Capítulo Treze

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SASUKE-CRIANÇA

- Entendo. Como líder, estou decepcionado. Como pai, estou orgulhoso - meu pai disse e eu ergui os olhos surpreso. - Após a saída de vocês, o clã decidiu dar mais uma oportunidade a Konoha. Falaremos amanhã com o Hokage. Espero que vocês estejam certos - meu pai disse e eu percebi a sinceridade em sua voz. - Após a reunião, Shisui me contou o que aconteceu hoje. Aumentei a segurança no nosso Clã para evitar que Danzo faça algo agora que sua máscara caiu. 

- Fico aliviado que ele não tenha tentado nada enquanto estávamos em reunião - Itachi comentou sério. 

- Ninguém fora do nosso Clã sabe, ou melhor, sabia - meu pai lançou um olhar reprovador em minha direção e eu rapidamente abaixei os olhos - quantas pessoas participam das reuniões, além disso Shisui poderia ter dado o alerta. Danzo é traiçoeiro, não suicida. Mesmo que ele tivesse um exército para nos atacar, nós ainda venceríamos. É por isso que ele teme nosso Golpe.

- Então porque reforçou a segurança?

- É melhor prevenir. Como eu disse, Danzo é traiçoeiro. Por isso, saíremos bem cedo amanhã, antes que ele tenha tempo de executar um outro plano. Você e Shisui irão conosco. 

Itachi concordou.

- E eu? - perguntei, sem conseguir me conter.

- Não está autorizado a chegar perto da reunião, Sasuke. Estou satisfeito que se interesse pelos assuntos do Clã, porém você ainda não tem idade para participar das reuniões. Não vá na academia amanhã. Fique em casa. Sua mãe cuidará de você. 

Olhei indignado para meu pai. 

- Não sou mais criança!

- Só por que invadiu a reunião do Clã acha que pode me responder e me desobedecer?

- Creio que não era essa a intenção do meu irmãozinho tolo, otosan. Ele só não quer ficar sem ver Sakura-chan. 

Eu senti meu rosto esquentar, mas sabia que se eu negasse, estaria admitindo querer desobedecer meu pai. Então apenas lancei um olhar feio para Itachi. 

- Esses seus amigos estão sendo uma má influência para você - meu pai disse aborrecido. - Não deveria andar com membros de outros clãs. 

- A vila só irá nos respeitar quando nós os respeitarmos. O relacionamento com outros clãs mostrará que não os vemos como inimigos, mas como amigos e isso fará com que eles confiem em nós.

Eu me sobressaltei ao ouvir a voz de Sasuke-adulto, mas repeti o que ele disse. Fazia sentido e eu não queria que meu pai proibisse minha amizade com eles. Por mais estranho que isso fosse. 

Senti os olhares dos meus pais e de Itachi sobre mim me observando por causa do que eu disse. Nervoso, tornei a abaixar os olhos. 

- Vão dormir - meu pai ordenou por fim. - Hoje foi um longo dia.

Itachi e eu nos levantamos e nos despedimos de nossos pais. Ele me acompanhou até a porta do meu quarto e então parou. 

- Tenho orgulho de quem é e de quem se tornou, irmão - Itachi disse e tocou na minha testa como costumava fazer. Sorriu levemente e caminhou até o próprio quarto. 

- Também tenho orgulho de você, niisan - Sasuke disse me sobressaltando novamente. 

Nós dois entramos no meu quarto e então perguntei:

- O que fazemos agora?

- Treinar.

- Por quê? - perguntei assustado. - Não conseguimos impedir o Massacre?

- Tudo depende da reunião de amanhã. Precisamos participar, mas okasan não deixará você sair. 

- O que faremos então?

- Primeiro, esperar eles dormirem. Durma um pouco também. Eu o acordarei quando for a hora. 

Não fiquei muito satisfeito, mas sabia que ele tinha um plano, então me preparei para dormir. O sono demorou a chegar. A lembrança da reunião do clã se repetia em minha mente sem parar. 

Acordei algum tempo depois com Sasuke me chamando. 

- É seguro agora. Todos estão profundamente dormindo e seu chakra não será forte o suficiente para alarmá-los e despertá-los.

-  O que treinaremos? - perguntei esfregando os olhos e bocejando. 

- Técnica de clonagem. 

Eu o olhei curioso, mas não perguntei. Já conseguia imaginar uma parte do plano. Treinamos por várias horas e me empenhei o máximo. Ter treinado controle de chakra com a Sakura ajudou bastante, então quando estava quase amanhecendo o dia consegui criar um clone decente. 

- Ficou bom - Sasuke disse após examinar o clone que criei. - Ordene que deite e feche os olhos.

- Ele não irá desaparecer?

- Se você tiver feito corretamente, não.

Fiz o que Sasuke mandou e fiquei aliviado por ter dado certo. 

- Okasan irá perceber?

- Nosso dōjutsu faria ela descobrir, mas ela não está esperando que você faça isso. Ela não sentirá chakra no clone, mas pensará que é por você estar dormindo. 

Assenti. Fazia sentido.

- E agora? 

- Vamos sair antes que acordem. 

Quando saímos da casa, Sasuke disse:

- Tenha cuidado. Você não pode ser visto por ninguém. Faça o que eu mandar.

- Eu sei, eu sei.

- Fique aqui. Vou verificar o melhor caminho. 

Observei Sasuke se afastar e me escondi. Alguns minutos depois, ele voltou e me conduziu. Apesar de meu pai ter reforçado a segurança, não encontramos ninguém e eu supus que Sasuke descobrira como evitá-los. Caminhamos em silêncio pela vila até chegarmos à Torre Hokage. Então Sasuke disse:

- Esconda-se e tome cuidado. 

Bufei, mas fiz o que ele disse. Sinceramente, eu esperava que mudar o meu destino, fizesse eu mudar meu comportamento. Aquele jeito mandão dele era muito irritante.

SASUKE - ADULTO

Eu tinha me surpreendido com a atitude do meu pai. Fiquei feliz e orgulhoso por suas palavras e me senti aliviado. Tínhamos conseguido evitar a morte de Shisui, o clã resolveu dar uma nova chance à vila…

Eu sabia que isso ainda não evitava um destino trágico ao meu clã e à vila, mas me dava esperança de que conseguiria.

Não me surpreendi com a proibição de meu pai quando ordenou que Sasuke não saísse de casa. Embora meu eu-criança fosse jovem demais para pensar estrategicamente, eu sabia que meu pai temia que Danzo pudesse sequestrá-lo e usá-lo como chantagem. Era uma possibilidade que não deveria ser descartada, afinal Danzo devia estar desesperado agora que havia sido desmascarado. Mas eu precisava de um porta-voz na reunião com o Hokage e só podia ser minha versão mirim. 

Acompanhei Sasuke após meu pai mandá-los dormir e fiquei muito comovido com o que Itachi disse:

- Tenho orgulho de quem é e de quem se tornou, irmão.

Eram palavras que sempre desejei ouvir tanto do meu quanto de Itachi. Ouvir os dois homens que mais admirei reconhecer nossos esforços tocou meu coração. Eu não merecia isso depois de tudo o que fiz. Mesmo assim não era hipócrita para negar o quão emocionado fiquei ao ouvir tais palavras e ver Itachi tocar na testa do meu eu-criança como costumava fazer.

Eu tinha que salvá-los. Custe o que custar. 

Para SempreWhere stories live. Discover now