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Soltei uma risada exasperada logo após escutar a voz conhecida de uma das minhas colegas de classe. Jinyoung me repreendeu, porém revirei os olhos. 

– Pois não? – Ele perguntou, logo após soltar um palavrão e pedir – ou implorar –, que eu o ajudasse. E no caso, ajuda-lo naquele momento era equivalente a permanecer em silêncio e deixa-lo resolver tudo o que tinha para resolver. 

– Professor, olá. É realmente o senhor? – Kristen perguntou, com sua típica voz calma.

Estava prestes a rir novamente, talvez de desespero, quando a sensação sombria voltou, abafando qualquer risada que eu estava prestes a emitir involuntariamente.

– Sim, claro que sou eu. Algum problema... é... – Ele de repente me encarou. 

– Kristen. – Sussurrei, observando-o erguer uma sobrancelha. 

– Algum problema, Kristen? – Ele tentou novamente.

Embora eu quisesse sair daqui e tentar esquecer toda a loucura dita por ele minutos atrás, não podia mais. Jinyoung estava certo sobre tantas coisas... Além disso, o que uma aluna iria pensar, após observar sua colega de classe sair de uma sala vazia com um professor? Uma sala vazia e trancada. 

– Sim. Será que você pode abrir a porta? Queria conversar. É sobre a prova. Havia uma questão errada. – Ela explicou. 

De repente, ergui uma sobrancelha. Era mentira. A prova estava perfeitamente certa. 

Jinyoung percebeu meu desconforto, segurou a maçaneta da porta e me encarou. Embora ele não houvesse dito uma palavra sequer, nem foi  preciso. Sem pensar duas vezes, fui para atrás da porta e me escondi.

Quando ele a abriu, mesmo sem observa-lo, soube que demonstrou um daqueles seu típicos sorrisos "amigáveis", que na verdade não eram tão amigáveis assim. Pelo contrário, eram irônicos e cheios de segredos escondidos. Cheios de interesses. 

– Então, quais são suas duvidas? – Ele disse. 

– Posso entrar, primeiro? – Kristen perguntou. 

– Na verdade, não.

– Por que não?

– Porque eu já estava de saída. – Mentiu. – Então, se quiser me acompanhar até a sala dos professor e me explicar a tal questão errada, estou a disposição. 

Outra vez, senti como se ele estivesse sorrindo novamente.

– Eu realmente não posso entrar? – Kristen perguntou novamente. 

Sua voz soava como aquelas típicas crianças birrentas. De súbito, estranhei essa sua atitude. Geralmente, quando nos falávamos dentro da sala de aula, ela era sempre uma pessoa direta e forte. Algo definitivamente estava errado. 

– Não, você não pode. Agora, se quiser me acompanhar até... – Jinyoung não terminou de falar, pois de repente, foi jogado, quase que flutuando, até a parede do outro lado da sala. 

Levei minha mão a boca, correndo para ajuda-lo. 

Como diabos isso havia acontecido? Era totalmente insano! 

– Você está bem? – Perguntei, apoiando minha mão em seus ombros. 

Ele fez uma careta, provavelmente por conta da dor, mas acenou lentamente. 

– Você é idiota? Não deveria ter saído de trás daquela porta. – Ele murmurou, baixinho. 

– Como se aquilo fosse me esconder por muito tempo. – Argumentei, ajudando-o a se levantar. – Quem é ela? 

– Ela é apenas uma das várias coisas da qual eu estava tentando te manter longe. – Ele respondeu, passando a mão por sua cabeça. A batida na parede foi forte, mas ele aparentemente estava bem. Bem até de mais. 

Com um pequeno sorriso no rosto, Kristen me encarou. Senti um arrepio passar por toda meu corpo enquanto a encarava, mas minha visão logo foi interrompida pelo corpo de Jinyoung, que ficou em minha frente, numa tentativa de proteção. 

– E então, vamos lá, nos mostre quem você é realmente. – Ele disse. Sua voz autoritária ecoando pela sala. 

– E estragar o disfarce? Desculpe professor, não posso fazer isso. – Ela deu de ombros, fingindo uma carinha triste. – Mas posso pega-la, não posso? 

Kristen apontou para mim. Seus olhos possuíam um brilho estranho. Um desejo, estranho. 

– Claro que pode. – Jinyoung disse.

Senti um desespero mortal passar por mim, e o encarei assustada.

Ele não estava falando sério, estava? 

– Isso é sério?  – Kristen perguntou exatamente o que eu também queria saber. Ela parecia radiante. – Obrigada, você facilitou a minha... 

– Mas só depois de passar por cima do meu cadáver. – Ele concluiu, interrompendo-a. 

Through you ❄ Park JinyoungOnde as histórias ganham vida. Descobre agora