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Sem se importar com qualquer outra coisa Clarke correu em direção ao seu filho. Para qualquer outra pessoa que observava a cena veria uma mulher correndo numa imensa velocidade, mas para ela tudo parecia estar em câmera lenta, ao contrário de seu desespero que só aumentava a cada segundo e a cada passo dela e de seu filho. Enquanto as pessoas que estavam na escola saíam correndo para longe, pessoas curiosas chegavam ao local formando rapidamente uma multidão.
Enquanto mirava sua arma no garoto, Roan não percebeu Bellamy se levantar mesmo com dificuldade e empurra-lo, fazendo com que o disparo fosse contra o chão.
Ao ouvir o disparo Clarke involuntariamente freou os pés no chão e fixou seus olhos em Roan, que estava cercado por algumas pessoas, enquanto outras estavam socorrendo Bellamy. Roan recuou totalmente aturdido, os empurrando enquanto corria em direção à sua barulhenta motocicleta; estacionada do outro lado da rua.
Ao se virar para ver o filho, Clarke vislumbrou apenas um carro parar e logo dar partida, saindo em alta velocidade, e seu filho desaparecer.
Percebendo que o garoto estava no carro, a loira levou as mãos até a cabeça, desgrenhando seus fios médios, que estavam presos em uma trança, enquanto ouvia distante a sirene de uma ambulância.
Desesperada, ela começou a correr atrás do carro, não o perdendo de vista, ou pelo menos a poeira da pavimentação danificada da cidade. Mesmo sentindo a ausência de oxigênio devido a agitação e a desregulação de sua respiração e a exaustão física, a loira continuou correndo, e acelerou os passos, mesmo sentindo que suas pernas iriam ceder a qualquer instante, após ver o carro frear bruscamente próximo ao hotel Chic's.

Diminuindo as passadas sem sua permissão, Clarke viu, ainda distante a porta ao lado do motorista ser aberta. Seus batimentos se intensificavam mais, sua respiração ofegante totalmente descompassada buscava por oxigênio, que parecia não existir. Os passos da loira foram diminuindo a medida que chegava até a porta aberta do carro, onde ela praticamente caiu, mas sorriu abobada ao ver o filho assustado e desajeitado sentado colo de uma uma mulher, que de maneira grossa gritou:

— O que está esperando? Um tiro? - Havia zombaria em sua voz, mas Clarke estava fraca demais para ao ouvi-la. — Vamos entre logo! Não tenho o dia todo. - Após franzir o cenho e abrir a boca em busca de oxigênio, Clarke que tinha o tronco sobre o banco, enquanto tocava as pernas do garoto, se ergueu com dificuldade e entrou no carro, que teve a porta fechada bruscamente pela dona, que deu partida, que fez Clarke sobressaltar não só pelo som da porta sendo trancada, mas também pelo toque do braço da grosseira garota ao dela, quando a trancou.
Ao olhar para os pequenos prédios velhos pelo vidro da porta, Clarke olhou para o garoto aterrorizado, e o arrastou até seu colo, verificando se realmente ele estava bem. Ela beijou a testa do grupo, já suas mãos buscavam qualquer resquício de ferimento, mas fisicamente ele se encontrava bem.

— Está tudo bem, filho! Você está bem! Nada vai lhe acontecer! - Clarke falou mas para si que para o menino, e após aperta-lo ainda mais ao seu corpo, ela olhou pela primeira vez para o rosto da mulher ao volante. Ao perceber que se tratava apenas de uma garota talvez até mais jovem que ela, a loira arregalou os olhos enquanto seu "queixo caía".
A jovem morena de cabelos médios castanho avermelhado, que estavam soltos, sob um boné verde com uns detalhes preto, sorriu leve ao perceber sobre si o olhar demorado da loira, que descartou qualquer possibilidade que pensou em tentar contra a garota quando constatou que ela certamente era mais nova, e por isso mais fraca, ao perceber que ela era maior e fisicamente bem preparada, já que sorrateiramente a loira a observou passar uma propositalmente por cabelo, dando a visão de suas costelas a mostra na lateral da regata preta folgada, e também de seus músculos visivelmente definidos. Ao colocar a mão no volante, a alça da camisetas caiu sobre seu deltóide, mostrando parte do sutiã creme, o que fez Clarke rapidamente mudar o foco de sua visão, porém não melhorou muito, já que seus olhos traiçoeiros fixaram no jeans surrado e rasgado que mostrava extensões das coxas bem torneadas da morena, que tinha um par de coturnos grande que cobrindo seus pés também negros. Ela mascava um chiclete de uma forma irritante; com a boca entreaberta, fazendo um som alto, que fez Clarke desviar o olhar de suas pernas e encarar a estrada, se incomodando rapidamente ao perceber que elas estavam deixando o centro de Polis e adentrando o perigoso e "independente" povoado de TonDC. Ao se imaginar naquele local várias coisas passaram pela cabeça da loira, que voltou a olhar para a morena. Clarke engoliu à seco, se agarrando mais ao seu filho, que ainda parecia em estado de choque, ao se recordar que o fim do pai dele havia sido naquele povoado.

— Para onde você está me levando? - Clarke ousou perguntar, embora soubesse exatamente a resposta. — Hey! Para onde estamos indo? - Perguntou alterada, observando a jovem dar de ombros e levar a mão ao som; ligando o mesmo e ignorando totalmente. Era muita coisa para a loira assimilar, ele sempre se culpou por não conseguir se dar aquela relação da mesma forma que o moreno demostrava e estava sempre ouvindo de todos a sua volta, com excessão da sua mãe, o quanto ela não o merecia, e havia descoberto que ele se aproximou dela para matar seu filho, que Roan havia tentado e no momento ela estava dentro de um carro com uma desconhecida, que certamente tinha um suicídio em mente, já que praticamente voava sobre a pista.

— Para onde está nos levando? - Clarke exigiu saber outra vez. — Você é surda? - Suspirou irritada ao ser ignorada. — Pare a porra desse carro agora! Pare o carro! - Berrou, começando a se mexer inquieta e consequente sobre o banco, enquanto deixava sua mente paranóica trabalhar, enquanto observava de soslaio a morena abrir e fechar a boca, mascando tranquilamente seu chiclete.

— Pare esse carro agora! Me deixe sair! - Pediu. — Você não irá nos matar! Ouviu? - Num ímpeto de coragem tocou o ombro da morena, a balançando, tentando extrair a atenção dela para si. A garota atrás do volante apenas levou sua mão até a da loira e apertou seus dedos gélidos e finos sobre a rechonchuda da loira, para logo empurrar a mesma para longe de so, sem encará-la.

— Não irei permitir que você nos mate - Clarke automaticamente se afastou ao ouvir a morena, e passou sua mão, por cima da cabeça de Aden, que deitou-se involuntariamente, direção a morena. Posteriormente levou a outra também, juntando as duas ao pescoço da outra, passando a apertar firme, fazendo ela tossir, se mexer inquieta no banco. O boné caiu sobre suas pernas e posteriormente encima de suas botinas, consequência dos movimentos delas e do carro que começou a ziguezaguear na pista, repleta de buracos, graças a machas desnecessárias, ela estava perdendo o controle.

— Ficou louca, garota? - A maior gritou, fazendo com que a loira retirasse suas mãos de seu pescoço esguio e involuntariamente saltasse devido ao susto, assim que ela conseguiu levar as mãos ao porta lugar e retirar um revólver. Clarke agarrou p filho, que estava atônito e passou a observar de esgueira a jovem massagear seu pescoço com a sestra, ainda tossindo.

— A única pessoa que irá nos matar é você, idiota, se continuar fazendo isso! - Disse, ainda apertando alguns de seus longos dedos no próprio pescoço, enquanto os livres seguravam a arma contra sua palma. A velocidade foi diminuindo pouco a pouco, enquanto a morena pela primeira vez encarou a loira, que engoliu a seco assim que se deparou com o par de olhos esverdeados, que inexplicavelmente lhe prendeu, até que o garoto se mexeu em colo. Isso fez Clarke olhar para o menino, que havia se virado para a porta, e se encontrava encolhido sobre ela, que o aconchegou em um apertado abraço.
Olhava sorrateiramente para a motorista, Clarke a observou cuspiu o chiclete em direção aos próprios pés e bufar, travando o maxilar antes de lançar um olhar demorado na direção da loira, que rapidamente olhou para baixo, prendendo a respiração, sem sequer perceber ao ouvir a voz da garota ao seu lado questionar:

— Por que eu mataria vocês depois de ter salvo suas vidas, arriscando a minha?

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A Novata de PolisWhere stories live. Discover now