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Não consegui conter o desespero em meus olhos, ao vê-lo ser jogado novamente. Dessa vez, não na parede. Jinyoung foi jogado contra as várias cadeiras que antes, estavam perfeitamente alocadas em seus lugares.

Soltando um pequeno sorriso, ele retirou alguma das cadeiras que haviam, consequentemente, caído em cima dele e levantou-se. Nunca se deixando abalar, embora seu corpo demonstrasse uma exaustão enorme.

Jinyoung passou a mão em sua cabeça, observando o sangue escorrer levemente por sua mão após volta-la novamente para frente e observar se o estrago havia sido grande ou não. Tossindo algumas vezes, observei o sangue escorrer diante de sua boca também, fazendo meu desespero aumentar.

Estava prestes a pedir para que ele parasse, quando o mesmo me encarou por rápidos segundos.

Talvez fosse loucura, mas senti que aquele olhar, na verdade, me pedia para continuar quieta. Para confiar nele. E sem objeção, foi isso o que fiz.

"Se quer entrega-la a mim apenas quando morrer, que seja então. Isso só tornará as coisas mais divertidas mesmo." Kristen - ou melhor, essa criatura, espírito, ou qualquer outra coisa estranha que assumiu o corpo de Kristen -, havia dito com um sorriso sedento nos lábios, momentos antes. Naquele momento, senti que mesmo que Jinyoung não estivesse provocado-a, ainda assim, ela iria mata-lo.

Estava escrito em seus olhos castanhos: destruição, caos, sangue e morte.

- De alguma forma, estou me sentindo um pouco culpada por saber que esse lindo rostinho logo será completamente destruído. - ela disse, aproximando-se de Jinyoung, num movimento rápido.

Nunca pensei que fosse ser capaz de dizer algo assim, mas naquele exato momento, eu desejava desesperadamente ajudá-lo. O problema é que eu não sabia como.

Jogar uma cadeira na cabeça de Kristen e mata-la? Bem, eu era cobarde demais para algo assim. Tentar chamar sua atenção e acabar inutilmente morrendo, sem ajudar nem a ele e muito menos a mim? É... meio que morrer cedo não estava nos meus planos prediletos.

- Culpa é realmente um porre, não acha? - Jinyong perguntou. Parecia estar planejando algo. - Nesse exato momento, também estou me sentindo um pouco culpado. Na verdade, nunca me senti tão idiota em toda a minha vida.

- Por que está dizendo isso, docinho? - Kristen de repente pareceu interessada. - Por acaso se arrependeu de estar protegendo-a?

- Não. - O sorriso nos lábios de Jinyoung aumentou. - Estou arrependido porque deveria ter matado você quando senti sua presença, dias antes. - ele correu em direção a Kristen, acertando-lhe um belo de um soco.

Em qualquer outra situação, ele levaria um belo sermão meu, sobre mulheres não serem sacos de pancadas para caras idiotas acharem que poderiam sair espancando-as. Entretanto, em outra situação, eu dúvidava que ele fosse capaz de fazer algo do tipo. Além disso, eu entendia perfeitamente a situação atual.

- Você está tão fraco... - Ela disse, sem uma pingo sequer de sangue ou ematoma no rosto. - O que essas anos na terra fizeram com você, querido?

- Obviamente o mesmo que aconteceu com você. - Ele respondeu. - Nós fomos esquecidos. Eles largaram você também, assim como me largaram.

- Errado. Você está errado! - Pela primeira vez em toda a luta, ela pareceu verdadeiramente ofendida com algo. - Eles não me esqueceram, só não podem voltar para me pegar por conta desses malditos humanos.

Correndo em direção de Jinyoung, Kristen tentou soca-lo, mas o mesmo desviou rapidamente, derrubando-a.

- Aceitar a realidade dói, não é mesmo? Aceitar que está perdendo seus dons, e que talvez nunca mais volte para casa... Até uma pessoa como você sabe o quão perturbador isso soa. - Ele disse.

Tão rápido quanto caiu, Kristen se levantou e tentou ataca-lo novamente. Mas parecia um pouco instável. Abalada. E aquilo me surpreendeu.

- Seu maldito... - Ela murmurou. As luzes da sala começam a piscar em puro ódio, até que explodiram em uníssono. Logo após isso, uma sombra escura surgiu atrás Kristen e seu corpo caiu desacordado no chão.

Aquela áurea... a maldade desesperadora daquela alma... quando foi totalmente liberada, me fez sentir que estava prestes a ter um ataque de pânico. Era tão sendo e aterrorizante.

- Finalmente você voltou a sua forma verdadeira. - Ele disse, mostrando-se contente. Jinyoung retirou um objeto claro e brilhante de seu bolso, fazendo aquela sombra em forma de corpo humano se afastar. - Tenha uma boa viagem para o seu local de origem: a inexistência.

- Me matar não irá faze-los para de caça-la. - Ela murmurou. Sua voz agora era grossa, adentrando o fundo da alma.

- Eu sei. - ele concordou. - Mas preciso de mais tempo. Ela não está pronta.

Eu queria perguntar sobre o quê exatamente eles estavam falando, mas entrar na discussão naquele momento era equivalente a atrapalhar algo que eu desconhecia.

Com o objetivo brilhante, Jinyoung apontou em direção a sombra, que começou a gritar. Um grito estridente, que fez as janelas se quebrarem com tamanha potência.

Senti meus tímpanos desejarem explodir e me abaixei, colocando a mão no ouvido. Fechando meus olhos, desejei desesperadamente que uso aquilo acabasse. Que fosse só um pesadelo. Um longo e intenso pesadelo.

Após o grito finalmente cessar, senti mãos apoiarem lentamente em meus ombros e encarei a pessoa que estava em minha frente.

- O que aconteceu com ela? - Perguntei, me referindo a sombra. Ela havia desaparecido.

- Nós precisamos ir. Agora. - Foi tudo o que ele disse.

Through you ❄ Park JinyoungOnde as histórias ganham vida. Descobre agora