Capítulo 9

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Alexia

Fazem dois dias que não vejo Durval depois do nosso desentendimento no mercado.

Não imaginei vê-lo tão bravo e desestabilizado, mas acredito que cada um de nós temos nossas complicações internas que nos deixam abalados, porém um homem como ele... Bom, um homem como ele eu nunca imaginei.

Ele é tão centrado e temido, como pode esconder embaixo daqueles olhos intensos tanta dor?

É simplesmente impossível não se perder naquele oceano revolto de águas turvas.

Durval ordenou Matheo a trazer as comprar e assim foi feito. Matheo deixou tudo sobre a mesa sem nem mesmo me explicar onde colocaria cada ingrediente e fui obrigada a guardá-la sem nem mesmo saber, porém quando cheguei a louça estava lavada e a casa limpa.

Provavelmente a empregada havia passado rapidamente por ali ou seus homens, não sei.

Como não tinha ninguém para perguntar, arrumei da minha maneira. Organizei tudo e deixei como eu queria, acredito que ele não ficará bravo, mas tenho minhas dúvidas ele é sempre imprevisível.

Esses dias não tenho dormido direito, as palavras de Jennah não saem da minha cabeça. Infelizmente acabei perdendo o seu cartão quando Durval me jogou sobre seus ombros e bateu em minha bunda. Com o susto o cartão deslizou pelos meus dedos e caiu no chão, ignorando os meus protestos ele me levou para o carro contra minha vontade.

Nunca o vi tão descontrolado e machucado, isso me deixa de certa forma triste.

Sei que não deveria ter esses sentimentos, ele é um mafioso, na maioria das vezes é rude, mesquinho e completamente mandão, mas comigo é diferente.

Durval é gentil, amoroso e apesar de ter o poder de me matar com uma única ordem, poupou minha vida e ainda me deu um lugar para morar, me levou ao supermercado e deixou que eu escolhesse tudo o que quisesse, querendo ou não serei eternamente grata a ele, por sua gentileza e proteção.

Lana, com certeza foi uma pessoa importante em sua vida, eu só queria entende-lo, mas sua frieza me pegou desprevenida e eu não o culpo por isso.

Talvez a frieza seja seu sistema de defesa, por ser um homem tão imponente e temido.

A pergunta que ronda minha mente é. Como uma pessoa que já foi policial se tornou o maior mafioso do Reino Unido? Não compreendo, mas sei que Lana tem ações diretas sobre a sua oscilação de humor.

Será que foi morta? Fico me perguntando.

Ele tem os seus motivos e talvez ainda não conseguiu supera-los, devem ser demônios difíceis de se exorcizar.

Preparo uma comida leve para mim já que estava sem fome. Não preparo muito, apenas o necessário para saciar meu apetite que não era muito já que Durval não tem aparecido ultimamente.

Me sinto uma intrusa nesta casa, chegue e compliquei toda a vida de Durval. Ele é um homem solitário e sozinho e ter a minha presença o incomoda, isso é visível.

Talvez eu deva ir embora, pois eu sei que ele jamais me expulsaria. Ele é bom demais para isso, portanto sua frieza e rudez mascara sua bondade.

Só que eu consigo enxerga-la, e muito bem.

Observo meu prato já pronto e remexo nele sem muita fome, mas como mesmo assim. Já passei fome e sei o quão difícil é, então como tudo sem reclamar.

Ao erguer o olhar me pego observando o grande quintal verde que se estende pela janela de vidro ao meu lado. O tempo nublado não me anima para uma exploração no ambiente externo, que dê certo é lindo, mas os vários homens armados não se intimidam com o tempo escuro que se levanta no céu, sem contar que aquelas armas grandes que parecem rifle me deixam receosa e encabulada.

Durval - Spin-Off "Minha Vida" (Degustação)Where stories live. Discover now