Rotine Bites Hard

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Deixou as gotas da água quente pingarem, das pontas dos seus cabelos, até o carpete cinza, escorrendo ligeiramente pelas costas, aproveitando o comprimento dos fios. As bochechas estavam avermelhadas e levemente aquecidas, o cheiro de rosas flutuava pelo banheiro e embaçava o espelho, mas não a incomodava, estava apenas penteando os cabelos.

Eram 7h30, a luz do sol já entrava pela janela, tornando o branco das paredes em um dourado claro e suave. Abriu as portas do guarda-roupa, optou por uma camisa branca e sarja preta. Voltou-se para a escrivaninha, apanhou seu relógio de pulso pequeno prateado, espirrou perfume de aroma doce em sua pele já perfumosa.
Sentada na mesa da cozinha, tomava café numa xícara, que ganhara de presente no natal passado, enquanto conferia as notificações no celular e ouvia as músicas que mais gostava. 

Cantava baixinho em meio um sorriso confortável e balançava a cabeça de um lado para outro. Hoje era um dia tranquilo, nada parecia diferente, mas ao se lembrar disso, ela sentiu o coração bater, em um instante, um ritmo fora do compasso. Porém, essa pulsação mal foi percebida e já esquecida, estava na hora de colocar os sapatos e ir ao trabalho.


Enquanto esperava o sinal verde, a luz solar colidia em seu rosto suavemente, revelando um tom mais claro de castanho escuro, e lábios divididos em rosados e avermelhados. Mesmo com a bênção do sol, ela preferia seu rosto quando a lua estava ao alto.
No escritório, rascunhos circulavam pela mesa e por e-mails. Textos migravam corrigidos de forma que conseguissem percorrer os olhos livremente. O copo de água posicionado ao lado do monitor, os dedos finos empurrando parte dos cabelos negros para trás da orelha, as mangas dobradas expondo parte do antebraço, e um sorriso agradável formado quando algumas pessoas se aproximavam.


18h30, caminho de casa. As luzes amarelas e brancas já estavam despertas. Seus olhos estavam escuros, como uma noite estrelada pelos reflexos das lâmpadas. Passou pela livraria encarando os livros, e parou em uma cafeteria para provar um bolo junto a uma bebida quente. O céu estava imerso em um azul intenso e escurecido. Enquanto andava até a rua de casa, percebeu que algo ao redor a chamava. Alguma essência emergia, e puxava o conforto para perto, ela via o céu, as luzes, o clima, e estava certa de que era isso.

Amanhã, será o mesmo dia.

Late Night LightsWhere stories live. Discover now