Cartas sobre a mesa

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— Está indo? — ouvi a voz de minha mãe e me virei no topo da escada. Aleksi estava um pouco mais atrás, encostado na parede ao lado da porta de seu quarto. Assenti, ela se envolveu com os braços, olhou para trás e suspirou se aproximando. — Promete que vai me deixar a par de tudo, certo?

— Sim. — garanti e ela acenou. Eu não disse mais nada, apenas virei e desci as escadas. Peguei meu carro e deixei a casa indo para a sala de reunião de Bratva, eu já me preparava para o que estava por vir. Meu pai reservou 12 dos quartos mais caros do melhor hotel de Moscou para receber os principais representantes de Bratva ao redor do mundo.

A entrada do prédio era espelhada, o estacionamento repleto de carros importados e modelos recentes, difíceis de encontrar. A recepcionista exageradamente gostosa me deu indício de como essa reunião iria terminar. Respirei fundo e empurrei a porta, no mesmo momento meu celular vibrou outra vez.

— Estou aqui, irmão. — fechei a porta e meu celular parou de vibrar em meu bolso.

— Ótimo! — exclamou —Agora a festa pode começar. — ele murmurou e nossa troca de olhar foi o suficiente para nos fazer segurar o sorriso. Me sentei na cadeira livre em sua frente.

— Boa tarde, senhores. — comprimentei olhando para os homens ao nosso redor, não obtive resposta, mas eu já esperava isso.

Molhei os lábios ajeitando minha postura, sentia o olhar de meu pai sobre mim, mas não o olhei.

— Acho que não precisamos de cena, todos aqui sabem a razão de estarmos presentes. Mas, temos dúvidas. Eu mesmo quero saber onde Petya...? — ele encarou Dmitry incerto, meu pai confirmou sua sugestão — E a garota mais nova estavam. Andrei? — o homem de cabelos grisalhos na ponta esquerda fez com que todos na mesa encarassem meu irmão.

— Bom, nós fizemos uma nota explicando. Em 2002 Moscou estava sofrendo sérios ataques, os Italianos estavam conosco em mira e Petya sofreu ameaças. Então, ele junto de Kape, que era o Brigadier da época, decidiram proteger Petya já que ela estava carregando um novo herdeiro.

— O médico da minha família garantiu que eu teria um herdeiro, então eu achei ideal protegê-lo. Cortamos relações por um tempo, descobri tarde demais que se tratava de uma garota. — meu pai se explicou e eu apertei a caneta entre meus dedos para evitar de acender um esqueiro e colocar fogo nele ali mesmo.

— E porque escolheram a Califórnia? — Andrei me encarou, essa não foi uma pergunta para qual nos preparamos, mas Newt, que foi quem perguntou, não fez para mim e sim para Dmitry.

— Que tipo de pergunta imbecil é essa? — soltei com ignorância. Esperava que alguém conseguisse responder para ter o efeito que eu esperava. — Alguém consegue responder essa dúvida estúpida?

— É distante da Rússia e distante da Itália. Não era um... Alvo? — o rapaz que foi eleito a pouco tempo em Miami respondeu, soando mais como uma pergunta. Bati a mão na mesa.

— É uma coisa meio óbvia, não acha Newt? — ergui uma das sobrancelhas o encarando, ele moveu os ombros.

— Eu pensei nisso, mas achei que seria melhor confirmar.

Era mentira.

Eu não pensei nisso, eu tinha 13 anos. Apenas pensei nos contêineres vazios e que talvez com alguns pacotes de salgadinhos eu daria conta de a manter viva.

— Tá, mas vocês registrou a garota? — outro perguntou e ele me encarou, ódio pincelando seus olhos antes de assentir.

— Sim. — respondeu antes de limpar a garganta e entregar os documentos que comprovavam para o primeiro da fileira em sua esquerda.

• NIKOLAI • 1º Livro da série de "Os Filhos de Bratva"Where stories live. Discover now