ACT.IV: Climax

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O IRMÃO DE ISAK DECIDIU NÃO DEIXA-LO EM PAZ HOJE. A verdade é que ele está sentindo muito a falta do pai e ainda não compreende que não poderá mais encontra-lo. Como uma criança de sete anos poderia simplesmente aceitar que a saudade existe e que devemos aguenta-la? Nem mesmo os adultos conseguem fazer isso, não importa a idade.

Nem mesmo Isak consegue fazer isso, em se tratando do assunto, e ele prende a respiração junto com as lágrimas para tentar acalmar o irmão menor. Ao suspirar, ele abaixa a cabeça para se recompor e a ergue novamente com seu melhor sorriso. Buscando transparecer tranquilidade, ele conta a Mick que não poderá ver o pai.

"Mas po' que não?" Mick não se convence.

"Ele é diferente de nós agora... ele..." Isak tenta organizar seus pensamentos para não dizer algo muito forte ao irmãozinho. Deseja que sua mãe chegue o mais rápido possível.

"Eu quero voltá na ôta casa. Acho que ele ainda tá lá", ele assente repetidas vezes e olha para o irmão mais velho. "Só pode ".

Isak sorria com a inocência de Mick.

"Bem..." Isak decide fazer mais uma tentativa. "Ele está em um lugar diferente agora, maninho. Um lugar bem mais... bonito do que você possa imaginar."

"Como você sabe?" Mick tinha os lábios baixos e os olhos esbugalhados, completamente atento ao irmão.

"Ah... porque ele me disse..." Isak imediatamente se lembra da fala da peça e, quando isso acontece, não consegue evitar que seus pensamentos tragam Even também, junto com um sentimento de esperança que lhe faz abrir um sorriso, "... em um sonho", ele completa.

"Ei, po' que ele ainda não me disse?" a voz de Mick soa esganiçada, trazendo um pouco de rouquidão que Isak acha extremamente engraçado. Pelo segundos que se passaram, a tristeza foi dissipando e a saudade foi diminuindo. Continuaram a conversar e Isak ria das reações do irmão. "Mas eu ainda acho que ele vai pocurá a gente na ôta casa", diz Mick com o dedo levantado, os olhos ainda esbugalhados.

Isak e Even não se falaram desde o ocorrido. Se antes Isak estava nervoso com Even, agora ele estava completamente constrangido. Não conseguia olhar para o garoto sem se lembrar do ocorrido. E não conseguia, também, suprir essa emoção esquisita que sentia sempre que algo lhe lembrava de Even. É como se fogos de artifícios preenchessem seu peito e ele sentira como se fosse explodir de felicidade, então sorria largamente; ao mesmo tempo, ele ficava extremamente ansioso quando Even estava no mesmo espaço que ele e isso o fazia ficar um pouco triste.

Que coisa engraçada, não? Quando se lembrava de Even, ficava feliz; mas quando o via, ficava triste. Isak não compreendia esse sentimento e era isso que o aborrecia tanto.

Even, por outro lado, não via a hora de encontrar Isak e continuar com os ensaios, mas se sentia frustrado toda vez que ele olhava para o garoto com intenção de lhe cumprimentar e Isak simplesmente virava a cara ou fingia que não o vira. Já até havia pensado em desistir da peça por conta disso, mas sabe que essa é a única coisa que ainda está unindo-os e não quer perder essa amizade. Já está se apegando a ele, de alguma forma.

Então, em um impulso de coragem, Even aproveitou o momento em que Isak estava sozinho na escola e foi até ele com a seguinte pergunta: "Você não vai mais falar comigo?" Seu tom não era de cobrança, mas de mágoa. Isak o encarou sem saber o que dizer e, ao virar o olho, respondeu:

"Te vejo na aula de teatro".

E assim passaram-se mais dois dias de silêncio até que finalmente chegou a tal aula de teatro. Even se manteve em seu canto, não queria aborrecer Isak, mas não deixava de encara-lo. Isak, que já havia percebido os olhares, fingia que não sabia de nada e tentava se concentrar em ser indiferente.

An Act of Kindness (EVAK Short Fic)Where stories live. Discover now