Frisson

3.6K 306 2.2K
                                    

QUERIDOS LEITORES, SEJAM BEM VINDOS!

1. Não romantizem comportamento abusivo, o texto é narrado em primeira pessoa, e a vítima muitas vezes se sente perdida, sem saber o que fazer, por isso ela escolhe a tolerância com atos abusivos;

2. Não responderei às críticas a menos que sejam enviadas por mensagem privada;

3. Apesar de usar a realidade brasileira como pano de fundo, tomei algumas liberdades poéticas em relação ao funcionamento do legislativo e do judiciário. Já deixo avisado;

4. Sobre a narração: é proposital. Existem partes em primeira pessoa, em terceira e por aí vai. E não, eu não vou assinalar quem está narrando, porque não é essa a proposta. Aqui vocês precisam  ouvir a voz dos personagens para identificá-los. E sim, eles são diferentes.

Boa leitura! ♡♡♡♡♡
*************

Joguei meus sapatos no banco traseiro do carro. Meus pés ardiam, castigados após um dia intenso de trabalho no qual, infelizmente, não fiz mais que escrever sobre acidentes de carro e incêndios. Não é que eu menospreze tais tragédias, porém não são exatamente assuntos sobre os quais eu gostaria de dissertar.

Desatei o coque do cabelo para deixar os fios livres da pressão do penteado, olhei no espelho retrovisor de meu carro e com o auxílio de um guardanapo, retirado de uma embalagem que eu guardava no porta luvas, removi o batom que enfeitava meus lábios.

Um serial killer. Um assassino cruel e maldoso que causasse alvoroço, era o tipo de matéria que no intimo eu almejava cobrir, e era do que essa cidade sem graça necessitava. Apesar de não ser uma cidade pequena, também não era grande e muito menos movimentada.

Tirei o par de chinelos da bolsa e calcei. Era sexta-feira e eu faria o que devia fazer: ir a um bar e tomar toda a cerveja que coubesse em meu estômago.

Era minha vida depois após me graduar em jornalismo, depois de afortunadamente conseguir emprego e não arranjar um namorado. Sim, a solidão era minha companheira constante, afinal eu morava sozinha. Meus pais, um casal saudável e feliz, residiam em um bairro distante, e meu irmão mais novo, que morava com eles, cursava Medicina em uma Universidade Federal.

Saí do carro e tranquei a porta.

Uma pétala de rosa veio pairando pelo ar e aterrissou sobre o capô do veículo. Era amarela. Analisei aquele pedaço de planta por três segundos e a joguei no chão. Era bela, mas não tinha muita serventia sem o restante da rosa.

Entrei no bar pouco movimentado do outro lado da rua, sentei em um pequeno banco frente ao balcão e pedi cerveja barata. Suco de milho, todos brincavam com o fato de a cerveja ter a fórmula vagabunda.

É eu concordava, mas o importante era servir como distração passageira e barata, quando queria cerveja boa procurava alguma artesanal.

Iniciei a inspeção das mensagens em meu celular e não encontrei mais que coisas triviais. Respondi o que precisava ser respondido, liguei para quem esperava uma ligação, depois descansei o celular sobre o balcão, e em seguida pedi mais uma garrafa do líquido gelado.

Tomei mais um gole do que recém havia despejado no copo americano e senti meus músculos relaxarem, fitei a TV em um suporte, transmitiam uma reprise do sagrado futebol de quarta. Suspirei contente e coloquei minha atenção na tela plana.

Poucos minutos depois entrou no bar um sujeito singular. Bastante alto, mas não mais que Ricardo, meu irmão. Tinha cabelos lisos e negros que brilhavam sob as poucas luzes artificiais que mal iluminavam o recinto, os olhos seguiam a cor do cabelo estabelecendo um interessante contraste com a pele clara. O homem usava bermuda jeans e camiseta uniforme de time de futebol.

A Rosa do Assassino [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora