Capítulo 9 - Audácia

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— O que acha desse, Helena?

  A semana que sucedeu o episódio de Luca foi tranquila e muito esquisita. Nathan passou mais tempo em casa a maior parte dos dias, embora eu o ouvisse falando com Patrícia quando já era tarde e eu me levantava para checar o bebê. Talvez a culpa por ter sido um pai ausente estivesse lhe corroendo. Eu achava bem feito, mas não sabia como me sentir sobre sua estranha proximidade. Ele não estava perto do jeito que eu gostaria, é claro, mas estava mais suave e menos implicante, mais atencioso com Luca e isso era melhor que nada.

— Helena eu to falando com você! — tia Lorena pôs um pedaço de pano na minha cara. — O que aconteceu pra você estar pensativa assim? É o Nathan?

Suspirei. Eu queria poder contar a verdade pra ela, mas não podia... Hm, pelo menos não tudo.

— O Nathan chama muito a atenção das mulheres, sabe?

Ela revirou os olhos.

— Claro que sei, bobinha. Mas você tem uma vantagem que as outras não tem.

— Qual? — franzi o cenho.

— É casada com ele, tonta! É pra casa que ele sempre volta. É só você fazer ele não querer sair de lá. — riu sugestivamente. — E é por isso que estamos aqui, mas você não presta atenção em mim! — foi a minha vez de rir de sua indignação.

— Desculpa! Juro que agora vou prestar atenção em tudo.

— Ótimo. Agora me diga, o que acha dessa peça aqui? É um conjunto com cinta liga. Separei outras coisas pra você também, já que você não levantou um segundo para olhar a loja. — revirou os olhos.

Enrubesci ao me imaginar naquilo. A calcinha era meio... pequena. Tinha meias e um sutiã bonito, todos pretos. Eu que nunca tinha ido além de alguns beijos com ninguém ia conseguir seduzir alguém? Parecia piada. O resto das calcinhas também eram pequenas, mas muito bonitas, das mais diversas cores, e haviam vários sutiãs combinando com os tons também. Fiquei encantada.

— É muito bonito, mas não sei se essa coisa aí vai ficar boa em mim.

— Lógico que vai! Ou você quer se deitar com Nathan usando uma camisola de vovó? Nem eu faço isso, e olha que já poderia, viu... — eu ri mais.

— Mas você tem experiência... Eu não.

Ela sentou-se ao meu lado e me encarou preocupada.

— Não foi bom pra você?

— Que?

— Com Nathan, boba.

Senti minhas faces aquecerem e tentei não gaguejar ao mentir.

— Ah... Foi bom sim.

— E então?

— Vamos levar essas coisas aí que você separou. — ela sorriu e saiu comemorando para pagar tudo aquilo.

(...)

Nathan.

Na sexta-feira que antecedeu a chegada do meu primo, fui para casa um pouco mais tarde do que vinha fazendo. Tinha ido me encontrar com Patrícia já que nos vimos apenas uma vez essa semana. Queria matar a saudade, mas tudo que ela fez foi reclamar. Reclamar que eu não lhe dava mais atenção, que não saía com ela nem a presenteava, que pensava em tudo menos nela e que nada daquilo era justo. Eu concordei, mas não podia fazer muito por ela naquele momento, não quando estava prestes a receber visitas.

Abri a porta de casa e suspirei cansado. Quando levantei o olhar, vi que o folgado do Thomas estava de tênis, com os pés jogados na minha mesinha e jogando meu videogame. Aliás, o que ele fazia dessa vez na minha casa com a minha mulher enquanto eu estava fora? Dessa vez eu sabia que meu filho estava com a saúde perfeita, então...

Give me LoveWhere stories live. Discover now