7. Corrida

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TAEHYUNG

Já havia se passado duas semanas e alguns dias desde o meu primeiro encontro com Hoseok.

Durante essas duas semanas eu tenho visitado ele constantemente, de maneira estranha por sinal, pois eu tenho parecido um psicopata. Nestas minhas palavras não há um resquício de exagero, porque eu literalmente tenho visitado Hoseok todos os dias quando saio da faculdade.

Nós ficamos conversando até a hora do almoço chegar, ou às vezes eu levo um saco de jujuba que segura nossa fome até um pouco depois da minha hora de partir.

No começo meu irmão Baekhyun ficou um pouco decepcionado, realmente. Mas depois de um tempo ele começou a ir embora com Chanyeol, já que o mesmo havia ganhado uma moto em um sorteio de mercado, e o fato dele estar indo embora todo dia na garupa de uma moto bonita com um namorado orelhudo e charmoso o fez esquecer que eu deixava ele ir embora sozinho, ou ele até mesmo esqueceu da minha existência. Tenho minhas duvidas.

Eu admiro 10% do namoro do meu irmão, já que eles conservam com carinho esse relacionamento deles de dois anos. Entretanto, os outros 90% me deixam enjoado.
Baekhyun e Chanyeol são o típico "casal família". Aqueles que querem casar, adotar filhos e terem uma casa própria.

Eu nunca pensei nisso, porque a palavra "família" me faz pensar sobre a minha, ou qualquer outra família de um dorama cafona.

Se eu tivesse uma família, eu provavelmente teria que ter outro emprego, pois fotografar cabeças na rua não alimentaria as cabeças que eu teria em casa. E eu não me imagino em um emprego que eu não goste, chegando em casa tarde e cansado, olhando para a cara do meu marido com aquele "boa noite, amor" tão sôfrego, deitar e dormir, para no dia seguinte ter que fazer tudo de novo.
Educar crianças deve ser algo legal, inclusive vê-las crescer como você cresceu, e desfrutar do resultado da sua criação, mas eu não acho que eu sirva para isso, nunca achei.

[...]

Depois de ir mais um dia para a faculdade eu fiz o que me acostumei a fazer em duas semanas, ir ver Hoseok. Nós ficamos conversando como sempre e ele atendendo poucos clientes de vez em quando, e finalmente deu a minha hora de ir.

—Então, eu vou indo.—eu disse me despedindo de Hoseok.

—Ah, bonitão.—me chamou calmo quando eu já estava de saída, o que me fez voltar.—Tem compromissos para hoje à noite?

—Hoje é sexta, então... Acho que não.

—Conhece um mercadinho caído aqui da rua de trás?

—Conheço...

—Me encontre na frente dele hoje as meia noite.—disse pegando seu livro para voltar a ler, e antes que eu abrisse a boca para questionar algo, ele voltou a falar.—E se você for reclamar da hora ou perguntar o por quê de tão tarde eu vou mudar de ideia.

—Tudo bem senhor Jung, até mais tarde.—eu disse sorrindo ladinho e abrindo a porta. Hoseok apenas sorriu sacana ao me ver sair da farmácia e voltou a ler.

[...]

Eram onze e quarenta da noite, quase virado a sexta, então eu decidi sair de casa.

Eu não estava com medo de ir encontrar Hoseok na frente de um supermercado antigo em uma rua deserta na madrugada, claro que não.

Mas não é normal uma pessoa marcar um encontro assim, não é?

A essa hora, naquele lugar, naquela rua.

Depois de quinze minutos andando eu avistei o mercado e uma miniatura de pessoa com uma garrafa na mão saindo de dentro do mercado, correndo.

Uma pequena observação: O mercado estava fechado a essa hora, por que Hoseok estava correndo de dentro dele?

Eu vi o moreno baixinho cada vez mais perto, e quando eu achei que ele fosse parar para se explicar ele apenas pegou na minha mão e me puxou correndo.

—Corre Taehyung.—ele disse me puxando rindo mínimo tentando correr e me carregar junto. Eu era maior e mais forte, Hoseok era uma miniatura de gente, do tamanho do meu irmão.

—Por que?—eu disse andando e sendo puxado, e ele queria que eu corresse.

—Só corre!—ele disse soltando minha mão e voltando a correr, então eu fui atrás dele correndo também.

Nós corremos muito, muito mesmo. Nós fomos até o final da rua correndo e viramos a esquina, e depois de virar essa esquina e correr mais um pouco Hoseok parou de correr e se apoiou nos joelhos, tentando achar o ar que provavelmente havia perdido naquela corrida.

Hoseok vestia uma camisa branca três vezes maior do que ele. A camisa era tão grande que chegava em suas coxas, e nela tinha o desenho da Princesa Jujuba e a Marceline do desenho "Hora de aventura" em um beijo que provavelmente não teria no próprio desenho, e em cima do desenho estava escrito "Bublinne is real". Hoseok também usava uma calça preta apertada em suas pernas e um all star preto que o deixava fofo.

—O que está acontecendo, Hoseok?—eu perguntei quando ele voltou a andar calmamente, como se a pouco tempo nada daquela corrida por toda a rua tivesse acontecido.

—Nós estamos em um segundo encontro, oras.—disse como se fosse óbvio.

—Que garrafa é essa na sua mão?

—Vodka.

—Da onde saiu essa Vodka, Hoseok?

—Eu roubei.—disse simples olhando para o céu e andando para algum lugar desconhecido por mim.

—Você o que!?—gritei.

—Roubei, me anjo. Quer que eu te explique o que é roubar?—disse com um sorriso sínico. Isso explica o motivo de sua correria.

—Você roubou daquele mercado acabado?

—Exatamente.—disse e quando eu percebi estávamos de frente para uma grade, que era a proteção fajuta de um prédio abandonado.

Hoseok colocou a Vodka no chão e começou a escalar a grade, o que me deixou sem entender.
Quando Hoseok já estava alto o suficiente na escala da grade, eu tive uma visão privilegiada de sua bunda, que estava bem marcada por aquela calça apertada, o que melhorou muito porque Hoseok andava rebolando, então ao subir sua bunda ia de um lado para o outro muito bem empinada.

—Cuidado para não cair na sua baba espalhada pelo chão, Taehyung.—disse olhando para baixo procurando meu rosto apenas para rir de mim, e pulou para o outro lado da grade.—Anda, me passa a Vodka pela grade e depois pula.

Eu não estava entendendo absolutamente nada, então só obedeci. Na verdade, não estava entendendo desde que essa noite louca começou.

Depois de passar a garrafa pela grade eu pulei e vi Hoseok longe, entrado em um prédio abandonado e escuro.

—Ei, Hoseok! Cadê você, seu maluco?—eu disse entrando no mesmo prédio que ele.

Eu não conseguia enxergar muita coisa, pois o inferior do prédio era iluminado apenas pela luz da lua.

Droga.

Senhor Camisinha ⁺ vhope (Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora