Capítulo 15 - Dèjá Vu

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— Eu te amo! Eu te amo muito! — Sophie repetia incessantemente.

Daniel levou as mãos à cabeça, sentindo novamente aquela velha sensação de perda de noção de tempo e de espaço. Abriu lentamente os olhos e sentiu o rosto de Sophie encaixado em seu pescoço. Soltou instintivamente um espasmo assustado e arregalou os olhos.

— Onde estamos?

— Pelo visto, a violência te leva e o amor te trás, não?

— O que aconteceu?

A garota não conseguia fazer nada além de rir olhando para a cara do namorado.

— Pare de rir! Que diabos aconteceu? Por que estamos no carro?

— Mate a minha curiosidade antes, ok? Onde estávamos? — A ruiva conteve o riso.

— O maldito segurança entrou no escritório! Ele te pegou e me provocou! Eu acabei o matando, assim como ao amigo dele. Quando tentamos sair, Fernando e Geraldo apareceram e eu não resisti... — Gesticulou no ar. — Eu me lembrei de todo o mal que me fizeram e atirei neles.

— E então? — Sophie aguardou o final.

— Eu atirei neles, mas, em seguida, eles... — Daniel olhou e apalpou o próprio corpo.

— Eles o quê?

— Droga! Que merda houve?

— Você realmente não se lembra de nada? Isso é muito mágico para que eu possa acreditar.

— Pare de zombar. O que aconteceu?

— O segurança realmente te provocou... Eu imaginei que você fosse mudar do nada e não queria colocar a sua vida ou a nossa ideia em risco. Eu te dei uma arma sem munição.

— Você o quê?

Sophie tirou a arma de Daniel do coldre, mirou em sua cabeça e apertou o gatilho.

— Bang! — A ruiva brincou no momento em que a arma apenas fez o barulho do mecanismo de disparo.

— Você me deu a droga de uma arma sem munição? Você é idiota?

— Então o segurança me largou e foi em sua direção ao ver que você era corajoso o suficiente para disparar nele comigo ao lado. Nesse momento, eu peguei a minha arma e o atingi na cabeça. Ele deve estar lá até agora.

— E eu fiz o que nesse meio tempo?

— Bem, passei boa parte rindo enquanto você andava pelo prédio com uma arma decarregada, matando inimigos invisíveis e contracenando com Fernando e Geraldo no meio da rua vazia em plena duas horas da manhã. — Sophie deixava escapar algumas risadas deliciosas aos ouvidos de Daniel no meio de algumas palavras.

— Você é uma idiota. Eu não acredito que isso aconteceu e que é tão ridículo assim.

— Eu admito que poderia guardar esse segredo por toda a vida, mas já que estamos esclarecendo as coisas...

— Eu peguei os arquivos?

— Felizmente você teve coordenação motora suficiente para fazer isso tudo com uma mochila nas costas. — Sophie apontou para o banco de trás.

— E agora, o que vamos fazer?

— Você vai ler isso tudo. — Apontou para os arquivos. — E vamos atrás dos medicamentos, vamos fazer justiça, antes que destruam a vida de mais pessoas como fizeram com você.

Daniel concordou com um gesto e um sorriso nos lábios.

— Vamos logo embora daqui, estou cansado e com muita dor de cabeça.

— E eu estou feliz que agora sei exatamente como te levar e te trazer de dentro de si mesmo. Sexualmente dominante, não acha? — provocou ela.

— Você deveria ter uma autorização para isso — retrucou ele.

— E para isso? — Sophie levantou um pouco o vestido verde e se sentou no colo de Daniel. Passou a língua lentamente por todo o contorno de seus lábios e ameaçou beijá-lo, parando no último segundo. — Espera, falta uma coisa.

— O quê? — Daniel a olhou com desconfiança.

A ruiva tirou a pistola do coldre escondido no vestido, apontou para o CAPONE e disparou todas as oito munições da arma. Todos os alarmes começaram a soar e luzes de alerta piscavam rapidamente.

— Você é maluca!

— Sim.

— Vamos embora! A polícia vai vir para cá!

Sophie ignorou.

Déjà Vu: "Um beijo selou os próximos minutos, até as luzes das viaturas policiais se aproximarem".


Dois FragmentosOù les histoires vivent. Découvrez maintenant