Vozes dos que partiram - Kishan

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Quando tudo terminou, Nilima e Murphy voltaram para o avião. Ren e eu nos aproximamos de Kelsey, que tinha se afastado e estava sentada nos degraus de madeira da velha casa. Ela pediu ao colar 3 copos de água gelada e nós bebemos. Então Kelsey nos contou sobre o sonho que teve enquanto dormia no avião.

Ela disse que sonhou com Lokesh jovem e ele torturava um velho monge por informações sobre o amuleto. Então, implorando por misericórdia, o homem disse a Lokesh: "Alguns séculos atrás, antes do nascimento do meu mentor, existia uma grande Guerra. Todos os poderosos reinos da Ásia se reuniram em uma batalha contra um demônio. Uma deusa se ergueu com duas faces: uma era escura e linda, a outra era brilhante e mais gloriosa que o sol. Ela liderou o exército da Ásia contra este demônio. A Ásia saiu vitoriosa, e como resultado, a deusa abençoou cada reino com um presente. A deusa pegou o amuleto de seu próprio pescoço e quebrou-o em cinco partes. Ela entregou uma parte para cada rei e aconselhou-os a manter segredo sobre sua origem e para usar seu poder para ajudar e proteger as pessoas. Eles foram instruídos a manter em suas famílias e passar para o filho mais velho.

Kelsey nos disse que acordou quando o homem ia dizer quais foram os 5 reinos que participaram daquela guerra.

— O que acham que isso significa? — perguntou.

— Não sei — Ren disse. — Talvez sua conexão com Lokesh tenha se tornado mais forte assim que ele pegou a quarta parte do amuleto.

— Ou talvez o Sr. Kadam esteja mandando esses sonhos para ela — Sugeri— Como na vez em que ela sonhou com ele depois que a resgatamos.

— Prefiro pensar que é a última opção — Kelsey concluiu.

Ren agachou-se e tocou o rosto dela.

— Assim com eu.

— Descobriremos o que significa, Kells — Apontei para a casa— Gostaria de dar uma volta? — Peguei a mão dela, guiando-a pelos degraus antigos— Construímos para que durassem. Mesmo assim, eles precisam de algum conserto.

— Está numa condição realmente boa para a idade que tem. — Kelsey observou, correndo a mão pelo corrimão de madeira.

Entramos na casa e eu pude ver restos de objetos da época em que vivemos ali. Durante os anos em que vivi recluso na selva, em minha forma felina, eu voltei àquela casa algumas poucas vezes, para me lembrar dos meus pais, da minha humanidade.

Kelsey encontrou uma escova de cabelo de marfim esculpido que fora de minha mãe.

— Gostaria de ficar com isso, se não se importa.

Sorri pensando em minha mãe e em como eu sentia sua falta. Eu gostaria que Kelsey ficasse com algo que lhe pertenceu.

— Eu não me importo, bilauta.

— Você e Ren dormiam aqui?

Balancei a cabeça.

— Como éramos tigres o tempo todo naquela época, dormíamos na selva ou próximos aos degraus, vigiando durante a noite. Às vezes ficávamos na casa de Kadam do outro lado. Se houvesse tempestade, mamãe insistia que ficássemos do lado de dentro com eles, mas na maior parte do tempo tentávamos deixar nossos pais terem alguma privacidade

Kelsey me perguntou enquanto caminhávamos em direção à porta:

— Você acha que eles foram felizes aqui? Quero dizer, deixando seu palácio e suas riquezas para viver assim na selva?

Eu parei e pensei em como eu era mais feliz agora do que naquela época.

— Sim. Eles foram felizes aqui — Deslizei o dedo pelo seu rosto, delicadamente, pensando em mim mesmo— Quando se tem uma vida repleta de amor, não se precisa de mais nada.

O destino do tigre - POV tigresWhere stories live. Discover now