Finn: "Hey mamacita!"

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       Assim que paramos o carro bem na frente da casa de Millie, eu a fitei. Ela não falara muito durante nossa rota um tanto longa, por conta de sua falta de palavras, tive que puxar algumas. Era melhor do que simplesmente deixá-la se despedir e sair.
       - Está tudo bem mesmo? – insisti.
       - Na verdade, não. – negou ela, seus olhos brilharam quando encontraram os meus – Não tem nada bem.
       - Ei. – toquei seu ombro, tentando confortá-la, mas ela tirou minha mão de lá.
       - Não faça isso. – pediu ela com minha mão ainda entre as suas com tanta firmeza, uma firmeza carregada de energia – Você tem que ir pra casa, sua esposa está te esperando.
       Torci minha língua dentro da boca, mas eu sabia que ela, como minha amiga, tinha que saber. Eu certamente a convidaria.
       - Ela não é minha esposa, Millie. – respondi.
       - Não?! – indagou ela um tanto surpresa.
       - Ainda.
       - Vão se casar? – ela imediatamente soltou minha mão.
       Eu tinha que contar.
       - No próximo ano, sim.
       Ela não disse nada até abrir a porta.
       - Eu nem sei o que estou fazendo aqui. – com isso, ela saiu do carro.
       Fiz o mesmo.
       - Millie! – chamei, ela estava parada ali na calçada. Por que não entrara na própria casa? – Achei que ficaria feliz por mim.
       - Como esperava isso de mim? – pela sua voz, eu sabia que ela estava segurando o choro, já tinha a visto fazer isso antes.
       Franzi o cenho.
       - Você ficou feliz quando me viu com o Jaeden? – ela virou-se para mim.
       Engoli em seco. Tinha ficado tão chocado naquele dia que eu mal havia parado para pensar em Jaeden. Eu gostava ou não dele? Ele era fã da minha banda, como eu não gostaria de um fã? Eu não gostava dele com ela, essa era a verdade.
       - Vai embora, Finn. – pediu ela – Foi uma noite incrível, não precisa terminar assim.
       - Não vou te deixar sozinha desse jeito.
       - Você não entende? – ela riu e eu podia ver suas bochechas queimando de raiva – Você me deixa assim!
       Paralisei ao ouvi-la dizer, ela mesma parecia chocada com as próprias palavras.
       - Desde o dia em que nos vimos na gravadora, mal percebeu o que estava fazendo comigo. Ficar perto de você é um inferno! Você fez da minha vida um inferno! Muito antes! Tudo começou 10 anos atrás. – eu podia sentir o peso de cada palavra como um punho fechado contra o meu rosto, espancando-me – Por que você se afastou? Poderia ter me levado junto com você. Por que quis ir pra longe de mim?
       - Você o deixou ir sozinho por mim? – me aproximei dela – Você ficou.
       - E pra quê? – ela jogou as mãos para o alto – Pra encontrar o homem que eu amo noivo de uma loira gostosa de olhos bonitos e pele perfeita!
       Ela tinha mesmo dito que me amava? Indiretamente, mas ela tinha dito! Não fui capaz de falar uma palavra sequer. Eu tinha esperado anos por aquelas palavras e agora não podia corresponder ela do jeito que eu devia... Ou podia?
       - Você devia ir.
       - Já chega!
       Dei os últimos dois passos que nos separavam e trouxe seus lábios diretos aos meus. Segurando seu rosto com minhas mãos cautelosas, eu sentia a ardência de sua pele úmida pelas lágrimas que haviam descido por seu rosto. Aquilo era muito errado, mas eu não podia esperar mais um ano, mais uma semana, mais um dia, um segundo sem fazer isso. Era o que meu coração desejava.
       De repente, eu estava de volta há 10 anos, mais que isso. No momento em que tudo começou, desde o primeiro "oi", até o "seja meu amigo, seja meu parceiro de crime", aquele que estaria do lado dela em altas pegadinhas. E então, o primeiro "você é meu melhor amigo", e o beijo no estúdio.
       Separei nossos lábios sem qualquer pressa e abri os olhos lentamente. A olhei nos olhos e segurei seu rosto para que ela olhasse para os meus.
       - Por que fez isso? – ela vasculhou meus olhos – Não devia ter feito isso.
       - Meu coração está dividido, Millie.
       - Você já fez isso antes. – ela segurou minhas mãos e as tirou de seu rosto – E eu te disse que queria alguém que me amasse. Você nunca amou.
       - Não é verdade.
       - Isso é errado, Finn.
       Tentei beijá-la novamente, mas ela me impediu.
       - Não pode me beijar de novo. – pediu ela me afastando – Você teve 10 anos para fazer a sua vida. Não pode jogar tudo fora agora.
       - Quer que eu vá embora, tudo bem, eu vou. – assenti – Mas eu te amei. Eu vou deixá-la em paz.
       Ela apenas me observou caminhar até o carro e entrar nele. Depois disso, acelerei para a casa de Gale. Se eu demorasse muito, não ia demorar para que chegasse aos ouvidos de Candace que eu estava com Millie. Eu me senti um grande lixo escondendo aquilo dela. Eu tinha a traído, meu Deus, eu tinha traído minha noiva! Ah, onde eu estava com a cabeça?!
       Mesmo assim, a sensação do beijo ainda estava presa nos meus lábios como se Millie ainda estivesse ali. Eu lutava contra isso, mas ela não saía da minha cabeça. Eu certamente estava sendo tudo que eu odiava, porém algo nela despertava o meu melhor lado e eu queria preservá-lo mesmo que isso significasse perder o outro lado. O que estava acontecendo comigo? Eu precisava de uma bebida.

True DisasterOù les histoires vivent. Découvrez maintenant