Lucas correu, desesperado, para fora da cabana. Deixou-se cair de joelhos sobre a terra e começou a chorar.
- Mas que diabos... - vociferou o Professor Rodrigo.
Baixou a espingarda e atravessou a porta, para ver o que havia acontecido. Ao perceber a cena macabra sobre a mesa, o homem de óculos parou e tirou o seu chapéu em respeito ao colega falecido.
O machado havia separado o crânio do homem ao meio, como se fosse um cepo de madeira. O cheiro de cadáver fresco exalava do corpo ensanguentado.
Espanando as moscas que pousavam sobre o morto, pegou a câmera digital na ânsia de encontrar respostas. Ele era um investigador em busca de evidências. Faria qualquer coisa para resolver este mistério e se tornar um famoso pesquisador. Quem sabe, poderia até se tornar Diretor do Centro de Pesquisa.
Com a câmera nas mãos, juntou uma cadeira que estava jogada no chão e sentou-se. Apoiou a arma no colo, e colocou para rodar o último vídeo gravado na memória do aparelho.
A imagem estava pouco nítida, pois havia sido programada para visão noturna. Mostrava o caminho da trilha pela floresta, enquanto os outros dois pesquisadores avançavam mata adentro.
No meio do caminho, na imagem digitalizada, Gael perguntou:
- Você ouviu isso?
- Onde?
Bertran virou a câmera para trás, mostrando o caminho por onde tinham vindo.
- Shhh... - Gael pediu silêncio. - Acho que estamos sendo seguidos!
Dava para ouvir os barulhos da mata, como grilos e aves noturnas. Os dois voltaram para seguir em frente, mas o som de gravetos quebrando e folhas sendo pisadas logo atrás chamaram novamente a atenção da dupla.
A câmera virou-se para trás, de novo, a tempo de gravar um vulto passando rapidamente a alguns metros. Os dois pesquisadores se assustaram, e começaram a correr colina acima, com a imagem balançando de um lado para o outro. Era possível ouvir a respiração desesperada e ofegante dos dois, correndo apenas munidos de um vídeo e uma lanterna na completa escuridão.
A cabana apareceu ao longe, enquanto os dois seguiram em sua direção. Saíram da mata fechada até a clareira, no topo da colina, onde estava o abrigo. Sentiam-se aliviados por terem encontrado o destino esperado. Só que não durou muito.
Gael estava mais à frente, e sorriu para a câmera, num riso nervoso. Mas foi por pouco tempo. Do céu noturno e estrelado, surgiu uma sombra alada e gigantesca. O bater das enormes asas balançou as árvores ao redor. Um par imenso de olhos de cobra os encarara ameaçadoramente, enquanto pernas musculosas, terminando em pés com unhas afiadas, pegavam o paleontólogo pelos ombros, erguendo-o no ar.
- Que porra é essa??? - gritou Bertran.
Ele virou a câmera para o céu, a tempo de filmar Gael caindo e ser bicado pelo abdômen. A bizarra e assustadora criatura o agarrou com maior firmeza, carregando-o para o alto, enquanto o pesquisador gritava desesperadamente. O monstro lhe cravava as unhas enquanto pairava sobre as árvores, em direção à lua cheia.
Tomado pelo pânico, Bertan correu para a cabana, que estava com a porta aberta. Fechou, logo em seguida, ofegando em forma de vapor, enquanto procurava por alguma coisa para se defender.
Ele vasculhou os objetos em desespero, derrubando coisas e garrafas de vidro pelo chão. Na parede, havia um desenho manuscrito a caneta num papel envelhecido, como uma espécie de mapa. Bertran pegou-o para ver mais de perto. Era o mapa da Floresta Negra.
Neste mesmo instante, a porta da cabana se abriu e ele se virou com a câmera. Era o Velho Jon, com as mãos amarradas, segurando um machado. Sem alternativas para fugir e imobilizado pelo medo, foi atacado pelo robusto lenhador que avançou ferozmente com a lâmina afiada sobre o ecologista, acertando-lhe em cheio no rosto. A câmera mostrou a imagem da queda sobre a mesa, permanecendo nesta posição até finalmente ser encontrada.
Professor Rodrigo desligou o vídeo quando Lucas entrou.
- O que aconteceu? - perguntou o jovem, com os olhos vermelhos e inchados.
- O Velho Jon retornou à cabana, fazendo esse estrago todo!
Lucas olhou desconfiado para a câmera em sua mão.
- E Gael, onde ele está?
Tentando desconversar, o chefe de pesquisa se levantou e foi até o corpo de Bertran, encontrando o papel que estava na outra mão.
- Este aqui é o mapa da Floresta Negra!
O jovem arregalou ainda mais os olhos, temendo pelas palavras que iria ouvir. Professor Rodrigo abriu o mapa, que mostrava trilhas de lenhadores e anotações manuscritas em punho. Com o dedo indicador, apontou para o desenho de uma montanha, ao nordeste de onde estavam.
- Veja! Há uma caverna acima do vale, depois da cachoeira. Lá deve ser o covil da criatura!
- Você não está pensando...
- Eu não estou pensando! Nós vamos capturar esse monstro vivo ou morto e vamos levá-lo para o nosso Centro de Pesquisa!
- Você está louco???
Professor Rodrigo pegou-o pelo pescoço com apenas uma mão, apertando sua traqueia, sufocando-o, com olhar feroz:
- Me chame de louco mais uma vez, e vou furar os seus olhos e arrancar a sua língua antes que a criatura o faça!
E o soltou.
Lucas tossiu, assustado com a obsessão do chefe de pesquisa. O estagiário era magro e sem muita força, seria facilmente esgoelado com um apertar de dedos. Agora, tinha mais um motivo para ficar com medo.
- Vamos, garoto. Não fique assim. Precisamos trabalhar juntos! - disse o homem, recolocando o chapéu na cabeça. - Pegue a mochila! Nós vamos seguir a trilha em direção ao vale. Vamos acabar com aquele monstro!
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Que consequências terão Professor Rodrigo e Lucas ao se aventurarem na loucura de capturar a mortal criatura?
O que eles vão encontrar no caminho da caverna, ao longo da floresta sombria?
Desvende estes e outros mistérios que assombram a Floresta Negra, deixando o seu comentário sobre a história e votando neste capítulo para valorizar a obra dentro da plataforma! ;-)
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Floresta Negra
HorrorVencedor de 18 prêmios literários na Plataforma Wattpad! Floresta Negra é um thriller de terror, suspense e dark fantasy, com mistério e tensão do início ao fim. A história começa em um vilarejo rural na borda de uma imensa floresta, onde coisas ma...