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Acordo procurando um corpo ao lado do meu, mas é em vão. Lucas já se levantou.

Me sento na cama lembrando da noite anterior. Não pude dormir de jeito nenhum, sonhos com Vagner voltando para se vingar perturbavam minha mente, então vim deitar com ele e em poucos segundos dormi como se Vagner e Bianca nunca tivessem feito parte da minha vida.

Inacreditável. Esse garoto deve ter alguma técnica para me passar esse tipo de segurança.

- Bom dia, bela adormecida – Ele sorri entrando em seu próprio quarto – Você desfaleceu essa noite, hein?!

Minha visão ainda estava meio embaçada, porém podia ver seu sorriso perfeito e alinhado como o de uma criança que acabara de ganhar o presente que pediu ao Papai Noel.

- Você precisa levantar depressa – Ele diz tentando me puxar de um lugar quentinho da cama.

- Nãooo Ucas – Resmungo o fazendo me soltar.

- Tudo bem, vai perder a surpresa – Se retira do quarto me fazendo correr rápido até ele e abraça-lo por trás.

- Q-que supesa? – Pergunto empolgada fazendo o mais velho gargalhar.

- Vem.

Ele pega minha mão e caminha comigo até os fundos. Eu percebo que o sol já está bem forte, então já deve ser por volta do meio dia.

O que o maior quer ao me levar aos fundos?

Quando percebo o motivo de ser no quintal minha surpresa fico sem reação. Ele solta minha mão e eu noto que caminho sozinha em direção as pequenas rosas cravadas no solo.

Me abaixo querendo sentir o perfume de todas e já nem me importo com manchar ou não minhas roupas. Tudo que posso ver são as flores que eu mais amo agora ali, fazendo parte do meu lar. Sim, ali era o lugar. Um lugar que eu nunca imaginei que pudesse ter, ao lado de um homem que plantou diversas rosas colorindo seu quintal, e ainda fez questão de deixar na frente de todas uma fileira apenas para as brancas. Minhas favoritas.

Depois de sair da minha espécie de transe, corro na direção de Lucas e lhe dou um abraço apertado. Um abraço de verdade. O primeiro real abraço da minha vida. Aquele que significava: "por favor não vá embora".

- Oigada. E-eu... Ami-eii.

Ele sorri e logo entramos novamente, depois de muita relutância já que por mim passaria o dia todo a observar aquelas lindas pétalas. E aquele já era o quarto presente da minha vida, e todos dados por Lucas.

A tarde, saímos os dois a fim de comprarmos coisas para a casa. Quando chegamos, Lucas tira e guarda todos os alimentos das pesadas sacolas e eu vou até o quintal dos fundos para admirar minhas preciosas rosas.

Me deito no gramado úmido analisando uma a uma, detalhe por detalhe, até perceber que uma de minhas preferidas está suja de sangue. Levanto encostando a ponta dos dedos nela enquanto me pergunto da onde vinha aquilo.

Vejo um pequeno bilhete perto dessa rosa com letra cursiva:

Vamos brincar de caça ao tesouro? - M

Alguém aprontou, e algo me diz que eu não vou gostar de descobrir o que é.

- Hey – Me viro assustada para Lucas – Desculpe, não quis assustá-la. Eu vou passar na farmácia, esqueci alguns remédios, tudo bem?

Afirmo com a cabeça antes de vê-lo ir. "Passar", obviamente Lucas não sabe o significado da palavra.

Volto ao bilhete e começo a procurar algo dentre minhas rosas. Qualquer coisa que me leve a Delegada, ou a Nicole, ou até mesmo João, por que não?

Os Corpos de Palmas IWhere stories live. Discover now