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— Olha aqui, eu lhe agradeço muitíssimo... - Clarke disse irônica assim que viu a morena  adentrar a porta do quarto onde ela se encontrava. — Mas eu quero ir embora daqui e você não pode nos manter em cárcere! - Soou firme, e não conseguiu esconder sua irritação ao ouvir a gargalhada da morena, que caminhava devagar dentro do pequeno cômodo, mantendo suas mãos atrás de suas costas.

— Qual é a graça? - Perguntou cética, sem temor algum, ainda que soubesse que a outra tinha posse de uma arma de fogo. — Olha, se você acha que irá pedir resgate te aconselho a desistir da ideia, porque eu sou pobre! - A loira disse alto, dando ênfase à última palavra, e sorriu sem graça, sentando na beira da cama para logo agarrar o filho, que estava de pé sobre a mesma, apenas observando a conversa entre as duas. Clarke observava atentamente a mulher que caminhava de um lado para o outro, demostrando impaciência, mas desviou o olhar assim que ela a encarou e começou a caminhar em minha direção. Nesse momento um calafrio percorreu por todo meu corpo da loira, assim que a floresta beijada pelos raios solares matutinos em forma de olhos, cravaram sobre si. Clarke não sabia exatamente o porquê, mas aquilo havia lhe incomodado, afinal ela não costumava ser intimidada daquela forma, a prova disso é que ela enfrentava a morena, sem qualquer arma, além de suas afiadas palavras contra ela.

— Cárcere? Sequestro? Resgate? - A voz debochada da morena fez Clarke olhar na sua direção, porém mudou rapidamente o foco assim que a maior desviou o olhar do teto para ela. — Por que você insiste nisso quando eu sou seu herói? -  A morena ergueu as sobrancelhas e abriu os braços, mostrando um riso de boca fechada, antes de olhar diretamente para o pequeno garoto nos braços de Clarke, que percebeu o olhar fixo em si e ficou um pouco mais cabisbaixo, e se retraiu; agarrando firme no tronco de sua mãe quando ouviu os passos da morena ir em direção a eles.
Ela chegou até a margem da cama, ficando diante de Clarke e de seu filho, ainda mantendo as mãos atrás de si. A loira engoliu o nada a seco, se perguntando o que diabos ela iria fazer, e porque fitava fixamente o garoto. A lembrança da última pessoa que estava com as mãos nas costas para logo sacar uma arma e atirar no menino a invadiu em cheio, juntamente com a lembrança do namorado sendo atingido, Clarke sentiu o aperto no peito se intensificar ao pensar que poderia ter sido o seu filho e não Bellamy, e com isso ela não deixou de estranhar o fato de somente naquele momento se lembrar do que houve com ele e não conseguir sentir nem cinco por cento do sentiu ao cogitar que pudesse ter sido seu filho.
Clarke saiu do seu devaneio assim que percebeu a morena se mexer e o filho também fazer movimentos sobre seu colo, e assim que olhou para a morena, se surpreendeu ao vê-la agachada diante de seus joelhos, enquanto tinha uma mão estendida para o garoto. Assim que a outra mão enfim deixou suas costas, Clarke arregalou os olhos, antes de fecha-los com força, temendo o que veria, mas assim que os abriu e vislumbrou apenas um leãozinho de pelúcia, ela se permitiu soltar o ar que prendia. A pequena cópia de Clarke encarava o bichinho com um brilho estampado olhos, ele queria pega-lo, mas não o faria, porque eu não havia sido autorizado e temia a morena, que elevou os olhos para fitar a loira, como se pedisse por sua ajuda, enquanto empurrava a balançava o pequeno e felpudo bichinho em direção ao menino.

— Pegue! - Clarke ouviu ela incentivar o loirinho a pegá-lo, mostrando um sorriso diferente de todo os outros que a loira havia visto durante o tempo que elas estavam convivendo juntas. Não havia deboche, nem mesmo esforço, ela parecia sorrir sem sequer perceber isso, e sem querer Clarke se perdeu por um momento no sorriso da morena, que continuava balançando de forma a pequena pelúcia amarelada, o que fez a loira sorrir minimamente. — É seu! Eu trouxe para você! Pegue! - Insistiu a morena, porém encarando Clarke, que ligeiramente fechou a cara ao se dar conta que estava sorrindo para a mulher que a estava mantendo prisioneira. A morena voltou olhar para o garoto, que levantou a cabeça para encarar a mãe, como se pedisse sua opinião, embora ele já tivesse a própria decisão, pois os olhos pedintes e o sorriso camuflado não passou despercebido pela loira, que não tendo como negar assentiu com um leve balançar de cabeça e posteriormente plantou um beijo estalado no topo da cabeça do loirinho, que voltou a a pelúcia e a morena que a segurava.

— Pegue, filho! - Clarke resmungou, dando um leve empurrão no menino, que puxou o bichinho de forma rápida da mão da morena, para tocar receoso o pequeno e arredondado animal peludo. A morena sorriu ao ver a reação do menino, e se colocou de pé, colocando a mão dramaticamente às costas, enquanto se levantava e lamentava por ter ficado tanto tempo agachada. Ao perceber o garoto sorrir da sua situação, ela continuou grunhindo de maneira exagerada e ainda mantendo o tronco dobrado, até mesmo quando deu alguns passos, arrancando até mesmo um sorriso de Clarke, que libertou o filho de seus braços. Assim que o menino percebeu a mãe sorrir, ele se levantou da cama e timidamente esticou o leão na direção da morena, que fingiu ter medo, enquanto corria lentamente ainda na posição de um idoso. Clarke fechou o sorriso contínuo, assim que o olhar da morena cruzou com o seu e novamente questionou o que estava acontecendo com ela, que deveria aproveitar aquele momento de distração de sua captora para bater alguma coisa em sua cabeça; deixando-a desacordada para fugir ao invés de está sorrindo igual pais abobados com os primeiros passos e palavras de seus filhos, o que estava longe de ser comparado, já que a mulher era uma desconhecida para ela e aparentemente perigosa. Quando voltou a si, Clarke viu a morena, que estava com posse do leão enquanto fazia uns sons estranhos no intuito de imitar um rugido, correndo atrás de seu pequeno, que gargalhava alto, já vermelho devido a sua correria e certamente por sorrir demais, o que fez Clarke, sem querer outra vez sorrir, e deixar uma lágrima escorrer por seu rosto.
O seu filho não tinha muitos amigos, não era muito sociável, e as poucas vezes que ela já o tinha visto sorrir era quando estava na companhia de Bellamy, mas nunca da forma tão real, explícita e voluntária. A loira sempre sofreu apenas por imaginar o terror que seria a adolescência do filho, certamente seria tão sôfrega quanto a própria, o ensino médio havia sido o pior pesadelo de sua vida, ela desejava morrer, e se não fosse por sua amiga Octavia a defender das várias garotas e até alguns garotos, que atacavam constantemente, certamente a loira teria cometido suicídio. Após o episódio do dia anterior, ela pensou no dinheiro que não tinha, para ter que custear os gasto psicólogico com o menino, que ela tinha certeza que iria crescer traumatizado; tendo frequentes pesadelos, mas ele estava o loirinho magrela correndo e brincando com ela.
Clarke olhou para os dois, vendo que agora era seu filho que tinha a posse do bichinho e corria atrás da morena, que saltitou e gritou de um jeito escandaloso, fazendo a loira de expressão fechada sorrir outra vez enquanto assistia a cena. Clarke passou o dorso de sua destra nos olhos, secando a já inexistente lágrima, e balançou a cabeça freneticamente para os lados, ficando séria quando formulou sem perceber ela, o filho e a morena como uma família em seus pensamentos.

— Eu me rendo! Eu me rendo! - Os gritos em meio à risadas da morena junto a do menino, que estava em cima dela, a "atacando com a fera", trouxe a loira de volta a realidade outra vez. Ela se levantou da cama, e só então, os dois, que estavam jogados ao chão, pareceram notar que ela estava no quatro, cessando suas gargalhadas aos poucos, tentando se recompor, pois ambos estavam suados, descabelados, com as respirações descompassadas.

— Agradeça a moça, Aden! - Clarke vestiu a melhor carranca e se obrigou a dizer, fazendo os dois a fitar outra vez. Aden levantou-se de cima da morena, que sentou, se escorando nos braços jogados para trás de si. O menino também sentou-se, de frente com ela, passou a mão esquerda em sua testa suada, jogando o cabelo úmido que, que estava grudado sobre a mesma até seus olhos, para trás, antes de imitar a pose dela.

— Obrigado é... - Ele olhou para Clarke e posteriormente para a mulher em sua frente, como se buscasse por alguma outra palavra ou resposta, que não encontrou. Sua boca continuou entreaberta, enquanto ele coçou seu cabelo escurecido pelo suor, franzino a testa, e ao baixar a cabeça, ele murmurou:

— Moça?

— Lexa! - A voz arrastada da morena se fez presente, atraindo o olhar de ambos para si. Aden sorriu fraco, ainda olhando a moça em sua frente, que retribuiu o sorriso. — Meu nome é Alexandria, mas prefiro apenas Lexa!

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A Novata de PolisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora