A mente humana é fascinante e bastante perigosa quando traumatizada. Esse é o caso de Aline, uma jovem com diversas tragédias do passado pronta para tentar seguir em frente.
Mudando para o município de Palmas, matando seus medos e se livrando de qu...
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Lucas tentou puxar uma conversa comigo a cada minuto que se passava e isso proporcionou uma manhã cansativa para ambos. Sei que ele quer saber do meu passado, e se eu tivesse com alguma intenção em lhe contar, já teria feito. Isso é difícil de entender?
Trim Trim.
Um pequeno sino colocado propositalmente perto do batente da porta mostrava a chegada de alguém. Apertei com mais força o cabo do esfregão quando percebi aquele ser de cabelos platinados ser guiada para dentro da loja.
Tereza. A menina que Tito falou estava agora tateando o balcão em busca de alguma coisa. Ela usava os mesmo trapos de sempre e seu cão aguardava deitado ela terminar.
De repente ela direciona a cabeça exatamente para o fundo da loja, onde eu estou e posso jurar que ela consegue me ver.
— Quem está aí?
Engulo seco. Não é possível, não fiz barulho algum.
— Sei que não é Tito, ele já teria me cumprimentado.
Abaixo o olhar. Sua voz é aguda e ao mesmo tempo firme, causando arrepios a quem escuta. Arrepios bons.
— Se for a menina que anda com o Lucas, sei que pode falar então não perca a chance.
Aquilo chama a minha atenção de uma forma que não posso tirar meus olhos de suas faixas brancas que envolvem sua cabeça.
— Tereza! — A voz de Tito faz com que as duas pulem de susto — Sinto muito. Estava nos fundos conferindo o estoque.
Ela sorri encantadora e direciona seu olhar em mim novamente.
— Aquela é Aline, minha...estagiária. Assumir tudo sozinho estava ficando complicado e Lucas me apresentou a prima dele. A propósito, ela não fala.
Posso jurar que se ela conseguisse me mandar um olhar seria de sarcasmo.
— Oh certo. Me desculpe por insistir que se apresentasse — sorri novamente me assustando — Seremos ótimas amigas.
— Farei sua pequena compra semanal, já sei tudo o que põe na sexta. Aline, acompanhe Tereza e fique com ela até eu terminar aqui.
Certo. Isso faz parte do meu trabalho mesmo?!
A acompanho contra minha vontade a saída e somos seguidas pelo cão.
— Já disse que pode falar. Se quisesse contar para Tito, teria feito ontem quando saiu da delegacia.
Interrompo nosso caminhar.
— N-não sei...faar... Como abe?
Sua expressão fica indecifrável por alguns segundos, até abrir mais um de seus gigantes sorrisos.
—Não consegue falar corretamente. Interessante — Sorri ainda mais — Se precisar eu te ensino, mas não é obrigada. Todos daqui escondem segredos, você esconderia também cedo ou tarde.
