— Você já dormiu com alguém?

Eu sabia que dormir não era fechar os olhos e relaxar.

— Já. Eu namorei por anos, afinal.

Ele assente e enche a colher de purê.

— Por que a pergunta? — pergunto, a veia jornalística do ensino médio pulsando forte.

— Eu não sei. Surgiu na minha cabeça que não sou seu primeiro em quase nada, e como isso é tranquilizante. Não terei a responsabilidade de abrir as portas do céu ou do inferno, sem trocadilho, pra você, nas coisas mais intimidantes.

— Você será o primeiro que eu amo e me ama de volta.

Ele tem a capacidade de engasgar com purê de batata. Bebe meu suco quase todo, visto que o dele estava terminado.

— É estranho colocar isso dessa forma. Até quatro meses atrás eu nem sabia seu nome do meio.

Reviro os olhos.

— Você vai me comprar outro suco, e eu não te disse meu nome do meio ainda.

— Espere o garçom vir para pedir o suco. Qual é então?

Abaixo a cabeça, envergonhada.

— Eu não quero dizer também.

— Ah, vamos lá. Você já chama "céu", o que pode ser mais anormal que isso? Sem ofensa, seu nome é lindo, só não é comum.

— Constantine.

Ele sorri.

— Seu nome significa "céu constante", uau. É muito bonito.

— Achei que você ia fazer uma piadinha sobre a Constantinopla. — suspiro aliviada.

Ouvi muitas durante a middle-school, porque meus professores só me chamavam pelo segundo nome. Sorte que na high school** os professores eram ocupados demais para querer saber o segundo nome dos alunos e me chamavam de Heaven mesmo.

— Não tem nada a ver com a Constantinopla, por que vou querer te comparar a um lugar extinto?

— Obrigada. E você? Qual é o seu nome do meio?

— Não tenho um. — dá de ombros — Ninguém na minha família tem. É só Bradbury.

Comemos o resto conversando sobre banalidades. Quando saímos do restaurante é que confesso:

— Tenho dois nomes do meio.

— Qual é o outro?

— McKee, porque meu pai não sabia como escrever o sobrenome da minha mãe. É Marques. — digo na forma original — Então ele adaptou como pôde.

— Interessante. É como um certo cara mau que o mundo conheceu... — começa, mas não deixo terminar.

— Não ouse me comparar àquele crápula de bigode.

— É só uma curiosidade. — encolhe os ombros — Achei que você não sabia.

— Williams, eu estava na mesma sala que você quando estudamos a segunda guerra mundial. Perdi a memória, mas foi só sobre você, e já lembrei da maior parte. Por exemplo, lembro de quando você vomitou por ter que tocar naquela representação de ameba que a professora fez.

— Heaven Constantine McKee Paige, — diz em tom de repreensão — você está proibida de me lembrar das aulas de biologia. Terminantemente.

— Engraçado que as aulas de tudo ligado a como um bebê é feito ninguém esquece, fora a parte química do processo, mas as aulas de parasitas ninguém quer lembrar. Às vezes é mais fácil ter um parasita do que um bebê.

Ele ri alto.

— Você quer que eu te diga conseguir qual é preferido pelos alunos?

— Não. E eu não quero nenhum, sou o quê? Uma revolução?

Ele só ri mais.

— Você é Heaven Constanine McKee Paige, e não pode ser melhor do que isso. — sorri.

Ownt.

— Isso foi fofo. Mesmo usando meu nome todo.

— Seu nome soa muito bem.

— Você acha? O Greg dizia...

Ele me interrompe.

— Não cite ele ao conversar comigo. Há uma investigação sobre ele ter incendiado minha casa, lembra? Me faz querer voar até a Califórnia e... eu não sei, machuca-lo tanto que nunca se esquecerá?

— Hm, Will, sobre a investigação... — ele espera pelo pior. Posso ver a decepção nos olhos dele. — O julgamento será em fevereiro, se não for adiantado, o que pode acontecer. Ele ficará livre enquanto isso, porque não provaram que ele representa ameaça para a população.

— É o quê? — ele para de andar, e eu colido contra as costas dele — Como assim não representa ameaça?

— Não sei.

— Ele pode sair do estado, então? — pergunta preocupado.

— Acho que sim. Você acha que ele virá atrás de mim?

— Só se ele for bem louco. Ele com certeza sabe quem eu sou e onde morava, e, sabendo disso, tem noção do ódio que sinto por ele. Para vir mexer com a minha garota, tem que ter uma audácia fora dos limites saudáveis.

— Acontece que não estamos juntos o dia todo, e eu não quero você atrás de mim como um filhotinho de cachorro atrás da mãe.

— Eu não vou te seguir, isso é uma coisa que só um maníaco como ele faria. Se ele aparecer, você tem que ligar pra mim ou pra polícia.

— Já sei disso, Will. Não é comigo que estou preocupada.

— Ele não vai vir atrás de mim, este é o ponto. Ao menos que ele seja completamente pirado, ir atrás de quem quer vê-lo sangrar é loucura. Relaxa, amor.

Um sorriso desponta dos meus lábios.

— Será que você me chamou de amor?

— Chamei. — dá de ombros — Talvez assim você entenda por que o Greg não vai chegar perto de você, se depender de mim. Quem ama cuida.

Passei o resto do dia com um sorriso no rosto.

*Pessoa viciada em estudar.
**Para quem não sabe, middle-school é o ensino fundamental 2 norteamericano, e a high school o ensino médio.

Amor Falso - Série Endzone - Livro 3Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin