possessão ou esquizofrenia. Este é meu endereço: ... |

Achei curioso ele ter passado mal assim como Sara. A coincidência era peculiar. Esses pensamentos fizeram com que rapidamente eu pedisse para que colocassem as despesas na conta do quarto 1220 e então parti.    

  (No pôster: Dante)  

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

  (No pôster: Dante)  

PossessedOnde as histórias ganham vida. Descobre agora