Capítulo 2

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Depois da escola, como combinado, fomos todos lá para casa junto com a Malu, para fazermos o trabalho.
Malu era uma amiga que fizemos no ano passado.

- Olá, meus filhos. Como estão? - perguntou minha mãe assim que chegamos na cozinha para cumprimentá-la.

- Com fome! - respondeu Bruna e não pude deixar de rir.

- Essa garota está sempre com fome. - Malu foi quem falou.

- Eu já sabia disso, por isso eu já tratei de fazer um bolo de laranja para vocês lancharem.

- Tia, como a senhora é compreensiva. - suspirou fundo, fazendo um certo drama.

Revirei os olhos, ignorando o drama da Bruna.

- Vamos logo, gente. - dei um beijo em minha mãe. - Vamos lá para cima, qualquer coisa me chama.

- Tá bom, filha.

Subimos até meu quarto e logo começamos a fazer o trabalho.
Depois de aproximadamente quatro horas e meia, já tínhamos finalizado-o completamente.

- Finalmente! - exclamou Malu, se jogando na cama.

- Quanta demora para um trabalho só. - disse Bruna.

- Claro! Bruna e Diego vivem discordando de todos os sites. - disse, mandando o trabalho para o e-mail do professor.

- Ah claro, agora a culpa é nossa? Pelo menos nós estávamos querendo um trabalho perfeito, com uma boa formatação. Enquanto vocês queria fazer de qualquer jeito.

- Que calúnia! - exclamou Malu e eu cruzei os braços.

- Não estou acreditando nisso. - disse Diego, com um celular na mão.

- Nem eu. - concordei.

- Ah, fala sério. - Bruna revirou os olhos.

- Eu não estou falando disso. - respondeu Diego, ainda com o celular na mão.

- Tá falando do que então? - perguntei.

Ele levantou e foi em direção a Malu. Por um momento todos nós ficamos em silêncio.

- Malu, essa daqui é você? - estendeu o celular e mostrou uma foto de uma garota ruiva, de olhos azuis, de calcinha e sutiã.

Sim, era a Malu.

Fiquei sem reação na hora, assim como todos que se encontravam ali.

- Ai meu Deus... Eu ... - tentou falar, mas o choque não deixou.

Tantei fazer uma oração pedindo paciência. Repito ela três vezes, mas quando olhei para foto novamente, me exaspero.

- O que é isso, Maria Luiza? - fui em sua direção e apontei para o celular, como se ela já não tivesse visto. - Como você deixa uma coisa dessas acontecer?

Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Malu, o que fez metade da minha raiva se dissipar.

- Estou esperando uma resposta, Malu. - disse, um pouco mais calma. - Por que essa foto está na internet?

- Eu não sei... Eu não sei como essa foto foi parar aí. Eu... - começou a soluçar.

- Mas, Malu, por que você tirou ela, para começo de conversa? - perguntou Bruna.

Ela balançou a cabeça, hesitando em responder. O que fez minha ficha cair.

- Me diz que você não tirou essa foto para enviar para o Lucas?

Ela me olhou e depois assentiu.

Lucas era o namorado dela. Eu nunca fui muito com a cara dele. Sempre achei ele um cara errado para Malu. Primeiro porque ele é do mundo. Tudo bem que a Malu não está tão firme assim, mas esse namoro cooperou mais para isso acontecer.

- Eu não acredito nisso! - exclamou Diego, que até então não tinha se pronunciado.

- Malu, você faz ideia do que fez? Sabe o quanto isso vai repercutir?

Desesperou-se, só agora se dando conta do quão grave tinha tomado o rumo daquela situação.

Minha mãe bate na porta e eu vou abrir.

- Está tudo bem aí? - perguntou confusa ao ver Malu chorando.

- Na verdade não, mas depois eu explico para a senhora. - olhou para Malu mais uma vez e depois para mim.

- Qualquer coisa me chama.

- Pode deixar. - fechei a porta e andei na direção da Malu de novo. - Okay, vamos fazer assim: você vai dormir aqui em casa hoje e amanhã, depois da escola vamos na sua casa falar com sua mãe, tudo bem?

Respirou fundo e acenou com a cabeça.

- Olha, Malu, eu não posso fazer muita coisa por você agora. O mais importante a Isa já fez que foi te acolher - disse Bruna tentando ser atenciosa. - Mas eu quero que você entenda que essa foto está sendo compartilhada pelo WhatsApp e que, provavelmente, muita gente da escola já viu isso.

- A gente precisa que você seja forte, entendeu? - completei. - Seria bom se você não fosse para a escola, mas se fizer isso sua mãe vai saber antes de lhe contarmos. Então é melhor só ir amanhã e depois dá um tempo.

- Vai ser até bom que a gente conversa com a diretora e o coordenador, eles vão saber o que fazer.

Ela concordou de novo e colocou as mãos no rosto.

- Bom, eu acho melhor nós irmos, já. - disse Diego. - Mas nós estamos com você, okay? - deu um beijo na testa da Malu e foi em direção a porta.

Bruna lhe deu um abraço e os dois saíram.

Malu foi ao banheiro e enquanto isso eu desci e fui deixar minha mãe informada da situação.
Ficou chocada, mas em momento nenhum julgou a garota.

Eu agradeço muito a Deus pela minha família. Somos todos cristãos praticantes. Minha mãe sempre foi a mais centrada e mais atenciosa da família. Meu padrasto, que está na nossa vida à sete anos, sempre foi o protetor e sempre fez de tudo para nos agradar. Ele veio no momento certo para minha mãe. Tínhamos acabado de perder meu pai e minha mãe estava desolada. Diogo faz um ótimo trabalho como o nosso segundo pai.

- Quer que eu ligue para a mãe dela? - perguntou minha mãe, me trazendo dos meus pensamentos.

- Não, nós vamos falar com ela amanhã, pessoalmente.

Minha mãe assentiu e pegou um pedaço de bolo.

- Leva para Malu, fala que um bolinho sempre anima. - deu uma piscadela, o que me fez sorrir.

É estranha esse situação. Porque é o tipo de coisa que só vemos em filmes e novelas. E agora Malu está passando por isso. Como pode?

Fui para meu quarto conversar com a Malu. Eu precisava entender direito essa história. Como assim o próprio namorado espalha uma foto dessa? E como ela se sujeitou a fazer uma coisa dessa sendo cristã?
Tínhamos muito o que conversar.

(...)

- continua...

" Dias de tempestades fazem valorizar os dias de Sol "

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