An Act of Kindness (EVAK Short Fic)

ACT.III: Tension

ISAK SAIU DA AULA DE TEATRO TÃO RÁPIDO QUANTO ENTROU. Ele estava tendo dificuldades de lidar com Even, mas não gostaria de admitir isso. Queria fingir que estava tudo bem e que ele estava levando as coisas "numa boa", mas a verdade é que ele se sentia bastante nervoso próximo do outro e não gostava de se sentir assim.

Even até tentou puxar assunto durante o treino de reflexo da aula, quando Isak e ele estavam imitando um ao outro, mas não obteve sucesso. Não foi correspondido e sorriu torto por isso. Isak se desculpou dizendo que estava com a cabeça a mil e que não entendia no que esse treino de reflexo ajudaria na atuação.

"Ok, amadinhos. Agora é a hora pela qual esperamos o semestre inteiro!" disse Vilde locomovendo-se pelo palco, que estava preenchido por seus alunos. "Bom, talvez vocês não esperem, mas eu, certamente, sim", sorriu desdenhosa. Pegou uma cadeira e colocou no centro do palco enquanto os alunos formavam uma roda ao sentar-se no chão. Vilde se sentou de pernas abertas, com a cadeira virada de costa, e segurou o encosto ao explicar:

"No teatro, nós fazemos uma apresentação muito especial de nós mesmos: cada um vem aqui na frente, fala seu nome e sua história; não como se fosse uma narração, mas já atuando. Eu preciso que cada um de vocês pense em alguma repercussão de sua vida que tenha sido bastante emocionante. Alguma coisa forte e intensa".

Even e Isak, que haviam se sentado em lados opostos, começaram a pensar sobre isso. A imagem de seu pai rapidamente veio a mente de Isak e ele não sabia se seria uma boa ideia falar sobre isso. É algo muito íntimo. Mas também... não é nenhum segredo. É o momento mais forte de sua vida. Gostaria mesmo de compartilhar com todas essas pessoas?

"Lembrando que esse momento é de puro sigilo, ok, amadinhos? Nada de ficar contando pros outros por aí. Finjam que estão em Las Vegas e o que for dito aqui morre aqui." Todos assentiram ao ouvir o aviso de Vilde. Com certeza ninguém gostaria de quebrar suas regras. "Então, quem quer ser o primeiro?"

Ninguém se manifestou, é claro. "Vou ter que sortear mesmo?" Vilde levantou-se com seu sorriso desdenhoso. "Meu dedinho tá ficando nervoso", ela o balançava na frente dos alunos como se esse fosse um imã procurando por algum metal.

"Eu vou", levantou-se Noora, como que para servir de exemplo.

"Essa aí ganhou um ponto já", disse Vilde ao se sentar no lado do último aluno do círculo. Murmúrios de reclamação foram ouvidos e a professora deu de ombros contente com a provocação.

"Oi, meu nome é Noora", começou a aluna de cabelos loiros e curtos que Even achou adorável. Isak, por outro lado, teve a impressão de que ela seria uma pessoa chata. "Minha história é um pouco clichê", ela riu baixinho e escondeu suas mãos debaixo das coxas, "é sobre meu primeiro amor."

"Own" e "ah" foram escutados no círculo.

"Gente, por favor", Vilde interviu, "vamos assistir a apresentação da colega. Depois a gente bate palma, chora, brinca... agora, vamos ouvir, tá, amadinhos?" com um olhar encorajador, ela pediu para Noora prosseguir.

"O nome dele era William e..." ela se esforçava ao máximo para manter o sorriso, o que incomodava Vilde, "...e ele quebrou meu coração. De várias maneiras. Mas eu estou bem", ela deu de ombros, como se não fosse nada. Agora, sim, Vilde estava alterada, e demonstrava isso ao fazer:

"Huh-huh", balançou a cabeça em sinal de reprovação. "Conte-nos como foi", pediu ela, "mas deixe seus sentimentos emergirem. Nada de trancafiar os sentimentos no teatro, eles são essenciais para a peça", disse a última frase para todos.

"Ok", Noora sorriu e ajeitou o cabelo atrás da orelha. A partir daí, começou a contar sobre a relação difícil que teve com o garoto enquanto Vilde a interrompia e pedia para que ela se permitisse sentir, reviver, experienciar. Ao final de sua apresentação, Noora estava chorando copiosamente e os demais estavam atônitos com a maneira como ela retratava as falas e os acontecimentos. Isak sentiu vergonha alheia. Even ficou preocupado.