Finn: "Hey mamacita!"

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       Eu tinha ficado cerca de uma hora na festa de Gale. Eu tinha bebido pouco, mesmo que minha vontade fosse tomar uma garrafa inteira de uísque. As ruas de Los Angeles eram ainda mais movimentadas de noite e eu não ia me arriscar.
       Agora eram onze horas e eu mal conseguia imaginar como eu contaria a Candace que tinha beijado a Millie. Eu muito provavelmente arruinaria tudo com ambas em uma só noite. Me odiava por aquilo, eu amava as duas e nem mesmo conseguia mostrar um bom caráter.
       Buzinei para que Candace abrisse a garagem. Ela o fez.
       - Como foi a festa? – perguntou ela assim que saí do carro.
       - Foi bem animada. – respondi – Achei que estaria dormindo já.
       - Não. – ela passou os dedos indicadores por dentro da gola de minha blusa – Estava te esperando.
       - Precisamos conversar.
       - Isso pode esperar. – concluiu ela, sem interesse – Nick ligou.
       - O Nick? – franzi o cenho – O que ele queria?
       - Ele deu uma olhada nos seus e-mails, e a Calpurnia acaba de receber uma renovação de afiliados, o que quer dizer que a turnê vai continuar. – o sorriso dela me deixava triste, mais do que a notícia – Vamos para o Uruguai!
       - Uruguai?
       - Sim! – ela estranhou – Não está feliz?
       - Estou. – assenti tirando as mãos dela de meu pescoço – É que eu achei que iríamos ficar mais tempo aqui. Que íamos ter um break.
       - Duas semanas. – concluiu ela – Era esse o combinado, lembra? E agora que já aconteceu o show aqui, vamos continuar.
       - Vamos conversar. – tirei suas mãos da minha gola – Preciso que me ouça.
       Ela assentiu confusa. Segurei sua mão e a levei até a sala.
       - Vitania já foi embora?
       - Faz meia hora. – Candace avisou – Pegou um táxi e foi. Por quê?
       - Não é nada com ela. – balancei a cabeça – É sobre eu e você. E a Millie.
       A expressão dela se fechou imediatamente.
       - O que ela estava fazendo no Garden Angeles? – indagou ela – Disse que não se falavam mais, por que ela iria então?
       - Porque eu a chamei para ir. – respondi, tranquilamente – Voltamos a nos ver essa semana, não do jeito que imagina, por acaso nos encontramos. Eu queria recuperar a amizade dela, ela é importante pra mim.
       - Então, você escondeu de mim que estava se encontrando com a sua paixonite de infância?! – ela estava transtornada – Recuperar a amizade? Você só pode estar brincando comigo, Finn!
       - Estou sendo sincero.
       - Depois de ter escondido a semana toda! – ela riu e começou a soltar risadas nervosas – Como pôde ter feito isso comigo!
       - Eu não terminei. – pedi, tentando manter minha calma, eu não podia perder a cabeça agora.
       - Ah, tem mais?
       - Não era nada até hoje. – disse respirando fundo, era agora ou nunca – Ela teve um problema com o carro e eu a ajudei.
       - O que nada até hoje, quer dizer? – a veia em sua testa estava pulsando – Original, problemas no carro e você resolveu ser o herói? Por favor...
       - Será que você pode me ouvir até o final?
       - Não sei se sou capaz de olhar na sua cara para ouvir.
       - Dei uma carona para ela. – contei – E eu a beijei.
       - O que?! – ela parecia prestes a explodir.
       - Ela estava ali me contando o quanto tinha esperado que eu a escolhesse anos atrás, do quanto ela estava no inferno que eu tinha criado na vida dela. Não vou dizer que a beijei por pena, pois sei que é mentira, eu quis fazer isso.
       Candace imediatamente desferiu um tapa em meu rosto, tão forte que eu podia sentir seus dedos contra a minha bochecha, mesmo quando ela já tinha a recolhido.
       - Eu sabia! – suas bochechas começaram a adquirir uma cor negra por conta do seu rímel – Eu sabia que ela ia chegar e destruir a minha vida. Eu sempre soube, mas eu acreditei em você, quando disse que queria se casar, pra mim, eu tinha sido a escolhida, mas não, você sempre escolhe aquela vadia!
       - Olhe como fala dela! – exigi desconhecendo meu próprio tom – Não pode xingá-la desse jeito. Me chame do que quiser, faça o show que preferir, mas não envolva ela.
       - Agora vai proteger ela?
       - Eu sempre fiz tudo pra proteger ela.
       - Ótimo. – Candace se levantou e passou a mão pelo rosto, o manchando – Mas não tem mais casamento.
       - É isso mesmo o que quer?
       - Não, Finn, não é! – ela me encarou doentiamente – Mas eu cansei de ficar tentando te prender em mim. Quer saber, vá para o inferno você e aquela ladra, não vou mais me meter!
       - Candace. – me levantei, não queria que tudo acabasse assim – Não quero brigar, ok? Só quero que me perdoe. Podemos ter outra chance?
       - Outra chance? – ela riu – Não quero mais nada daqui, Finn Wolfhard. Cansei de perder meu tempo.
       - Então é isso, vai bater com a porta na minha cara?
       - Você se importou de fazer isso comigo por acaso? – ela gritou – Meus dias pra perder você pra ela já estavam contados, eu é que pensei que pudéssemos passar por isso, mas nitidamente não podemos e eu não quero mais.
       - Vá pela manhã, então.
       - Eu irei, porque estou cansada. – afirmou ela – Mas vou preparar minha cama, vou dormir aqui.
       - Não precisa. – neguei – Pode ficar com a minha cama, eu fico com o sofá.
       - Não. – respondeu ela secamente – Pare de tentar ser legal comigo agora. O que você fez não tem perdão, eu te odeio!
       - Candace.
       - Eu te odeio! – gritou ela, jogando a almofada contra meu rosto e passando por mim.
       Ela caminhou até o espelho do corredor e o quebrou com o taco de beisebol que tínhamos. O barulho do estilhaço foi alto.
       - Candace! – reclamei alarmante ao vê-la furiosa.
       - Eu devia acertar essa merda de taco na sua cara, mas é realmente um desperdício de tacada.
       - Larga isso.
       - Por quê? – indagou ela – Tem medo que eu quebre sua casa?
       - Não faria isso.
       - Quer apostar?
       Ela correu para o lado oposto da sala, na cômoda de fotografias e com uma tacada derrubou todos os porta-retratos. Dois deles tinha fotos nossas, os outros 3 eram dos meus pais comigo e com Nick quando mais novos, da banda e uma minha e do Nick.
       - Você está maluca?! – gritei enfim.
       - Considere-se culpado. – ela apoiou o taco na outra mão – Não é nem metade do que esperava fazer. Mais uma coisa, inclusive.
       Ela subiu apressada para o meu quarto. Segui atrás dela tão disparado quanto. Ela já estava no meu quarto quando a alcancei, diante dos meus troféus e os da banda.
       - Ama essas coisas, não é?
       Antes que ela os acertasse, agarrei seu braço e o taco. A prendendo contra meu peito.
       - Acabou, Candace! – gritei a fitando – Acabou.
       - E a culpa é sua! – ela me empurrou para longe.
       - Passo minha gratidão. – joguei o taco no chão - Vai embora agora, você não vai quebrar mais nada.
       - Ótimo! – riu ela – Vou embora mesmo!

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