Rivalidade entre irmãos - Anamika

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Depois do ataque de Sunil, meus sentimentos estavam confusos. Eu me sentia feliz por saber que meu irmão estava vivo, mas ele havia sido dominado e agora estava servindo ao demônio.

Fiquei surpresa ao ver Kelsey manejando uma arco e flecha para me defender, mas não tive tempo de falar com ela sobre isso. Dihren e Kishan vieram correndo, preocupados por causa dos gritos, mas Sunil já tinha fugido. Kishan se ofereceu para rastreá-lo, mas eu sabia que não adiantaria. E agora eu sabia onde meu irmão estava.

Eu me permiti ficar vulnerável por alguns minutos, quando convidei Kelsey e seus companheiros para conversar dentro da tenda. Eu me enrolei em um cobertor macio, e então me dei conta de que aquele não se parecia com os que eu tinha no acampamento. Esses eram grossos e macios, os nossos eram finos e ásperos. Imaginei que aquele pertencesse a Kelsey. Talvez ela o tivesse trazido dentro daquela grande bolsa que ela carregava o tempo todo.

Kelsey fez algumas perguntas sobre o demônio Mahishasur e depois de considerar por alguns minutos, pediu para conversar com seus companheiros. Eu os deixei sozinhos, mas antes, peguei meus equipamentos e minhas botas. Então percebi que eu calçava meias macias e confortáveis, que eu não sabia de onde tinham saído. Pensei em como Kelsey havia colocado aquelas meias em mim, sem que eu percebesse. Eu falaria com ela mais tarde sobre isso.

Saí para ver os soldados doentes e feridos. Havia muitos e eu não tinha o que fazer. Não havia remédios, nem roupas e cobertores o suficiente para todos. Eles estavam com fome, e não tínhamos alimentos para todos.

Saí para caçar, mas encontrei apenas um coelho pequeno, que capturei e levei para o acampamento. Assim que entrei no acampamento, encontrei Kelsey, Kishan e Dirhen esperando por mim. Não sei porque, mas meu coração se acelerou e eu fiquei ligeiramente emocionada. Eu parei de andar e olhei para eles, tentando não descontar minha frustração naqueles estranhos visitantes. Em vão:

— O que há de errado agora? Suas acomodações são precárias? Ou estão aqui para se queixar dos hematomas que meu irmão deixou em sua preciosa noiva? — Falei um pouco enciumada, olhando para Kishan, que me encarou como se me enfrentasse.

Kelsey o acalmou e disse que queria ajudar. Depois ofereceu seus homens para caçar para nós. Eu permiti que eles fossem, certa de que não encontrariam nada. Kelsey me encontrou depois de algum tempo. Ela entrou em uma das tendas hospitalares e me flagrou chorando diante do corpo de um soldado que acabara de morrer. Eu estava desesperada por ver aqueles homens morrerem sem que eu pudesse fazer nada por eles. Ela estava parada na entrada da tenda, me olhando.

— O que você quer? — perguntei irritada.

— Sinto pela morte de seu amigo, Anamika.

— Seus sentimentos não o trarão de volta a vida.

— Não. Não o trará — Ela ficou quieta por um tempo. — você não é a culpada, Anamika.

— Toda morte aqui é minha responsabilidade.

— A morte vem. Não há meios de pará-la. Você pode apenas fazer o seu melhor para ajudar o máximo que puder.

Limpei as lágrimas e me levantei, virando-me para Kelsey:

— O que você sabe sobre morte?

— Mais do que você imagina. Eu costumava ter medo da morte. Não por mim mesma, mas temia a morte daqueles que eu amava. Aleijava-me. Não me permitia ser feliz. E tem sido assim desde que me permiti perceber que estava errada.

Suspirei compreensiva.

— Não há forma de evitar a morte.

— Não. Não há, eu admito, mas ainda há vida.

O destino do tigre - POV tigresWhere stories live. Discover now