Capítulo 14 - Tentando ser um casal

696 56 15
                                    

Helena.

Senti uma angústia esquisita no peito quando nos deitamos para dormir na noite passada. Nathan me abraçou e me apertou como se sua vida dependesse disso, dormiu com o cenho franzido, ele deve ter sonhado com coisas ruins. Eu sabia o que era ter o coração partido por querer alguém que queria outro alguém...

- No que está pensando?

Ele me pegou desprevenida. Fitei-o, ele estava me olhando, o rosto parecia cansado.

- Em você. - fui sincera. Ele suspirou e desviou o olhar do meu, fitando o teto.

- Me desculpe por ontem, ok?

Bufei, não estava acreditando.

- Se desculpa por dormir comigo e agora vem se desculpar por dizer que quer ficar comigo. Você é inacreditável.

Ele voltou a me olhar e se sentou na cama rapidamente.

- Estou me desculpando pela bebedeira. O que eu falei sobre nós é verdade. Quem me dera gostar de você desde que nos casamos, aprendi a enxergar além dos seus defeitos, Helena. Você não é mais a jovenzinha insuportável com quem cresci. Se você permitir, e eu não tiver sido idiota o suficiente, quero saber se nós podemos tentar fazer esse arranjo ser real.

Encarei-o. Será que aquilo era real ou eu estava sonhando? Sentei-me na cama, alerta, e Nathan continuava falando sem parar.

-...É lógico que vou pedir pra irmos com calma, não quero que a gente se magoe, mas nós melhoramos muito nossa convivência e acho que superamos alguns...

- Nathan, cala a boca! - ri - Eu também prefiro ir com calma, você precisa superar esse coração partido, não pode querer me enfiar aí à força.

Ele apenas assentiu. Estávamos nos levantando para encarar o dia quando Luca chorou, pelo horário, percebi que Nathan estava atrasado para o trabalho, mas ele nem mesmo me deu tempo de questionar isso.

- Eu vou vê-lo, você faz a mamadeira dele? - Nathan pediu, eu apenas assenti. - Não estou a fim de trabalhar hoje.

Escovei os dentes, passei o café e fiz a mamadeira de Luca, Nathan ainda não tinha descido. O telefone tocou na sala e fui atender.

- Alô?

- Helena, é o Vítor. Por que o Nathan não apareceu aqui hoje? Ele estava meio estranho essa semana... Me conte o que está acontecendo, eu sei que tem algo errado, conheço meu filho.
Minha mente trabalhou muito rápido, eu não iria entregá-lo, sabia que tio Vítor podia ser muito cruel quando queria, tratando Nathan como um zero a esquerda. Eu não sabia até que ponto ele conhecia da vida de Nathan para saber de Patrícia, mas se meu marido não tinha contado para o pai, não seria eu a entregá-lo.

- Nós andamos brigando um pouco, tio, mas hoje resolvemos nos resolver. - fiz o possível para não gaguejar.

- Você tá mentindo, né?

- Eu tenho cara de mentirosa por acaso? - me irritei com tanta inquisição. - Nós estamos juntos, você sabe que a gente não se bica, mas estamos tentando. Não é fácil. Você nos botou nessa situação! O Nathan não vai trabalhar hoje. Tchau e bom dia.

Quando me virei para por o telefone no gancho, Nathan estava parado nas escadas com Luca no colo. O bebê tinha o rostinho aninhado na curva do pescoço do pai. Meu marido, por sua vez, tinha os olhos arregalados em diversão.

- Não me lembro de alguma vez ter te visto respondendo o meu pai.

- Pra tudo tem uma primeira vez. Me irrita como ele quer te controlar todo o tempo! Ele queria que nos casássemos, nós o fizemos, que ele te deixe em paz agora.

Give me LoveWhere stories live. Discover now