Capítulo 25

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Ainda estava sendo estranho me adaptar com tudo o que aconteceu. Me esqueci de novos amigos, novos integrantes da igreja, de algumas oportunidades que eu tive de falar de Deus e do meu primeiro emprego.
Ao sair da escola com Gustavo, ele me levou até uma lanchonete que não era tão perto da escola, mas também não tão longe. Conheci novamente meu ex patrão, Felipe, e o espaço onde trabalhei durante alguns meses. Gustavo me contou algumas histórias que passamos e como ele mesmo foi parar la ali, não entrou em muitos detalhes e eu percebi que esse assunto incomodava-o.
Gustavo era o que mais me intrigava. Tinha acontecido alguma coisa que ninguém me contava o que era. Mas não entendia o porquê, se a Bruna mesmo confirmou que não éramos namorados. O jeito que os meus amigos me olharam quando eu disse que ia na lanchonete com Gustavo foi muito suspeito.

- Me liga se acontecer alguma coisa? - disse Bruna na hora da saída, um pouco preocupada.

- Por que está agindo assim? Ele é algum terrorista, por acaso?

Bruna revirou os olhos e logo mudou de assunto.

A lanchonete era bem movimentada. Me lembrava vagamente de ter vindo uma vez aqui quando era bem pequena, mas tinham mudado bastante.

Gustavo era uma boa companhia, me fazia rir em todo momento.
Mas eu ainda estava confusa com algumas coisas e não podia esquecer o propósito de está ali.
Ao que me parece, até o Gustavo guarda um segredo que não quer me contar.

- Mas então, sobre aquele assunto do açaí na sua cabeça, - Gustavo sorriu, tomando um gole da sua bebida. - pode me explicar melhor?

Apoiou o cotovelo em cima da mesa.

- Bom, pode até ser difícil de acreditar, mas eu era uma pessoa muito idiota.

- Na verdade, isso é bem fácil de se acreditar. - rebati e Gustavo fez cara de ofendido.

- Que absurdo! - deu mais um gole da sua bebida. - Enfim, eu era uma pessoa babaca e fui babaca com você e com a Malu.

- Com a Malu? O que você fez?

Hesitou um pouco, mas continuou:

- Quase chamei ela de... - deu outra pausa. - De alguns nomes que não convém falar aqui.

Abri a boca, em choque.

- Mas por que? O que ela te fez? - perguntei, tentando entender aquela história.

- Nada. Ela não me fez nada.

Fiquei em silêncio, sem demonstrar nenhuma reação. Gustavo estava um pouco nervoso e esperava eu falar alguma coisa. Mas o que ele queria que eu dissesse? Que ele estava errado? Acho que ele já sabe disso.

- Tem razão. - disse por fim. - Você era um idiota. - sorri, demonstrando que eu não pretendia julgá-lo.

Gustavo suspirou, com um sorriso de lado.

- Estava com saudade de você. - suas palavras me pegou de surpresa. Como assim? Desviei os olhos dos dele.

Gustavo percebendo minha reação, tossiu e mudou de assunto.

- Mas alguma pergunta, senhorita? - indagou.

Olhei para ele e assenti. Fiz várias perguntas e, como prometido, ele me respondeu todas. Passamos a tarde conversando na lanchonete, envolvidos em vários outros assuntos.

Mas só quando deu 16h que eu percebi que a hora já tinha se avançado.

- Eu preciso ir, já está tarde. - Avisei, me levantando. Gustavo fez o mesmo e mexeu no bolso.

- Eu só vou pagar ali e eu te levo em casa.

Assenti e peguei meu celular, avisando a minha mãe que estava indo para casa.

Gustavo voltou e me levou até no portão de casa. Agradeci pela paciência e me despedi.

- Mãe, cheguei. - gritei assim que abri a porta. Entrei na cozinha e peguei uma garrafinha d'água.

- Estou aqui em cima. - gritou ela do quarto, o qual eu fui na direção.

- Oi, minha filha. - minha mãe estava dobrando roupas. Entrei no quarto e me joguei na cama. - Como foi? Se divertiu?

Sorri e assenti.

- Sim, conversamos durante um bom tempo e ainda fomos na lanchonete que eu trabalhava. Felipe, que é o gerente da lanchonete, me recebeu super bem.
- Que bom. - disse colocando uma blusa na pilha de roupas em cima da cama.

- E como foi? Sentiu alguma coisa? - disse, alerta.

Neguei. O médico disse que eu sentiria muitas dores de cabeça, e às vezes eu sentia sim, mas hoje não tinha sentido nada.

- Não, foi tudo tranquilo.

- Graças a Deus.

Confirmei.

- Sabe, mãe, - disse me sentando. - eu ainda não entendo o porquê de eu ter passado por isso. - minha mãe parou de passar roupa e entregou toda sua atenção para mim. - Às vezes eu até penso que estava em pecado, sabia?

Minha mãe largou as roupas e se sentou ao meu lado.

- Por que você acha isso?

- Para ter passado pelo o que eu passei só pode ser consequências de um ato meu que Deus não aprovou.

Minha mãe sorriu e colocou uma mexa de cabelo atrás da minha orelha.

- Sabe que você está sendo totalmente errada, não é?

Dei de ombros.

- Eu não sinto raiva dEle, sabe? Porque não tem nem motivos para sentir, mas eu queria entender o porquê de ter sido atropelada e de ter perdido a memória. Não faz sentindo isso. Deve ter algum propósito, entende?

Minha mãe assentiu.

- Se lembra da passagem do cego de nascença? - ela perguntou e eu concordei. - Então, os discípulos, ao verem o cego, perguntou a Jesus quem tinha pecado: ele ou o pai. Jesus vira para eles e diz que ninguém tinha pecado, mas era necessário que ele passasse por isso para que a Glória de Deus fosse manifesta na sua vida.

Lágrimas inundaram meus olhos, pela segunda vez hoje.

- Às vezes, meu bem, a gente passa por certos tipos de coisas que são necessárias para Deus se manifestar ali. Hoje a gente não entende porque você passou por isso, mas mais tarde tudo vai fazer sentido para todos nós. Talvez você use como um grande testemunho, talvez isso vai fazer aumentar a sua fé, talvez você até salve outras pessoas através dessa situação. Mas nós devemos confiar nEle, porque Ele ainda não perdeu o controle. - ela sorriu e aperto minha mão. - E conhecendo o meu Deus como conheço, Ele nunca vai perder o controle das coisas. Somente confie, tá bem?

Eu assenti outras vez e ela me deu um abraço bem apertado. Depois daquela palavra me senti bem mais aliviada. Fiz uma oração agradecendo a Deus e pedindo para que Ele me ajudasse a ter fé, a confiar nEle, a lançar sobre Ele toda a minha ansiedade.

Depois de duas semanas inteira sem dormir direito, essa foi a primeira noite que dormi sossegada.

(...)

"lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós"

Oi, meus bens ❤
Gente, eu estou tão feliz hoje porque a minha amiga, que era muito tímida, pregou no culto hoje. Acho isso lindo, pq significa que Deus não usa somente quem fala bem ou os profissionais de pregações, mas Ele pega os tímidos e os capacita.
Deus é lindo, gente ❤😍

Agora sobre o capítulo, o que acharam?

Ainda vão ter muitas surpresas por aí. Me aguardem e não desistam de mim, mesmo com os meus atrasos dos capítulos.

Fiquem com Deus.
Que Jesus abençoe cada um e que levante uma geração que não tenha vergonha de anunciar Seu evangelho.
Bj

Nos Propósitos de Deus Onde as histórias ganham vida. Descobre agora