Rito 1 - Capítulo 6

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As provas de que os Ulrich e sua empresa tinham algo relacionado a essas possessões era óbvio. Por isso que, ao sairmos da casa de Consuelo, Layla se ofereceu a procurar por quaisquer dados criminais que existissem sobre aquela família. Dani não estava se sentindo bem e disse que iria descansar um pouco, porém iria conversar com nosso antigo instrutor sobre possíveis ocorrências na região nos últimos anos. Eu então resolvi que iria conversar com Enzo, eu precisava entender aonde ele estava no meio disso tudo.

***

Aqui estava eu, encarando aqueles olhos grandes e verdes de Enzo, ele já tinha feito a barba e parecia um executivo, estávamos em um dos restaurantes que ficavam no interior do prédio da empresa. Ele tinha feito uma pausa no trabalho para me receber.

—Quero entender o porquê de meus cartões estarem sendo enviados junto com as flores dos funcionários que estão "doentes". - Eu perguntei. Enzo riu e disse:

—Eu achava que era uma brincadeira do meu pai, e também não sabia que você ficaria tão irritado com isso.

—Enzo, essas pessoas não estão doentes, existe algo maligno em torno disso tudo. – Eu tentei explicar para Enzo, porém seu telefone tocou, parecia urgente, ele teve que atender, pela forma que ele começou a falar parece que estava bastante preocupado, eu só pude deduzir que ele estava falando com seu pai.

—Lamento Dante, mas preciso sair, é um problema bem sério sobre a empresa e eu tenho que resolver. Mas quero terminar nossa conversa, e é claro, te ver novamente. – Ele se levantou e me deu um beijo rápido, me assustei com aquilo, ele deu uma risadinha e saiu. Esperei alguns segundos, levantei e o segui. Ele pegou o elevador, eu ainda tinha que passar meus dados na entrada dos elevadores para poder entrar. Enquanto passava os dados não tirava os olhos de qual andar o elevador pararia, o elevador parou no quarto, no sétimo e no décimo segundo. Eu disse que iria até o RH e a moça me indicou que seria no segundo andar. Ao entrar no elevador apertei no segundo, esperei a porta se fechar para apertar os mesmos que Enzo, quais eu tinha memorizado.

Os andares que paravam pareciam comuns e cada um tinham indicações, e nenhuma era presidência. Eu já tinha um palpite que a presidência só poderia ficar no décimo segundo andar. Como eu estava sozinho no elevador, a moça falou pelo interfone:

—O senhor passou do andar correto. – Fingi que não era comigo, a luz do botão que indicava o décimo segundo apagou e então a do segundo se acendeu, porém, apertei novamente.

—Senhor, o andar que está pressionando é fora dos limites de sua permissão – A moça dizia, mas eu ignorava.

Ela tentou desativar outras 3 vezes e eu apertava o botão novamente, até que o elevador parou. Provavelmente ela havia travado. Puxei as portas do elevador que se abriram sem muito esforço, e então pude ver, estava exatamente no décimo segundo andar, saí do elevador rapidamente e abri a porta principal logo em frente. Uma mesa, com um computador e um telefone estava na lateral da sala. Era a mesa de algum assistente, logo imaginei que seria a de Consuelo, mais na frente tinha outra grande porta e imaginei que ali estariam Enzo e o pai. Queria escutar o que falavam, mas nem precisou chegar muito perto, Enzo estava gritando, empurrei a porta de leve e o vi se contorcendo no chão, seus olhos estavam vermelhos e se encontraram com os meus, seus dentes estavam maiores, ele deu um berro, era algo indescritível. Seu pai o observava ao lado de um senhor negro de um bigode que cobria a boca, a cena era bizarra e absurda. Eu estava prestes a empurrar a porta para interromper o que quer que aquilo fosse, porém senti um puxão, braços fortes me agarravam com força, eram os seguranças do prédio...

***

Eu estava em direção a minha casa, mandei uma mensagem para Dani e Layla dizendo para me encontrarem lá. Enzo não parava de me ligar, não atendi. Ele deixou mensagens de voz, porém não era hora de escutar. Dirigi à minha casa lembrando de como aqueles guardas não foram nada amigáveis, porém consegui me safar dizendo que tinha errado o caminho e que achava que o elevador estava falhando e que eu tinha medo dessas tecnologias por isso quis fugir dali e estava na presidência procurando ajuda. Eles pareceram não acreditar, mas me deixaram sair. Cheguei em casa e a viatura de Layla já estava estacionada.

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