Millie: "I really felt something with Finn."

417 34 2
                                    

       //

       Estava dirigindo no meu ritmo habitual, sem muita pressa. No final de semana já seria Ação de Graças, então queria ajudar meus pais com algumas compras e o dia era hoje.
       Um motorista apressadinho me cortou e continuou acelerando, às vezes parecia que o mundo já tinha perdido sentido. A ética.
       Meu telefone tocou e liguei o viva voz para que não perdesse os olhos da estrada.
       - Acha que a mãe vai preferir uma toalha azul ou vermelha na mesa? - era Charlie.
       - Não pode esperar eu chegar aí? - indaguei - Sabe que não gosto dirigir falando no telefone.
       - Você não está segurando, está?
       Revirei os olhos.
       - Ava está cozinhando, acha que sobrevivemos ao almoço?
       - Não é tão ruim assim.
       - Mas também não é bom. - disse ele - Está indo buscar o Jaeden?
       - Sim, estou. - afirmei - Ele teve um jogo hoje.
       - E você não foi ver ele?
       - Eu tinha que arrumar as coisas pra domingo, Charlie. - respondi - Ele entendeu.
       - Tudo bem, só não demore pra chegar. - falou ele - A mãe precisa da sua ajuda e se for pra comer a comida da Ava, que seja quente.
       - Está certo, chegamos aí em meia hora.
       Desliguei.
       Levou cerca de 10 minutos até eu chegar ao estacionamento do clube. Era ali que Jaeden, meu namorado, estivera em um jogo importante. Ele era um dos novos jogadores escalado para o time dos Lankers.
       A porta da frente se abriu e ele saiu rindo acompanhado por mais dois homens, provavelmente do time. Após bater nas mãos dos dois, ele percebeu que eu estava parada ali e veio em minha direção.
       Ele se inclinou na janela do carro e com um sorriso iluminado meu beijou.
       - Queria que estivesse aqui pra ver a surra que demos nos novatos. - disse ele orgulhoso.
       - Eu prometo que no próximo jogo vou te ver, tudo bem?
       - Promete?
       Congelei por um segundo com a pergunta, aquilo me fez lembrar de... Era só uma sensação estranha.
       - Prometo. - balancei a cabeça nervosa.
       - Você está bem, linda?
       - Estou, só é um dia corrido. - minha risada foi arrastada - Vamos, meus pais estão nos esperando.
       - Vamos, claro. - ele deu a volta e se sentou no banco ao meu lado.
       Liguei o carro e fomos. Levei mais de meia hora pra chegar, portanto, claramente Charlie estava uma fera, ainda assim o puxei para um abraço quando nos recebeu, felizmente chegamos na hora que Ava estava pondo a mesa.
       Abracei meus pais, e depois, minha irmã. Me voltei para Jaeden e o ajudei com suas coisas.
       - Jae, sei que tudo que quer é um banho, então pode subir. - sorri para ele - Sinta-se em casa, como sempre.
       Ele assentiu.
       - Com licença. - pediu ele.
       Me voltei para Ava e minha mãe, as únicas que tinham ficado no cômodo.
       - Quanto tempo de namoro vocês têm? - perguntou Ava.
       - 1 ano e 4 meses. - respondi tirando meu casaco e me sentando em uma das cadeiras da mesa.
       Elas fizeram uma cara de surpresa.
       - Já têm planos para o casamento? - indagou minha mãe.
       - Mãe, por favor! - levei meus dedos à minha têmpora rindo - São só 16 meses, nem falamos disso ainda.
       - Deviam. - falou ela - Jaeden é um bom menino, não se acha bons meninos assim hoje em dia.
       - Parem, ok? - pedi - Jaeden e eu vamos nos casar se sentirmos que estamos prontos pra isso.
       - Tudo bem, Millie. - minha mãe se levantou da cadeira - Mas quero ver esse casamento antes que eu parta desta para uma melhor.
       - Credo, mãe! - reclamei junto com Ava.
       - Venham, me ajudem aqui. - chamou minha mãe - Os pratos não vão se colocar sozinhos nas mesas.

**

       Jaeden e eu tínhamos ficado na sala para assistir "Amor e Outras Drogas" mas ele acabou dormindo, o que eu até entendia já que ele estava cansado pelo jogo, nem o acordei.
       A cabeça dele estava deitada no meu colo, ele parecia tão calmo agora, como se nada pudesse estressá-lo, isso porque ele estava dormindo. Se estivesse acordado estaria falando, falando, falando.
       Suspirei e voltei o olhar para a televisão. No quarto e último intervalo do filme, a propaganda veio. Entre todas no mundo, veio logo uma da Calpurnia.
       O som da música deles tocou e me fez paralisar, até eles de fato aparecerem. Todos eles. Malcolm, Ayla, Jack... e Finn. Meu coração saltou, lá estava ele solando com sua guitarra, e no fim da propaganda, o aviso de que estavam na cidade. Tive que me segurar para não falar um palavrão. Apenas cobri a boca com a minha mão.
       Quando a tela ficou preta e o filme voltou logo depois, eu ainda estava extasiada. Esse era o poder que uma propaganda tinha sobre mim. Quando se tratava dele, eu não tinha controle sobre minhas ações. Muita coisa tinha ficado no meu passado, mas minha afeição por ele não. Jaeden entendia que eu sentisse um carinho grande por ele, afinal, era meu melhor amigo, e foi por anos, até abandonar a carreira, à mim e ir embora.
       Por que ele não tinha me avisado? Por que não disse que estava voltando? Por que não tinha vindo me ver? Não seja estúpida, me adverti mentalmente, ele tem uma vida corrida agora, corrida demais para ter tempo de lembrar da sua existência.
       Afastei aqueles pensamentos e desliguei a TV, não tinha mais nada que pudesse me reorientar agora do que dormir, mesmo que ainda fossem 7 horas da noite.

True DisasterWhere stories live. Discover now