Millie and Finn: "I think we've a fantastic bond together."

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       PARTE UM: Millie.

       Terminei de colocar as malas no carro e respirei fundo. Era hora de ir, cruzar a cidade e simplesmente voltar para minha rotina de sempre. Assim que fechei a porta, me virei observando Jaeden caminhar em minha direção e parar do meu lado com a mão em meus ombros.
       - Algum problema, linda? – indagou ele.
       - É muito egoísta não querer ir embora?
       - Claro que não. – ele sorriu pra mim – É sempre ruim ir para longe de casa.
       Assenti.
       - Vamos. – olhei para trás, enquanto abria a porta e acenei para meus pais e meus irmãos.
       Tomei meu lugar no assento do carona, era a vez de Jaeden dirigir. Tínhamos nos planejado bem. Eu tinha que entregar os documentos para o amigo de Charlie, portanto eu o faria, enquanto Jaeden buscava Dolly com Noah.
       - Devíamos jantar esta noite. – sugeriu Jaeden – Faz um bom tempo que não saímos.
       - Não sei se estou no clima. – admiti, desanimada – Me perdoe. É que eu estou pensando em Elena e nas milhares de coisas que tenho que fazer esta semana.
       - Tudo bem. – ele aceitou, ainda assim tinha me magoado vê-lo daquela forma – Podemos ir no final de semana ou quando for melhor pra você.
       - Sábado está ótimo pra mim, amor. – o reconfortei com um sorriso forçado, não queria demonstrar que minha vontade real era voltar para a casa dos meus pais.
       Ele assentiu sorrindo e com menos um peso na consciência, recostei na janela e fechei os olhos senti o vento no meu rosto. Estava gelado, mas estava bom para o calor do meu corpo.

**

       Jaeden tinha me deixado em uma das esquinas próximas e pedira para que eu ligasse depois de entregar os documentos para que ele viesse me buscar. Agora, eu estava com o telefone na orelha esperando que ele atendesse.
       - Millie.
       - Já está tudo certo, amor.
       - Ouviu isso, Dolly? – o ouvi – Estamos indo pra casa, yeah!
       - Ok, vai vir ou não? – ri.
       - Onde você está?
       Olhei em volta e paralisei.
       - Millie?
       Bem na minha frente, lá estava um cartaz enorme da Calpurnia. Tão grande que fez com que eu me perguntasse como não tinha visto antes.
       - Millie, você está aí?
       - Estou. – respondi segurando meus olhos chocados e esperançosos diante daquela imagem – Me encontre perto da Plaza Records.
       Desliguei o telefone e respirei fundo. Como assim eles tinham assinado contrato com Gale Moris? Então, era isso? Finn Wolfhard estava menos de alguns passos de distância de mim? Engoli em seco e ouvi o som da guitarra tocando, e sem pensar, entrei.

       PARTE DOIS: Finn.
       //

       Tínhamos voltado cedo de Buenos Aires. Candace e eu tivemos uma manhã agradável depois de tantas tensas e eu me sentia melhor agora. Ela tinha ido para seu ensaio fotográfico, e aqui estava eu agora tocando um pouco e relaxando nos meus minutos de descanso.
       Gale tinha saído para comprar um café para nós, mas já estava demorando mais do que devia, sinal de que parou em algum lugar. Malcolm estava do meu lado me acompanhando, enquanto Ayla estava afinando sua guitarra e Jack jogado no sofá ao lado do nosso. Nick não tinha ido conosco hoje, ele estava trabalhando.
       - Ok, ok. – levantei as mãos e olhei para Malcolm – Vamos testar a minha música nova, podemos?
       - Claro, cara!
       Comecei a tocar e cantar, mesmo que eu não me sentisse completamente seguro com isso, eu precisava de uma opinião.

       Millie.

       Ouvi a voz dele e percebi a porta aberta. Me aproximei quieta até que o vi de costas para a porta, jogado no sofá cantando, enquanto corria os dedos pela guitarra. Nenhum deles havia percebido a minha presença, então me pronunciei.
       - Finn?
       Ele parou de tocar repentinamente e se virou assombrado, quase derrubando o instrumento.
       - Millie!? – ele deu um pulo por cima do sofá e logo estava frente a frente comigo – Como me achou?
    - Por que não me disse que tinha voltado? – perguntei fotografando cada parte de seu rosto em minha mente, eu sentia falta das sardas dele, os cachos bagunçados caindo no rosto...
       - Millie... – ele tocou meu ombro e o sacudiu – Você é mesmo real?
       - Sim, eu estou aqui. – dei um passo pra frente sorrindo e tirei sua mão de meu ombro, a segurando – Viu?
       Ele me puxou para um abraço forte como nunca tinha feito antes, e eu só pude participar daquilo como se fosse apenas mais um dia normal. Foi um abraço tão quente, tão acolhedor. Eu mesma não podia sentir meus dedos, era loucura!
       - Por que não se despediu? – perguntei assim que nos soltamos – Por que não entrou em contato? Por que abandonou a todos nós? Por que me deixou para trás?
       - É difícil de explicar. – ele balançou a cabeça – Mas... Como sabia que eu estava aqui?
       - Vai parecer bem idiota, mas eu acho que eu estava no lugar certo na hora certa.
       - Não parece tão idiota assim. – ele sorriu um sorriso tão iluminado.
       - Quando vocês chegaram? – indaguei ainda nervosa, quase tremendo – Por que não me disse?
      - Adiantaria alguma coisa?
     - Mas é claro que adiantaria! – protestei – Devia ter me falado.
       - É complicado. – ele de repente deu um passo para trás e olhou para baixo – Precisa ir, por favor, não pode ficar.
         - Mas... Está me expulsando?
    - Não, não estou. – ele balançou a cabeça doentiamente e cobriu o rosto com a mão – Por favor, Millie.
       Um homem baixo e gordinho entrou pela porta e parou espantado, tanto quanto Finn.
       - Millie Bobby Brown?! – ele entregou os copos de café em sua mão para Jack que estava ao seu lado e veio em minha direção – Millie Bobby Brown está no meu estúdio, galera! Eu sou seu fã!
       Eu ri e olhei dele para Finn.
       - Esse é Gale. – ele apontou para o homem – Nosso produtor.
       - Você é Gale Moris? – ela o fitou – Ele...
           - Sim. – Finn assentiu.
       Logo, outra pessoa surgiu na porta, mas esta eu conhecia bem. Jaeden.
           - Jae?! – o encarei perplexa.
      - Ai meu Deus! – ele simplesmente pirou – Calpurnia, eu sou... Nossa eu sou um baita fã de vocês. Ayla Tesler-Mabe, Jack Anderson, Malcolm Craig... Finn Wolfhard, caras, vocês arrasam muito!
       Todos eles riram agradecidos, mas meus olhos congelaram ao ver a expressão de decepção de Finn. Porém, ele fingiu um sorriso e autografou a blusa de Jaeden que pulou como uma criança.
       - Isso é demais! – gritou ele, pedindo o autografo dos outros três.
       Finn ainda procurava entender e eu não sabia como ajudar, pois eu não sabia ao certo se ele estava decepcionado comigo ou com sei lá o quê.
       - Eu nunca vou esquecer esse dia, na minha vida! – Jaeden inesperadamente me beijou e quando se afastou, Finn nos fitava com uma expressão diferente, mas ainda era negativa.
       - Finn, este é Jaeden, meu namorado. – apresentei.
       - Eu percebi. – seu tom foi tão estranho que me assustei – Mas agora tenho certeza de que precisam ir.
       - Finn...
       - É sério, Millie. – pediu ele com clareza – Cara, agradecemos muito por ser nosso fã, você parecer ser muito legal, mas o que fazemos aqui é confidencial, então...
       - Não, claro, claro. – ele me puxou pelo ombro – Vamos, amor?
    Engoli em seco e o olhei sobre meu ombro.
  - Quando nos veremos de novo? – perguntei.
       - Eu espero que não tão cedo.
  Assenti mesmo sentindo uma dor inexplicável dentro do meu peito e os olhos doídos por segurar o choro, ainda que Jaeden estivesse com os braços em minha volta, a dor ainda estava lá.
       - Amor, você está bem? – quis saber Jaeden, enquanto saíamos.
       - Estou. – balancei a cabeça tentando afastar tudo – É claro que estou. É só que eu não o via há 10 anos, bem, muita coisa mudou.
       - Não acredito ainda que tenho o autógrafo de todos eles, acredita nisso?!
       Jaeden continuou falando sem parar, mas não dei ouvidos a ele a viagem toda. Nem sequer dei atenção a Dolly que dormia em sua casinha no banco detrás.
       Eu não parava de pensar na expressão de Finn ao me ver e como tinha ficado estranho, e depois que Jaeden entrou, só piorou. Não sabia bem o que estava acontecendo, mas tinha medo de descobrir. Eu queria sumir e ao mesmo tempo não sabia como, mas havia algo em Finn, algo naquele olhar que me fazia voltar 10 anos atrás naquele maldito set onde tudo começou, mas eu queria voltar ao dia específico em que havíamos nos beijado atrás daquele sofá. Aquele beijo de tanto significado que agora não parecia nada. Eu tinha que aceitar que eu tinha sido enxotada para fora da vida de Finn Wolfhard pelo próprio Finn.

       Finn.

       Gale tocou meu ombro. Eu já estava me sentindo um idiota por estar parado ali na porta, mesmo depois da saída de Millie e aquele tal de Jaeden.
       - Filho, você está bem?
     - Estou. – respondi, mas eu sabia que era mentira – Vamos tocar.
       - Não, não vamos. – Gale deu um tapinha em meu ombro – Vamos conversar. Estão dispensados hoje banda.
       - O que? – o encarei sem entender nada.
       - Olha, filho, sabe que eu adoro aquela Candace, não sabe? – ele me olhou nos olhos – É uma boa moça. É bem bonita também.
        - Ainda não entendi.
   - Você vai entender. – ele assentiu entregando meu café, o último que sobrara na bancada – Tome isto.
       - Para onde vamos?
   - Para o meu terraço. – ele bateu o cotovelo em meu braço.       

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