Capítulo 33

235 27 5
                                    

Não fui no hospital desde ontem. Não tinha coragem de encarar Gustavo. Não sabia nem o que dizer a ele.
Tudo parecia muito confuso para mim: sua atitude, meus sentimentos, seus sentimentos. 
Nada estava claro.

Eu estava sim sentindo algo especial pelo Gustavo, achava ele um garoto incrível. Sabia que ele guardava um certo rancor por Deus, mas sabia também que isso seria curado com o tempo. Ele parecia tão diferente. Era uma boa pessoa. Não estava pensando em namorar com ele - não naquele momento. Mas sabia que um dia ele iria se converte e aí poderia pensar nessa possibilidade.

Mas quando recebi a ligação de Wilian e ele me contou onde Gustavo estava, meus pensamentos congelaram.
Sair para beber? Encher a cara enquanto sua ama estava doente no hospital?

Eu sei que ele não era da igreja. Não tinha compromisso com Deus.
E os jovens de hoje em dia fazem isso. Era para eu achar isso normal, certo?

Errado!

Alguma coisa me dizia que tinha algo de errado naquela história.

Wilian não mentiria e nem aumentaria nada, então sabia que aquela história era fato. Gustavo tinha realmente saído

E Gustavo... Bom, a única coisa de errado aqui era o Gustavo.
Se eu achava que ele não seria capaz de fazer isso e ele o fez, então eu estava achando errado.
Não conhecia Gustavo.

Mas ele me pareceu tão sincero. Nunca deu sinal de que era esse tipo de pessoa. Sabia que ele tinha feito algumas besteiras no passado, mas quem nunca? E ele sempre deixou claro que não fazia isso há muito tempo.

Por que me sinto tão enganada?

Sentada na minha cama, com a bíblia no colo e os cobertores ao redor, reflito sobre todos esses pensamentos.

Alguma coisa estava mal contada.

Levantei-me da cama e fui até o quarto da minha mãe.

- Mãe? - ela estava igualmente na cama, mas lendo um livro.

Já se passava das 21h e Diego estava vindo de uma reunião da igreja.

- Sim, filha? Algum problema? - perguntou retirando os óculos de leitura.

Me aproximei e sentei-me na cama.

- Tem um problema sim.

Minha mãe colocou o livro de lado, demonstrando que eu tinha total atenção sua.

- Duas noites atrás descobri que Gustavo saiu do hospital para ir beber.

Minha mãe fez uma reação de decepção.

- Não esperava isso dele.

Esperei aquelas palavras fazerem efeito em mim. 

- Então a senhora não sabia que ele fazia isso antes? - perguntei, com certa desconfiança.

Minha mãe, conhecendo a filha, ergueu uma sobrancelha.

- Acha que se eu soubesse iria deixá-la sair com um bebum? - Ri com sua entonação. - Ele fazia isso antes? - perguntou séria.

Respirei fundo.

- Não sei. Nada parece claro para mim. 

Minha mãe esperou por mais algumas palavras, mas não sabia o que dizer.

- Minha filha, você sabia que o Gustavo não era cristão. - assenti. - Já era para você esperar isso dele.

- Não, mãe. Ele não era assim. Não demonstrava isso. - respondi, num tom frustrado.

- Mas a Bruna não disse que Gustavo era meio rebelde?

- Era, mãe. No passado. - resmunguei.

- Ah, entendi. - minha mãe se ajeita na cama. - Então você está assim porque pensou que tivesse mudado o Gustavo?

Demorei alguns longos segundos para responder. Aquela pergunta me atingiu. Então era isso? Eu estava assim por causa disso?

- Eu... Não sei. - encoli os ombros. - Pensei que ele tivesse mudado.

Minha mãe pegou na minha mão e eu olhei para baixo. 

- Minha filha, quem é a única pessoa que pode convencer o homem do pecado e do juízo?

- O Espírito Santo. - murmurei.

- Exato. Nunca pense que você pude mudar alguém. Essa história de "eu consigo fazer ele largar a vida de badboy" é coisa de filme. Isso nada mais é do que síndrome de Um Amor para Recordar.

Segurei o riso.

- Você nunca deve ficar com alguém com essa intenção. Nunca deve achar que você consegue. Porque você não consegue. É o Espírito Santo quem faz. Você fica sendo somente um canal.

Olhei para minha mãe, meus olhos cheios de lágrimas.

- Pensei que eu já tivesse sido um canal. Mas está difícil. Nem a Bruna voltou para Jesus. E olha que eu tenho tentado bastante.

Ela limpou uma lágrima que escorreu.

- Você é um canal. Está sendo um, na verdade. Mas você sabe o que diz Eclesiastes 3, não sabe?

- Há tempo para todas as coisas. - respondi.

- Sim. Já tem um tempo marcado para eles. Tanto para Bruna, quanto para Gustavo. Agora é só confiar e esperar.

Assenti e limpei meus olhos.
Minha mãe me deu um abraço caloroso.

- Você gosta dele, não é?

Olhei para minhas mãos, um pouco envergonhada com a pergunta.

- Eu não sei de nada agora.

- Tudo bem. Mas como mãe eu tenho que te aconselhar a fazer o certo. - olhei para ela. - Julgo desigual é pecado, mocinha. Nada de se relacionar com alguém que não é da igreja. Entendeu?

- Sim. - respondi.

- E o que você vai fazer?

Hesitei antes de responder.

- Me afastar dele...?

Minha mãe negou. 

- Você vai esperar o tempo de Deus chegar na vida dele e depois vai agarrar o seu varão. Deixa de ser boba, Isabella. Garoto linde desse.

Revirei os olhos com o comentário de minha mãe.

- Você está ficando impossível, hein.

Ela deu de ombros.

- Até parece que você não ia fazer isso.

- Mãe!

- Filha! - rebateu.

- Cheguei. - ouvimos uma voz vindo da porta e olhamos em direção a ela. Era Diego. E carregava consigo uma pizza tamanho família. - Tem alguém com fome aí?

(...)

"O tempo de Deus na minha vida. O tempo de Deus nos meus sentimentos."

Bom, então é isso.
Fiquem com o nosso Senhor Jesus ❤
Bjs na testa de cada um. 

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 30, 2018 ⏰

Adiciona esta história à tua Biblioteca para receberes notificações de novos capítulos!

Nos Propósitos de Deus Onde as histórias ganham vida. Descobre agora