Amor Falso - Série Endzone - Livro 3

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Sim, há dois caminhos que você pode seguir,
Mas a longo prazo,
Ainda há tempo para você mudar de direção.
(Stairway To Heaven - Led Zeppelin)

Heaven

O garoto voltou nas duas manhãs seguintes, e na segunda fiquei curiosa sobre ele.

— Você não estuda?

— Sim, mas já terminei o ensino médio. É verão agora. Você também terminou, foi a rainha do baile e tudo mais.

Arregalei os olhos. Eu? Rainha do baile? Ele só pode ser doido.

— Acho mesmo que você me confundiu com outra pessoa, Williams. Eu nunca me inscrevo para nada do tipo.

— Você não, mas as concorrentes sim. Elas fizeram o mesmo com a Brittainy. E eu nunca te confundiria, Heaven. É impossível com esses olhos.

— Você gosta deles?

São da cor dos da mamãe, olhar pra eles me faz saber como era encarar ela. Não que isso seja bom, apesar disso.

— Não. Sim. Eu não sei. A cor é muito real pra mim.

— Ué, talvez seja porquê eu sou real?

— Não é isso, eles me lembram de algo que foi tudo pra mim. Enfim, sim, você foi a rainha do baile. Ganhou flores, a coroa e tudo mais. E passou mal em cima do palco, então meu celular está travando com as mensagens de todos perguntando se você está bem. Seria bom se você melhorasse logo e pudesse sair daqui para respondê-los pessoalmente.

— Você me lembra o Peter quando era criança. Fingia que não gostava de mim para eu manda-lo sair, e assim poder comer os lanches que a minha madrasta trazia sozinho. Você não tem um lanche aí, tem? — perguntei animada.

Comida sem sal pode ser bem enjoativa.

— Não, não tenho. E não, eu não gosto de você. — mentiu.

Eu soube disso porquê ele sorriu um pouco em seguida, como se mostrasse para ele mesmo qual era a verdade.

— Aham. E meu coração é meu melhor amigo.

— São seus olhos, sabe? — suspirou, ignorando minha fala — Você lembra do incêndio, então sabe que perdi minha irmãzinha. Eu amava ver aquelas mini ametistas brilhando pra mim, a vida nos olhos dela era inexplicável. E eu não consigo lembrar qual foi a última vez que tive a oportunidade de ver eles brilhando daquele jeito, e isso dói. Se eu pudesse lembrar desses detalhes, minha dor não seria tão grande.

— O Peter também sente essa falta da mamãe. Ele me chama de Inferno porque causo dor nele com meus olhos. — funguei, porque é difícil gostar deles.

Ser a cor dos da mamãe é a única coisa boa nisso tudo, é uma cor estranha. Eu não sou como minha mãe em tudo. Nunca tem a opção dessa cor nos formulários onde preciso preencher com essa informação. Me chamam de qualquer coisa pejorativa roxa para me diferenciar dos outros.

— Você tá chorando? Caramba Heaven, me desculpa. Eu não queria te machucar ou justificar porquê fiz aquilo por tanto tempo, só queria que você soubesse.

— Eu não lembro de você me machucando, Will, e este é o problema! — gritei — Tudo que eu vi de você aqui é um garoto bom, que se auto-deprecia por causa de uma criança que morreu. Mas aí eu não sei se quando eu sair daqui você vai voltar a achar que não sou boa o suficiente como disse fazer, e me machucar mostrando seu lado ruim. Eu só conheço de você o que vi nesse quarto de hospital, é difícil entender? Você é o único que ficou aí dia e noite, esperando que eu tivesse uma reação, e eu nem sei seu sobrenome!