One-shot 18

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A Meryl estava certa. Era preciso ter uma conversa com a minha mãe. Depois de muito pensar a respeito disso e quebrar a minha cabeça, eu decidi que era a melhor coisa a se fazer. O problema era que pra essa conversar acontecer, ela teria que me procurar outra vez e isso não havia acontecido até então, ela deve ter ficado assustada com a minha reação, eu não a culpo, eu também fiquei assustada com a minha reação.

A verdade é que eu fiz do trabalho a minha distração para não pensar mais nisso, se ela me procurasse, ótimo, se ela não me procurasse, não seria a primeira vez. Ok. Parece que a Meryl percebeu que eu precisava de uma distração. Ela me ligou no dia seguinte para saber como eu estava, como o próprio anjo que ela é, mas o que ela falou depois de eu responder que estava bem foi o que me surpreendeu, ela me chamou para uma festa na casa dela, não era nada muito especial, mas os amigos mais próximos e a família dela estariam lá. Só sei que ela me chamou, e apesar de eu saber muito bem que eu não ficaria confortável com a família dela, com o marido dela, eu não consegui dizer que não, então aceitei o convite da rainha.

Então aqui estava eu, em um Uber a caminho da casa da Meryl, eu não fazia ideia de como iria me comportar naquele lugar, mas segurei meu cachecol grená invisível com força e toquei a campainha. O tombo já veio logo quando a porta foi aberta e me deparei com o Don olhando diretamente pra mim.

"Molly, olá." ele disse com aquele sorrisinho dele. "Que bom que veio, entre."

Ai gente, porque esse homem tem que ser assim? Custava ser um pouco cafajeste? 

"Obrigada, Don." falei com uma timidez que me é estranha.

"Não precisa agradecer, a M está logo ali." ele me conduziu para perto dela. "Querida, olhe quem está aqui." ele falou com a Meryl e ela se virou para me olhar.

"Molly, meu bem, você veio!" ela me abraçou e me beijou no rosto. Don se afastou para conversar com alguns amigos

"Eu não sei se fiz certo em aceitar o convite. Você queria mesmo que eu viesse?"

"Que espécie de pergunta é essa? Se te chamei foi porque eu queria que você viesse." ela falou e eu apenas concordei com a cabeça, ela se aproximou um pouco mais. "Eu sei que é desconfortável estar aqui, mas eu prefiro você aqui tentando se divertir do que naquele apartamento sozinha." ela sussurrou.

Eu tive que sorrir, sempre sinto que a Meryl se preocupa comigo de alguma forma. Ela viu a minha cara.

"Sim, Molly, eu me preocupo com você." ela me abraçou novamente. "Então, porque não começamos com um vinho?" ela sorriu e olhou por cima do meu ombro. "Oh, deixa eu te apresentar essa louca." a Meryl disse e eu olhei para trás e lá estava a Tracey Ullman, sabia que ela era uma grande amiga da Meryl mas nunca tinha a conhecido.

"Streep, é assim que você me apresenta?" Tracey fingiu mágoa.

Meryl riu. "Peanut, essa é a Molly." , Meryl tinha doçura na voz ao dizer aquilo, o que me matou mais um pouco.

"Ah, a famosa Molly." Tracey disse e eu pisquei.

"Famosa?" eu pisquei.

"Sim, a M está sempre dizendo "me preocupo com a Molly lá sozinha", "ah, vou chamar a Molly para a festa, quem sabe ela se divirta."" Tracey brincou. "Eu confesso que estou com ciúmes."

Meryl riu. "Há espaço para as duas no meu coração." ela falou, eu olhei para ela e a vi piscando para mim, essa mulher sabe que está me matando, não é possível. "Bom, vou buscar o vinho da Molly."

"Hmmm, ela recebe tratamento especial, é?" Tracey continuou provocando.

Meryl riu outra vez. "Tracey, pare de bobagem." ela disse ao se afastar para buscar o vinho. Ficamos eu e Tracey, eu olhei ao redor e tinha um número considerável de pessoas ali, olhei para Tracey de novo e ela sorriu para mim.

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