15. Você aceita, Hoseok?

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Sabe quando você acorda e sente que o dia não iria ser bom, sem nem ter saído da cama?

Taehyung sentia toda aquela vibração ruim lhe consumir por inteiro, e mal havia aberto os olhos.
Lá fora, o mesmo ouvia pingos fortes e estrondos horrorosos. Lá fora caia um dilúvio, e dentro de si também.

Hoje era aniversário de Hoseok, e a morte de seus pais o veio à tona, como um baú carregado de sentimentos, que nunca teve, mas queria carregar, para que Hoseok não aguentasse tudo aquilo sozinho. Não queria que o mais velho aguentasse mais nada sozinho, pois a partir do momento que começou a nutrir um sentimento forte e nada saudável por aquele balconista louco, nunca mais o deixaria enfrentar nada nem ninguém sozinho.

Só de imaginar o mesmo triste, sentia seu estômago revirar-se.

Jung Hoseok era um rapaz com um caminhão de deboche em suas costas, fodidamente sexy sendo ou não vulgar, uma áurea mega irônica e um tom carregado de sarcasmo, com uma personalidade forte, misteriosa, madura e independente. Em momento algum, nem nesse mundo e nem em outro, imaginaria o balconista chorando, triste, aos prantos. Mesmo nunca passando por algo que deixasse Hoseok assim, sabia que o mesmo não era disso, era forte, então mesmo em sua casa, imaginava como estaria o mesmo naquela farmácia, aguentando toda a dor das lembranças quieto, neutro, sempre se privando de demonstrar suas reais emoções.

O farmacêutico tinha um jeito estranho de ficar triste, ele nunca demonstrava. Talvez ele estivesse fumando agora, com uma xícara quente de café, em algum lugar privado que tivera entrado escondido, ou algo do tipo.

Hoseok era estranho, e não tinha medo de demonstrar isso.

[...]

Já era tarde da noite, beirando as nove horas, e Taehyung se encontrava preocupado.

Tivera ido até a farmácia levar um presente que havia comprado para Jung, mas o estabelecimento se encontrava fechado. Sendo que, aquela farmácia sempre estava aberta.

Kim decidiu colocar a caixinha azul marinho com o presente que esperava o entregar no bolso, cobriu-se com um casaco qualquer, pegou uma garrafa de vinho que se encontrava largada em sua geladeira e começou sua curta caminhada até um prédio velho, ao apartamento 102.

[...]

Hoseok estava em seu estado de fotossíntese naquele sofá, terminando sua segunda caixa de cigarros no dia, e eram nove e vinte da noite, ainda.

Odiava se lamentar no dia de seu aniversário por conta da droga de uma morte, que repetia várias vezes mentalmente que não o afetaria, pois agora seus pais estariam em um lugar melhor.

Eram boas pessoas, e estavam lá, sempre consigo, e simplesmente foram embora.

Hoseok não era infantil o suficiente para acreditar que foi abandonado, porque a morte uma hora vem para todos.
Mas a sua vida seria outra se eles ainda estivessem ali, o amando.
Talvez, se eles não tivessem mortos, Hoseok tivesse um trabalho melhor.
Talvez, se eles não tivessem morrido, Hoseok não teria se tornado alguém tão insensível.
Talvez, se eles não tivessem partido daquele plano, seu futuro seria algo feliz, e não algo monótono e nojento.

—Hoseok!

Foi tirado de seus pensamentos não saudáveis ao ouvir uma voz grossa o gritar na porta.

—Hoseok?! Olha, se você quiser ficar sozinho, eu entendo, mas não vou te respeitar!—disse Taehyung, fazendo o moreno rir.—Eu não vou embora até me certificar de que você está bem, e se não abrir essa porta, eu vou começar a gritar.

Hoseok levantou risonho e foi até a porta, destrancando a mesma e avistando um ser pálido, com um casaco maior do que si e uma garrafa de vinho tinto na mão.

—Eu já ia abrir, seu tonto.—riu.

—Ah, desculpa.—disse e deu um passo para mais perto do mais velho, sentindo sua respiração pesada.—Posso entrar?

—Pode...—Hoseok respondeu, e não havia notado que tivera suspirado.

Kim entrou e sentou-se no sofá, tirando os sapatos e levantando a garrafa de vinho.

—Servido?—perguntou, fazendo Hoseok rir e ir até a cozinha pegar duas taças, enquanto Kim abria o vinho na sala.

Depois de estarem sentados um ao lado do outro, bebericando do vinho de textura boa, por ser antigo, e suas cabeças inclinadas para trás, deitados nas costas do sofá, relaxando bem seus corpos não alcoolizados, Taehyung conseguiu se pronunciar:

—Parabéns, Hoseok.—disse, virando a cabeça e olhando para o mesmo.—Eu te trouxe uma coisa.

Deixou sua taça em cima da mesa de centro e enfiou a mão em seu bolso, pegando a caixa azul e abrindo a mesma.
De lá, tirou um cordão no formato de um "vira tempo", que era um objeto do filme Harry Potter, que Hoseok amava.

—Um vira tempo? Eu amei.—disse sorrindo largo, e desencostando-se do sofá, sendo acompanhado de Taehyung, que se inclinava para por o cordão no mesmo.

—Você não pode voltar no tempo com ele, mas quando estiver o usando, vai lembrar que todo o momento é valioso, e que deve ser aproveitado com intensidade.—disse após fechar o cordão em seu pescoço, deixando um beijo suave na pele dali.

Hoseok sentiu uma vontade forte e intensa subir pelo seu corpo, sentindo-se atiçado com aquele singelo toque. Não sabia se era porque estava sensível de mais naquele dia, ou se sua vontade de toca-lo fosse tão forte que estivesse disposto a fazer aquilo, naquele momento de luto.

—Hoseok...—Kim disse soprado contra o seu pescoço.—Eu juro, que não vou te forçar a nada, e que esse dia deve estar sendo uma merda. Mas, de todos do mundo, você é a pessoa que eu desejo que esqueça o quão mal o mundo é. Quero te deixar relaxado, e fazer ser aniversário ser lembrado de forma boa, e não de forma dolorida ao coração.—mordeu a pele clara daquele pescoço exposto.—Quero entreter você, naquela cama, nesse sofá, naquela mesa, naquele banheiro, naquela cadeira, naquele balcão, e em todos os lugares possíveis existentes nessa casa. Hoseok, você aceita?

Jung sentiu uma pontada forte no baixo ventre, e nunca teve tanta vontade de ser entretido de tal forma.
Ansiava com todas as forças por Kim Taehyung, o desejava de todos os modos, e com aquela oferta, naquele dia, tudo parecia ter mais intensidade.

—Eu aceito, grandão...

Senhor Camisinha ⁺ vhope (Revisão)Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα