Capítulo 7 - parte I

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-Ele queria uma trouxa para sustenta-lo. Aquele vagabundo é um manso. Foi melhor assim, me livrei de um manso, desgraçado, cafajeste, pilantra.- eu respondi irritada e fui para a cozinha.

-Luna, ele deve ter uma explicação...- minha mãe falou vindo atrás.

-Que explicação mãe? Explicar como?- eu exclamei.

-A mulher pode ter se oferecido Luna. Homem é homem, tem a carne fraca. O Riquelme ama você, eu sei disso. Eu sei que o que ele fez é errado, mas vocês tem que tentar conversar. Eu tenho certeza de que isso foi só um deslize dele.- minha mãe retrucou.

Eu a olhei incrédula. Não era possível que eu estivesse ouvindo aquilo da boca da minha própria mãe. Não sei o que ela tinha na cabeça para defender o Riquelme.

-Mãe, eu não acredito no que eu estou ouvindo. Você está defendendo o Riquelme? Afinal de contas você é mãe dele ou minha?!- eu exclamei.

-Não estou defendendo ninguém Luna, mas eu conheço aquele menino desde que vocês eram apenas criança. Não consigo acreditar que ele tenha fingido para nós esse tempo. Vocês tem que conversar.- ela insistiu.

-Pois ele fingiu; fingiu que me amava, fingiu que se preocupava. O Riquelme nem mesmo gostava de mim, se ele gostasse o mínimo possível, ele nunca teria me feito passar pela humilhação que eu passei ontem. Não vai ter conversa, eu nunca mais quero falar com aquele desgraçado. O Riquelme morreu para mim e eu não quero mais ouvir o nome daquele vagabundo aqui em casa.- eu respondi irritada e sai da cozinha.

-Luna...- minha mãe chamou, mas eu não dei ouvidos.

Passei pela sala, sai pela porta e desci as escadas. Eu precisava ficar sozinha. "Conversar' minha mãe só podia estar delirando. Não era possível que ela gostasse tanto do vagabundo para defende-lo daquele jeito. Era para ela estar tão indignada quanto eu, mas estava ali, querendo me convencer a dar uma chance para o desgraçado se explicar.

Eu desci as escadas do prédio bufando de raiva, sai pelo portão e não consegui evitar: olhei para o prédio da frente. Foi um gesto involuntário, mas o motivo era claro na minha mente: um homem forte, tatuado, de 1,90m, bem dotado, de olhos castanhos paralisantes e que atendia pelo nome de playboy. No fundo da minha mente e no intimo do meu corpo, eu desejava ver o Playboy, mas ele não estava lá. Provavelmente devia estar dormindo uma hora daquelas. Eu tinha certeza de que depois que ele me deixou em casa, voltou para o baile. Deve ter passado a noite toda no meio daquela putaria.

Eu forcei olhar para outro lugar e subi o morro rapidamente. Eu até pensei em ir até a casa da Carol, mas me lembrei que ela agora passava os domingos na casa do Heitor. Eu sei, alguns devem estar se perguntando " Quem é esse tal de Heitor?", pois eu vou explicar. Heitor era um amigo que a Carol havia arranjado na faculdade. Um cara lindo, inteligente, educado por quem minha amiga dizia não sentir nada além de amizade, mas eu sabia que estava louquinha por ele. A Carol podia até tentar esconder as coisas de mim, mas eu a conhecia: ela estava apaixonada pelo Heitor, e depois que eu o conheci em um dos domingos que ele veio busca-la, entendi perfeitamente o motivo. O cara era um perfeito cavaleiro, parecia ter saído de uma historia de princesa, e desde então eu estava fazendo de tudo para fazer a Carol ficar com ele, porque, eu tinha certeza de que ele também sentia alguma coisa pela minha amiga. Ele e a Carol já até tinham ficado uma vez, não tinha passado de um beijo, mas para mim os dois estavam doidos para ficarem junto e fingiam que não era nada. Que cara sairia do outro lado da cidade todo domingo para buscar uma "amiga" para passar o dia na casa dele? Ao invés do homem estar curando a ressaca da gandaia, estar indo passar uma tarde no shopping com alguma mulher, dormindo...sei lá, tinha tanta coisa que um cara bonito, novo e com dinheiro podia fazer no fim de semana, mas ao invés do Heitor estar azarando mulherada, ele ia sem falta buscar a Carol e o Cauã para leva-los para a casa dele. Ao meu ver o cara já estava era apaixonado pela Carol, caído de amores, mas ela insistia em dizer que não era do tipo de mulher que namorava com um homem daqueles e para o meu desgosto agora ela tinha arranjado um almofadinha para ficar.

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