— Eu te amo! Eu te amo muito! — Sophie repetia incessantemente.
Daniel levou as mãos à cabeça, sentindo novamente aquela velha sensação de perda de noção de tempo e de espaço. Abriu lentamente os olhos e sentiu o rosto de Sophie encaixado em seu pescoço. Soltou instintivamente um espasmo assustado e arregalou os olhos.
— Onde estamos?
— Pelo visto, a violência te leva e o amor te trás, não?
— O que aconteceu?
A garota não conseguia fazer nada além de rir olhando para a cara do namorado.
— Pare de rir! Que diabos aconteceu? Por que estamos no carro?
— Mate a minha curiosidade antes, ok? Onde estávamos? — A ruiva conteve o riso.
— O maldito segurança entrou no escritório! Ele te pegou e me provocou! Eu acabei o matando, assim como ao amigo dele. Quando tentamos sair, Fernando e Geraldo apareceram e eu não resisti... — Gesticulou no ar. — Eu me lembrei de todo o mal que me fizeram e atirei neles.
— E então? — Sophie aguardou o final.
— Eu atirei neles, mas, em seguida, eles... — Daniel olhou e apalpou o próprio corpo.
— Eles o quê?
— Droga! Que merda houve?
— Você realmente não se lembra de nada? Isso é muito mágico para que eu possa acreditar.
— Pare de zombar. O que aconteceu?
— O segurança realmente te provocou... Eu imaginei que você fosse mudar do nada e não queria colocar a sua vida ou a nossa ideia em risco. Eu te dei uma arma sem munição.
— Você o quê?
Sophie tirou a arma de Daniel do coldre, mirou em sua cabeça e apertou o gatilho.
— Bang! — A ruiva brincou no momento em que a arma apenas fez o barulho do mecanismo de disparo.
— Você me deu a droga de uma arma sem munição? Você é idiota?
— Então o segurança me largou e foi em sua direção ao ver que você era corajoso o suficiente para disparar nele comigo ao lado. Nesse momento, eu peguei a minha arma e o atingi na cabeça. Ele deve estar lá até agora.
— E eu fiz o que nesse meio tempo?
— Bem, passei boa parte rindo enquanto você andava pelo prédio com uma arma decarregada, matando inimigos invisíveis e contracenando com Fernando e Geraldo no meio da rua vazia em plena duas horas da manhã. — Sophie deixava escapar algumas risadas deliciosas aos ouvidos de Daniel no meio de algumas palavras.
— Você é uma idiota. Eu não acredito que isso aconteceu e que é tão ridículo assim.
— Eu admito que poderia guardar esse segredo por toda a vida, mas já que estamos esclarecendo as coisas...
— Eu peguei os arquivos?
— Felizmente você teve coordenação motora suficiente para fazer isso tudo com uma mochila nas costas. — Sophie apontou para o banco de trás.
— E agora, o que vamos fazer?
— Você vai ler isso tudo. — Apontou para os arquivos. — E vamos atrás dos medicamentos, vamos fazer justiça, antes que destruam a vida de mais pessoas como fizeram com você.
Daniel concordou com um gesto e um sorriso nos lábios.
— Vamos logo embora daqui, estou cansado e com muita dor de cabeça.
— E eu estou feliz que agora sei exatamente como te levar e te trazer de dentro de si mesmo. Sexualmente dominante, não acha? — provocou ela.
— Você deveria ter uma autorização para isso — retrucou ele.
— E para isso? — Sophie levantou um pouco o vestido verde e se sentou no colo de Daniel. Passou a língua lentamente por todo o contorno de seus lábios e ameaçou beijá-lo, parando no último segundo. — Espera, falta uma coisa.
— O quê? — Daniel a olhou com desconfiança.
A ruiva tirou a pistola do coldre escondido no vestido, apontou para o CAPONE e disparou todas as oito munições da arma. Todos os alarmes começaram a soar e luzes de alerta piscavam rapidamente.
— Você é maluca!
— Sim.
— Vamos embora! A polícia vai vir para cá!
Sophie ignorou.
Déjà Vu: "Um beijo selou os próximos minutos, até as luzes das viaturas policiais se aproximarem".
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Dois Fragmentos
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